A crise econômica segue com toda força no Brasil. Após crescer miseravelmente nos últimos 3 anos, o PIB brasileiro deve ficar praticamente estagnado em 2014. O Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos no país) deve avançar apenas 1,6%, sendo que, no primeiro trimestre do ano, aumentou sofríveis 0,2%.
Paralelamente a um crescimento horroroso, incapaz de fazer crescer investimentos, emprego e salários, dentro da lógica capitalista, a inflação seguirá altíssima, podendo ultrapassar até mesmo o teto da meta da inflação (cujo valor é 4,5%, mas com teto de 6,5%), projetando-se que atinja 6,7%!
Este é o pior cenário possível para a economia de um país: crescimento baixo/estagnação e, ao mesmo tempo, inflação alta. É o pesadelo chamado de “estagflação” e que já assombra o Brasil desde o 1º ano do mandato de Dilma. É uma realidade insuportável para a economia como um todo, que inevitavelmente gera uma crise que é jogada sobre as costas dos trabalhadores, e, à medida que se aprofunda, termina por impactar gravemente também a taxa de lucro da burguesia, que retrai investimentos, demite e afunda a economia na lama ainda mais.
Em 2014, contudo, além da continuação desta situação extremamente crítica, há elementos complementares tão ou mais preocupantes. A balança comercial (saldo entre as exportações e importações), por exemplo, deve fechar este ano com déficit de US$ 2 bilhões. Hoje, o déficit comercial já está em US$ 3,292 bilhões, o que expressa a degradação das vendas ao exterior dos produtos brasileiros, o que até agora vinha “salvando” o Brasil de uma crise maior ainda.
A estimativa de que o déficit recue para US$ 2 bilhões até dezembro se baseia na avaliação de uma queda mais acentuada das importações, causada pelo aumento na produção interna de petróleo. Mas este aumento não será tão significativo e é incapaz de zerar o déficit, que se acumula em todos os outros setores. Ficar com US$ 2 bilhões negativos seria o pior resultado da balança comercial de toda a “era PT” e afundaria o Brasil numa crise sem precedentes recentes.
Como num enorme ciclo vicioso, a crise de ontem afeta o dia de hoje e a crise de hoje afetará o dia de amanhã. Assim, as montadoras já estão dando férias coletivas em massa e também demitindo trabalhadores; as vendas do comércio não cresceram com a Copa e os estoques de fábricas estão acima do normal; tudo isso resultando em menos investimento da burguesia e em menor produção.
O reflexo disso é que o crescimento do PIB em 2015 deve ser mais baixo ainda, devendo girar em torno de 1,2%. Junto dele, a inflação deve disparar ainda mais, com reajustes pesados de tarifas de energia, combustíveis e impostos, que vêm sendo contidos em 2014 por causa das eleições. Ou seja, mais “estagflação” vem por aí, e o túnel escuro segue sem luz nenhuma no seu fundo!
É preciso unificar as lutas que já estão em curso e construir já uma Greve Geral! Não há saídas para a classe trabalhadora nas eleições e a crise capitalista só piorará. É urgente uma resposta contundente, nacional e socialista a esta crise, impondo um programa de emergência, que inclua o não pagamento da dívida pública, a expropriação de bancos, multinacionais e grandes empresas; a reestatização das empresas privatizadas; e investimentos massivos em saúde, educação, moradia e transporte, como forma de que sejam os ricos a pagar pela crise e que se possa garantir condições de vida dignas à maioria da população.