As mais recentes revelações da abrangência da espionagem dos Estados Unidos provam que já vivemos sob um regime de espionagem endêmica e de totalitarismo disseminado. Em sua obra chamada “1984”, o escritor George Orwell descrevia uma sociedade futura e ditatorial, sob uma aparência democrática, que espionaria a tudo e a todos, e onde não haveria liberdade real nenhuma.
Pois os documentos tornados públicos pelo ex-funcionário da CIA, Edward Snowden, trazem à tona a triste verdade de que isso já acontece! Milhares de gravações, documentos e relatórios escandalizam governantes e trabalhadores ao redor do planeta, pois deixam nítido que o mundo todo é vasculhado, investigado e controlado a partir dos EUA!
As escutas ilegais, que já haviam sido reveladas na interceptação da presidente brasileira Dilma Roussef e do presidente mexicano Peña Nieto, agora foram flagradas no telefone da chanceler alemã Angela Merkel. No caso da Alemanha, Obama já sabe da espionagem há, no mínimo, três anos, incluindo as linhas oficial e pessoal de Merkel, mas nada fez para interromper, e vinha se beneficiando das informações. Além da Alemanha, altos escalões do governo francês e milhões de franceses foram espionados. Na Espanha, nada menos que 60 milhões de pessoas tiveram suas vidas e comunicações vasculhadas pelo imperialismo norteamericano!
A Agência Nacional de Segurança (NSA) possui tentáculos no mundo todo e comanda à distância uma rede enorme de espiões, analistas de dados e programas invasores, que, junto da cooptação de empresas de telecomunicação no mundo todo e de provedores e grandes empresas de internet, se intrometem nos negócios de empresas, decisões de governos e movimentação de pessoas comuns no mundo inteiro.
Toda esta rede de espionagem ilegal, com a ajuda de empresas consideradas multinacionais, mas que são completamente servis ao governo dos Estados Unidos, onde são sediadas, como a Dell, Microsoft, Apple, Google, Facebook, etc., mostra que ninguém está a salvo e que já vivemos num mundo em que o imperialismo se imiscui na vida de todos e onde a privacidade, a soberania e tantos outros direitos individuais já não valem mais nada!
Agora, com o escândalo já irreversível, governos europeus, assim como Dilma e outros mandatários nacionais que sempre estiveram juntos de Obama em suas investidas imperialistas, exigem um novo “marco” da internet no mundo.
No entanto, estes governos são os mesmos que, internamente, aterrorizam suas populações com agências que, como a NSA dos EUA, investigam trabalhadores, infiltram provocadores em atos e agentes em organizações sociais. Nenhum destes governos representa resistência ao que faz o imperialismo norteamericano, sentido-se ofendidos apenas por terem sido eles próprios espionados.
Voltando ao autor George Orwell, ele disse que “todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”. Os trabalhadores não podem confiar em nenhuma saída por intermédio de seus presidentes e muito menos por dentro do capitalismo.
O fim do totalitarismo aberto ou disfarçado, e da ingerência estatal na intimidade e livre organização das pessoas só pode existir numa sociedade de fato livre, em que seja a maioria da população a governar a si mesma, sem rivalidades nacionais e sem interesses estatais e privados de grandes corporações, para quem a liberdade e os direitos dos trabalhadores não significam absolutamente nada!