Vivemos num mundo em que, lamentavelmente, a violência contra as mulheres é uma trágica realidade. Sete em cada dez mulheres no mundo inteiro são vítimas de algum tipo de violência física ou sexual ao longo de suas vidas. Esta é a conclusão do relatório das Nações Unidas (ONU) publicada no início deste ano sobre a violência contra a mulher no planeta. De acordo com a ONU, este tipo de problema social já se configura como uma “pandemia”.
No Brasil a situação não é diferente. A cada dia essa violência só aumenta, são assassinatos, espancamentos, ameaças e agressões verbais. Cada um de nós conheceu ou já tomou conhecimento de uma colega de trabalho, familiar ou amiga que foi vítima de violência sexual ou psicológica.
A Câmara Municipal do Natal tem vivido dias de intenso debate sobre o projeto da Lei do Passe livre, que beneficia estudantes filhos da classe trabalhadora. Esse projeto tem enfrentado a fúria feroz de vereadores aliados do prefeito e da SETURN, atacando principalmente os vereadores da Frente de Esquerda que tem bancado mais ativamente o projeto. Dentre diversos ataques aos vereadores Marcos e Sandro Pimentel (PSOL) e Amanda Gurgel (PSTU), no dia 29 a Câmara Municipal foi também palco da violência machista do vereador Adão Eridan.
Este vereador, que responde processo por corrupção da “Operação Impacto”, ameaçou veladamente a vereadora Amanda Gurgel do PSTU. Este senhor disse em alto e bom tom: “A senhora é muito prepotente e confia demais na lei Maria da Penha, saiba que a lei Maria da Penha também existe pra homem”. “Não se confie demais não, porque senão a senhora pode se arrepender”.
As palavras do vereador Adão Eridan, além de ser uma ameaça, tem o objetivo de intimidar, amedrontar e principalmente calar a Vereadora Amanda Gurgel - PSTU. O MML- Movimento Mulheres em Luta se coloca ao lado de Amanda Gurgel como também condenamos os atos desse senhor, pois se trata de uma agressão e uma ameaça a uma companheira mulher, trabalhadora, lutadora e socialista.
A discriminação de gênero é um grave problema social que atinge o setor que representa nada menos que 50% da classe trabalhadora desse país. Ou seja, não é uma questão apenas das mulheres, mas de todas as organizações de classe.
Nessa sociedade em que vivemos, o machismo funciona para dividir e enfraquecer a classe trabalhadora. O combate a ele, portanto, é tarefa de todos. E como já vimos às conquistas das mulheres, assim como do conjunto dos trabalhadores, só é possível com organização e muita luta independente dos governos e dos patrões, sejam eles quais for.
A falta de investimento público e o orçamento extremamente limitado são, sem dúvida, o principal obstáculo para a implementação da Lei Maria da Penha que, sem recursos para sua aplicação e ampliação, fica só no papel.
Ações como essa ocorrida não agride apenas Amanda Gurgel, mas todas as mulheres que lutam incansavelmente, contra o machismo, que legitima a violência,levando a morte de milhares de mulheres por ano. Machistas, como Adão Eridan não passaram! Ele esta do lado oposto da nossa luta, pois legitima e naturaliza a violência contra a mulher. O Movimento Mulheres em Luta quer a apuração e punição do senhor vereador. Não vamos mais permitir que agressões, ameaças, assédios, ou qualquer outro tipo de violência à mulher fique impune.