Troika (ou troica) é uma palavra russa, que significa um comitê ou uma entidade ou uma atividade realizada por três membros. Originalmente, em russo, significa um carro ou uma carroça movido por três cavalos alinhados lado a lado; um trenó puxado por três animais. Na política, a mesma palavra (troika) expressa uma aliança de três pessoas para efetivar uma atividade ou missão (recorde-se do triunvirato histórico de Roma). No campo criminológico (que constitui nosso objeto de estudo), um dos possíveis significados consiste na reunião de três entes ou entidades para o fim deliberado de praticar crimes ou gerar danos sociais de grande monta para a população. A troika maligna que forjou e protagoniza os maiores crimes organizados do planeta é composta de (1) agentes financeiros especuladores (estou falando dos atos “especuladores” tão-somente), (2) agentes econômicos extrativistas(estou falando dos atos das empresas e corporações voltados para lucros ilícitos, abusivos e/ou parasitários) e (3) Estados e agentes públicos corruptos (estou falando dos corruptos, de todos os poderes, incluindo-se aí todos os políticos, naturalmente, com as ressalvas necessárias). Em alguns momentos a troika atua diretamente (como, por exemplo, nas fraudes imobiliárias nos EUA, em 2007/2008); em outros são ostensivos alguns dos seus integrantes, ficando outros no campo invisível.
Todos que leram os principais jornais do país no dia 12/6/14 souberam que o ex-diretor de abastecimento da Petrobrás (Paulo Roberto Costa: PRC) foi novamente preso em razão do risco de fuga após a descoberta de que ele tem US$ 23 milhões na Suíça, distribuídos em 12 contas bancárias, abertas em cinco instituições financeiras. Os ativos são movimentados por familiares de PRC (filhas e genros) assim como por um “laranja” do doleiro Alberto Youssef (que tem mais US$ 5 milhões em outra conta). Origem do dinheiro: segunda as autoridades da Suíça e do Brasil, seriam propinas para a adjudicação das obras da refinaria Abreu de Lima (Pernambuco) assim como da compra de uma refinaria pela Petrobrás (Pasadena). PRC é acusado de intermediar contratos fraudulentos entre fornecedores da Petrobrás.
Do ponto de vista criminológico, importa sublinhar, de plano, duas coisas: (a) também no escândalo “Petrobrás” se nota claramente a presença da troika maligna (agentes econômicos, financeiros e públicos, incluindo políticos); (b) por força das estruturas de poder, alguns criminosos do colarinho branco ganham visibilidade midiática (agentes públicos – PRC -, destacando-se nesse grupo os agentes políticos, e membros da criminalidade organizada privada, como é o caso do doleiro), enquanto outros, até onde for possível, ficam seletivamente escondidos. Os nomes das cinco instituições financeiras suíças, que praticaram o delito de lavagem de capitais, não aparecerem nos jornais. Os nomes dos fornecedores da Petrobrás, ou seja, das empresas e corporações que atuam no mercado capitalista atual e que corromperam os políticos e funcionários públicos, não aparecem nos jornais do dia 12/6/14. Por que os nomes das instituições financeiras, das empresas e das corporações, até onde for possível, não são divulgados? Simplesmente porque são poderosos (economicamente, socialmente e politicamente).
Fonte: JusBrasil