Trabalhadores alemães de siderúrgicas decidiram entrar em greve nesta semana, começando com a usina de Dillenburg, da companhia finlandesa Outokumpu, na cidade de Düsseldorf. Conforme o sindicato IG Metall, as greves serão “de alerta”, e buscam aumentar a pressão sobre os patrões, para que façam uma proposta de reajuste dos salários, após duas rodadas de negociação sem proposta alguma. O IG Metall reivindica um aumento salarial de 5% para cerca de 75 mil trabalhadores do noroeste da Alemanha. Eles receberam um aumento salarial de 3% em março de 2013, em um acordo que venceu em 31 de maio.
A crise econômica capitalista, que perdura desde 2008, e que tem seu epicentro na Europa, provocou uma enxurrada de demissões em todos os países do continente, e os salários foram reduzidos drasticamente na maioria dos setores. No que se refere à indústria, e aos metalúrgicos, além da desgraça financeira que se abateu desde 2008, se soma o processo de desindustrialização europeu, com a transferência de plantas inteiras para países com mão de obra bem mais barata e praticamente sem direitos trabalhistas, como a China.
Dentro deste contexto, e considerando que a inflação na Alemanha foi de 1,21% em todo o ano de 2013, ter obtido 3% de reajuste no ano passado é pouco, mas bem melhor do que a realidade de milhões de outros trabalhadores conseguiram, e demonstra a força que os operários têm, podendo gerar um prejuízo bilionário quando decidem paralisar a produção. Uma terceira rodada de conversas salariais começou, entre os representantes patronais e o sindicato IG Metall no Estado alemão da Renânia do Norte-Vestefália, mas ainda não houve nenhuma proposta.
Trabalhadores da usina da ArcelorMittal na cidade de Eisenhuettenstadt e de uma usina da Salzgitter em Halberstadt também devem aderir à greve. Funcionários da ThyssenKrupp em Bochum e Duisburg, igualmente, vão paralisar. O movimento possivelmente vai estabelecer um rodízio de cidades e fábricas em greve, “esquentando os motores” para uma greve geral dos metalúrgicos por tempo indeterminado, caso a negociação não avance.
A Alemanha é a principal economia da Europa, e a 4ª maior do mundo, e, mesmo com a crise destroçando a Europa, nunca chegou a cair numa recessão continuada. Sua base industrial forte e as fortes exportações, que abastecem o continente todo, fizeram com que os piores efeitos da crise, na Europa, recaíssem sobre os países mais periféricos, como Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha (os PIIGS, em inglês). Esta resistência da economia alemã, no entanto, também significa que os trabalhadores deste país têm uma força enorme, pois um dia de paralisação na Alemanha tem um impacto devastador sobre a burguesia da Europa toda. É com esta consciência do seu peso político e econômico que os metalúrgicos alemães devem apostar com toda a força na ação direta, no enfrentamento à burguesia e ao governo de Ângela Merkel, e impedir que os efeitos da crise sigam recaindo sobre as costas da classe trabalhadora.