“O documentário brasileiro ontem e hoje” é o tema da palestra que o cineasta carioca Silvio Tendler fará na próxima terça-feira (4), às 19 horas, no auditório da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte). A promoção é da Prefeitura do Natal, em parceria com o Instituto Técnico de Estudos Cinematográficos (ITEC-RN), e a entrada é franca.
Silvio Tendler é conhecido como "o cineasta dos vencidos" ou "o cineasta dos sonhos interrompidos", por abordar em seus filmes personalidades como Jango, Juscelino Kubitschek (JK), Carlos Marighella, entre outros. O documentarista já realizou cerca de 40 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens. Em 1981 fundou a Caliban Produções Cinematograficas Ltda, produtora direcionada para biografias históricas de cunho social.
Possui licenciatura em História pela Universidade de Paris VII, mestrado em Cinema e História pela École des Hautes-Études/Sorbonne e especialização em Cinema Documental aplicado às Ciências Sociais no Musée Guimet, também na Sorbonne.
Os filmes de Tendler são resgates da memória brasileira e inspiram seus espectadores à reflexão sobre os rumos do Brasil, da América Latina e do mundo em desenvolvimento. É dono de um jeito peculiar de fazer cinema. Entre a gestação de uma ideia, sua execução e finalização, muitas vezes contam-se décadas. Tem sempre vários projetos e vai tocando todos ao mesmo tempo.
Parte das pesquisas de seus filmes tem origem no volumoso acervo particular de imagens, com mais de dez mil títulos sobre a História do Brasil e do mundo nos últimos 50 anos.
É detentor das três maiores bilheterias de documentários na história do cinema brasileiro: "O Mundo Mágico dos Trapalhões" (um milhão e 800 mil espectadores), "Jango" (um milhão de espectadores) e "Anos JK" (800 mil espectadores).
Seus filmes "Jango" e "Anos JK", apesar de falarem sobre o golpe militar de 1964 e a democracia, foram lançados ainda em plena ditadura militar, em 1984 e 1980 (já o período da Abertura política e após a Anistia Ampla Geral e Irrestrita), respectivamente. A partir de então, continuou produzindo uma série de documentários que conquistaram diversos prêmios de público e crítica, divulgando a cultura e a história brasileira para o resto do mundo.
Recebeu em 2005 o Prêmio Salvador Allende no Festival de Trieste, Itália, pelo conjunto da obra. Em 2008, foi homenageado no X Festival de Cinema Brasileiro em Paris, com uma retrospectiva de seus filmes. Ainda naquele ano, foi condecorado com a Medalha Tiradentes, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, por relevantes serviços prestados à causa pública do Estado.
No ano seguinte, lançou "Utopia e Barbárie", filme que levou 19 anos construindo, filmado em 15 países, e considerado pelo jornalista Mauro Santayanna uma obra-prima. Só em 2011 estreou as produções: "O Veneno Está Na Mesa" (50 min), documentário que alerta sobre os riscos dos agrotóxicos na alimentação, e "Matzeiva Juliano Mer-Khamis" (5 min), uma lápide eletrônica em homenagem ao ator anticonformista e pacifista libertário, que pagou com a vida por sua luta por direitos iguais para palestinos e judeus.
Realizou, ainda, "Tancredo, a Travessia", longa que mostra a trajetória de Tancredo Neves (1910-1985), e compõe trilogia com os já lançados "Jango" e "Anos JK", e "Giap, Memórias Centenárias da Resistência" (17 min), uma homenagem ao centenário do general Vo Nguyan Giap.