Caros colegas bancários,
Temos acompanhado com apreensão fato trágico, envolvendo cliente e gerente do Banco do Nordeste no Ceará, com vítima fatal, conforme amplamente noticiado na imprensa nacional.
O fato expõe uma realidade incompatível com o papel desenvolvimentista do Banco do Nordeste e seu desafio de representar o governo Federal nos rincões mais castigados do Brasil.
O BNB propaga em sua Visão: “ser o banco preferido na região nordeste, reconhecido pela excelência no atendimento e efetividade na promoção do desenvolvimento sustentável”. Desse modo, espera-se que a Governança Corporativa preconizada e perseguida pelo Banco do Nordeste não seja a de lucro a todo custo, de resultado sob qualquer pretexto, sob a máxima de que “os fins justificam os meios”.
A pressão diária sem limites nos bancários para bater metas, dar lucro e competir de forma predatória com outros Bancos (antropofagia) é de uma perversidade sem precedente na história bancária.
Essa é uma visão míope da ganância por resultados, que a atual diretoria do BNB quer aprofundar, incluindo o Banco no mercado de varejo distorcendo sua missão, visão e valores.
Contabilizamos mais fracassos do que vitórias na vida dos trabalhadores do BNB, culminando com o fato mais recente, em que um Gerente de Agência e um empresário, após discussão foram alvejados por projéteis de arma de fogo, vindo um deles a óbito, em circunstâncias e razões ainda não esclarecidas.
É fácil o Banco conceituar princípios e valores; difícil é colocar em prática o contido no seu CÓDIGO DE CONDUTA ÉTICA, como equilíbrio entre os objetivos organizacionais e os objetivos de seus funcionários, elevado padrão de comportamento, processos de seleção externa, interna, avaliação, programas de inserção profissional, benefícios, carreira e gestão, capacitação e desenvolvimento, bem como os processos voltados para a saúde e qualidade de vida de seus empregados.
Para nossa reflexão ficam estes conceitos básicos adotados no código de Ética: Igualdade e respeito à valorização do ser humano, justiça, civilidade, tratamento equânime a todas as pessoas, repúdio a todo modo de discriminação, arrimar a todas as formas de trabalho forçado e compulsório.
No desenrolar das investigações do evento ocorrido no Ceará, na véspera do Dia do Trabalho, esperamos que sejam apuradas responsabilidades em quaisquer esferas (pessoal, funcional, Estado, Governo Federal), nos aspectos de segurança pública e de recursos humanos – nas instâncias competentes, tendo em vista que não se trata de um acontecimento comum.
Nossa luta, enquanto representação sindical, não é a de julgar o fato, em si, mas de nos solidarizarmos com a massa de colegas bancários, que têm trabalhado sob o domínio do medo, decorrente de uma política de arrocho que cria um cenário de incertezas e desequilíbrios de toda ordem, gerando uma massa de profissionais escravizados, doentes, endividados e emparedados na fila para vestir a “camisa de onze varas”[1].
Até quando vamos conviver com isso? Até quando os valores humanos devem continuar sendo colocados em segundo plano?
Iremos acompanhar de muito perto o desenrolar dos fatos, suas implicações e consequências, cobrando medidas para evitar que tal extremo se repita ou que se seja tratado como acidente de percurso.
[1] Vide Pegadinhas da Língua Portuguesa, página 4 do Jornal Luta Bancária número 08, edição de 15/04/2013. Disponível em www.bancariosrn.com.br