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">Pouco mais de um ano após dar início a um processo de esvaziamento de suas atividades industriais em São José dos Campos, no interior paulista, a General Motors (GM) antecipou o fechamento da linha que produzia o sedã Classic no Vale do Paraíba. Um acordo trabalhista celebrado em janeiro para dar sobrevida à fábrica e garantir, até lá, 750 empregos previa a desativação apenas no fim deste ano. Porém, na sexta-feira, a montadora anunciou que a manutenção não era mais viável do ponto de vista financeiro e econômico. "Reconhecemos a existência de um acordo com o sindicato para manter a produção e os empregos até o final deste ano, mas isso não foi possível. Queremos buscar junto com o sindicato a melhor maneira para minorar o impacto dessa decisão", afirmou o diretor de relações institucionais da GM, Luiz Moan, que também preside a Anfavea, entidade das montadoras instaladas no país. Na falta de um acordo de flexilização trabalhista, o setor responsável pela produção de carros de passeio em São José - conhecido como MVA - deixou de participar da renovação de linha feita pela GM nos últimos anos e perdeu investimentos para as fábricas de São Caetano do Sul (SP) e Gravataí (RS). Com a aposentadoria dos modelos Corsa, Zafira e Meriva, a linha passou a produzir, a um ritmo reduzido, apenas o Classic. Diante do excesso de mão de obra que chegou a superar 1,8 mil trabalhadores, a GM realizou em São José uma série de programas de demissões voluntárias e, em março passado, demitiu 598 operários que estavam há oito meses afastados. Logo após ser comunicado pela GM sobre o fechamento da linha, o sindicato dos metalúrgicos de São José considerou "inadmissível" a decisão e disse que vai procurar os governos federal e estadual, além da Justiça, para evitar o fim do setor. "O sindicato já deixou claro para a GM que não aceitará o rompimento do acordo", disse o presidente da entidade, Antonio Ferreira de Barros, mais conhecido como Macapá. Uma assembleia com os trabalhadores da GM está marcada para as 10 horas na próxima quarta-feira para discutir as estratégias de luta contra o fim da produção do Classic. Já na sexta-feira, às 8 horas, está agendada uma nova reunião dos sindicalistas com representantes da montadora. O sindicato contestou o argumento da empresa de que não há viabilidade econômica para a produção do Classic, lembrando que a montadora, amparada por descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), tem aumentado as vendas neste ano. Segundo o sindicato, a fábrica de São José fabricava diariamente 150 veículos do modelo Classic, cuja produção fica agora concentrada em São Caetano e na unidade da GM na Argentina. Neste ano, as vendas do Classic recuam 6,3%, com quase 55 mil unidades emplacadas até julho. Os trabalhadores do MVA estão afastados da fábrica desde 22 de julho, primeiro por férias coletivas e, depois, por licença remunerada. Deveriam retornar no dia 26, mas a montadora prorrogou a licença até o dia 30. Os demais setores do complexo, incluindo a linha da S10 e do Trailblazer, continuam produzindo normalmente.