Dilma corta pela metade verbas da Segurança
17/01/12
O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci)
sofreu, no primeiro ano do governo Dilma Rousseff, o maior corte de
recursos desde a sua criação, no fim de 2007. Dos R$ 2,094 bilhões
autorizados para 2011 só a metade foi paga nos diversos projetos
previstos pelo Ministério da Justiça, contrariando o discurso de
campanha de ampliar a colaboração com estados e municípios nessa área. A
tesourada foi de R$ 1,036 bilhão, impactando as ações Brasil afora.
Nos últimos quatro anos, a execução orçamentária média do programa foi
de 63%. Com os cortes do ano passado, o valor deixado no cofre alcança
R$ 2,3 bilhões. Ações alardeadas nos palanques eleitorais em 2010 não
mereceram nenhum centavo no ano de estreia de Dilma, a exemplo da
construção de postos de polícia comunitária com R$ 350 milhões
previstos. Para a modernização de estabelecimentos penais, foram
prometidos outros R$ 20 milhões, mas nada foi pago. Os dados são do
Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal
(Siafi).
Quase 40% do valor desembolsado no ano passado (R$ 1,058 bilhão) foram
de restos a pagar, ou seja, compromissos firmados em exercícios
anteriores.
O ajuste fiscal do governo Dilma também atingiu uma das principais
políticas do Pronasci, a Bolsa Formação, que paga auxílio a policiais e
outros profissionais de Segurança matriculados em cursos de
qualificação. O governo nunca gastou menos que 86% do autorizado para
esse fim. Em 2011, só 49% da verba prometida foram pagos. Mesmo assim, a
Bolsa Formação ainda responde por mais da metade do valor aplicado no
Pronasci (R$ 572 milhões).
Discursos diferentes para a mesma áreaPara o professor Gláucio Soares, do Instituto de Estudos Sociais e
Políticos da Universidade do Estado do Rio da Janeiro (Uerj), os dados
evidenciam a falta de comprometimento federal com a Segurança Pública.
— A prioridade expressa nos gastos não corresponde à expressa no
discurso e nas pesquisas de opinião, que apontam a Segurança Pública
como área fundamental — afirma o professor.
Ele acrescenta que tem sido mais fácil cortar verbas da Segurança Pública do que, por exemplo, das áreas militares.
Procurado, o Ministério da Justiça informou, em nota, que, considerando o
ajuste fiscal anunciado no início de 2011, o limite orçamentário do
Pronasci era, na prática, de R$ 775 milhões, sendo que, desse total, R$
771 milhões foram executados.