Esclarecimento sobre o Acordo 2022
02/09/22
O que sabemos sobre o acordo que foi votado no site da Contraf CUT?
Infelizmente a minuta oficial não foi repassada para os sindicatos, portanto, estamos trabalhando com o que foi divulgado nas redes sociais das Entidades.
2022
10% VA e VR
PLR regra básica reajuste Inpc
13% adicional PLR
Índice salário 8%
14ª cesta alimentação esse ano (abono)
2023
Inpc + 0,5% em tudo
Por que esse Acordo é considerado tão ruim?
O reajuste de salário sequer cobre a inflação oficial do período, o que ao longo do ano corrói o salário. Sabemos ainda que o índice oficial já é maquiado normalmente, e este ano sofreu influência da queda do preço dos combustíveis, medida eleitoreira de Bolsonaro que não deve se sustentar após as eleições.
Também é importante dizer que apesar do reajuste nos vales ser superior ao INPC, ainda é menor do que a considerada “inflação de alimentos” que tiveram uma variação muito superior aos 10% oferecidos.
Some-se a isso que ainda não temos consciência das “pegadinhas” impostas pelos patrões. Em anos anteriores, a taxa assistencial ficou acima do que era descontado pelo imposto sindical, perdemos 7ª e 8ª hora, entre outras perdas.
O que é ultratividade e como ela influencia no processo?
Ultratividade era um dispositivo legal que determinava que a validade dos Acordos Coletivos seria estendida enquanto patrões e trabalhadores permanecessem em negociação. Isso dava autonomia aos trabalhadores e respaldo para que suas armas, como a greve, pudessem ser usadas durante todo o processo.
A ultratividade deixou de valer em 2017 quando Temer promulgou a Reforma Trabalhista. (Aqui vale uma lembrança para os potiguares, uma vez que Rogério Marinho que hoje pede seu voto, foi o relator da Reforma que tanto nos prejudicou). Com isso, no dia seguinte após o fim da vigência do Acordo, ou seja, 1º de setembro, os bancários passam a ser regidos somente pela CLT.
Entretanto, já sabemos de categorias que enfrentaram patrões e governos e conseguiram avançar. Os Correios, por exemplo, judicializaram a negociação este ano e arrancaram mais de 10% de reajuste, mesmo 30 dias após o fim da vigência do Acordo. Os riscos existem, mas é importante arriscar para novas conquistas.
O que podemos destacar de muito ruim nos Acordos de BB e Caixa?
No BB o Comando usou como grande problema a redução nos ciclos de GDP para descomissionamento, e conseguiu manter os três ciclos atuais. No entanto, pouco fez contra o banco de horas negativo criado durante a pandemia. Ou seja, o Banco não tinha condições adequadas para oferecer o trabalho remoto aos bancários, negativou sua carga horária, e agora diz que eles ainda terão seis meses para pagar por isso. A criação de mesas de enrolação permanente também não garante qualquer tipo de avanço nas resoluções de problemas.
Na Caixa, a criação da Comissão de Combate ao Assédio Sexual foi forçada pelas circunstâncias, uma vez que os escândalos envolvendo o ex-presidente Pedro Guimarães não puderam ser abafados. Em contrapartida, a 13ª mensalidade no Saúde Caixa, que vai abocanhar boa parte do 13º salário dos empregados, mal foi noticiada.
Por que não fizemos greve?
A pauta foi entregue aos banqueiros no dia 14 de junho. Durante todo esse período a diretoria do SEEB RN visitou agências, divulgou peças nas mídias tradicionais e redes sociais, debateu e esclareceu toda a categoria. No entanto, no restante do Brasil o que vimos foi uma verdadeira apatia das direções sindicais, com a exceção de Maranhão e Bauru que mantêm mobilização semelhante a nossa, os grandes centros como São Paulo e Brasília mal sabiam o que ocorria no famosos hotel de SP onde Comando e banqueiros se reúnem. Os holofotes só chegaram até lá quando, por sugestão da base, organizamos um Ato Público na capital paulista.
Não somos uma base estadual, e apesar de todo o trabalho feito, a greve local poderia trazer grandes prejuízos para os trabalhadores. Ganhar os espaços de poder é necessário, e conversar com os colegas por todo o país e mostrar os problemas é primordial para a conscientização da categoria.
Como mudar a realidade?
Muitas ideias surgiram durante os debates da campanha, e não vamos desistir de ver a categoria fortalecida e as vontades da base respeitadas, por isso, mais uma vez, os Sindicatos da FNOB se colocam como aliados dos bancários para pensar soluções. Além disso, iremos sim questionar judicialmente a legitimidade do formato das assembleias virtuais que estão sendo feitas e tentar encontrar caminhos para minimizar as perdas da categoria.
Só a luta muda a vida!