Mesmo depois do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT) ter fechado de forma precipitada um acordo rebaixado com as montadoras no final de semana, metalúrgicos de outras regiões seguem em luta para conquistar reajuste salarial maior.
Após deflagrarem greve no dia 14, os trabalhadores da Honda e da Toyota conquistaram 10% de reajuste salarial. O reajuste equivale à reposição do INPC mais 5,32% de aumento real, de fato, o maior já conquistado em todo o país este ano.
Os metalúrgicos da Renault e da Volvo, no Paraná, após paralisações também arrancaram da patronal, 3% de aumento real e abono de R$ 2 mil, conquista também superior ao acordo fechado pela CUT que foi de apenas 2% de aumento real e abono de R$ 1.500.
Na Volvo, a paralisação durou um dia e foi encerrada nesta quarta-feira. Já a paralisação dos trabalhadores da Renault teve início desde o dia 3 de setembro, totalizando 13 dias parados.
GM de São José retoma greve nesta quarta
Já os metalúrgicos da GM de São José dos Campos retomaram a greve na montadora, após assembleias realizadas na manhã desta quarta-feira. É a terceira paralisação desde o último dia 10.
Os trabalhadores decidiram pela greve após ter terminado em impasse a audiência de conciliação realizada no dia de ontem, no TRT de Campinas. A montadora se recusou a aumentar a proposta de reajuste salarial e, pior, demitiu dois dirigentes sindicais.
Numa medida antidemocrática e antissindical, os dirigentes, Sebastião Francisco Ribeiro e Eliane dos Santos, foram afastados para “apuração de falta grave” no mesmo dia da audiência de conciliação, num total desrespeito e claramente com o objetivo de intimidar os trabalhadores e o Sindicato.
Os trabalhadores exigem o atendimento da reivindicação por aumento real maior e a suspensão das demissões dos diretores. Foi reafirmado ainda um chamado aos funcionários da GM de São Caetano do Sul para que também iniciem paralisações para aumentar a pressão sobre a empresa. Os trabalhadores de São Caetano também rejeitaram a proposta das montadoras na última segunda-feira.
Na audiência de ontem, o desembargador Luiz Antonio Lazarim, vice-presidente do TRT, determinou que a GM se reúna com o Sindicato para que uma proposta seja levada à nova audiência marcada para esta sexta-feira, dia 18, às 14h. A GM ainda não se manifestou sobre uma data para a reunião.
A última proposta apresentada pelo Sinfavea (Sindicato dos Fabricantes de Veículos Automotores) foi de 6,53%, sendo 4,44% de INPC, aumento real de 2% e abono de R$ 1.500.
Os trabalhadores reivindicam 14,65% de reajuste, sendo 8,53% de aumento real, baseado em diferenças com perdas inflacionárias e aumento da produtividade das empresas.
“Os trabalhadores estão impacientes com tanta provocação. Se não houver avanço nas negociações, a paralisação será por tempo indeterminado”, afirma o presidente do Sindicato, Vivaldo Moreira.
Para o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José e dirigente nacional da Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, as lutas dos trabalhadores são um grande exemplo de resistência e dão força à mobilização.
“Apesar do aumento das vendas registrado nos últimos meses e do altíssimo ritmo de trabalho que está sendo imposto, principalmente após as demissões, as montadoras mantêm uma postura intransigente e querem manter os salários arrochados. Lamentavelmente, a CUT traiu os trabalhadores e fechou um acordo muito ruim, atrapalhando todas as categorias”, disse Mancha.
“Felizmente, os trabalhadores, na luta, estão passando por cima dessa traição da CUT e arrancando aumentos superiores. Essas conquistas dão força às mobilizações que estão em andamento e a nossa luta continua”, afirmou.
Unificar as lutas
A greve na Volks de São José dos Pinhais também continua e já completou 14 dias nesta quarta-feira. Outras categorias também estão em Campanha Salarial pelo país. É o caso dos trabalhadores dos Correios, da construção civil, bancários e petroleiros.
Os companheiros dos Correios aprovaram, em assembleia, início de greve em vários locais do país a partir de hoje.
“O momento agora é de unificar as lutas de todos os trabalhadores em campanha salarial. Só assim vamos fortalecer as mobilizações e garantir conquistas”, defendeu Mancha.