Há 62 anos o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) surgia com o encargo de combater as desigualdades regionais, intrarregionais e sociais. Não foi concebido simplesmente pelo cálculo econômico, mas, com o suporte político de uma âncora: o espírito de solidariedade do povo nordestino, do povo brasileiro, enfim. Em sua história, criou-se a cultura da sua missão, forjando quadros sonhadores, idealistas, crentes na força da esperança que eclode como uma centelha de energia definindo e redefinindo destinos, alinhando-os aos destinos da instituição e da região onde atua.
Uma cultura capaz de construir uma trincheira, uma barricada heroica e histórica. Isto porque nós temos um sonho: “um Nordeste Melhor”, e somos conscientes das dificuldades de realização deste sonho, nesta sociedade brasileira de complexos interesses e permanentes conflitos de classes, como infelizmente é peculiar no sistema do capital.
Mas, antes de decidirmos efetivamente, sermos funcionários do BNB e ligarmos nosso projeto de vida ao de nossa carreira, perguntamo-nos qual o significado de nossa decisão. A resposta alavanca nossas ações e nos retroalimenta: termos num futuro próximo uma Região próspera, democrática e humana. Portanto, lutamos e pensamos em voz alta: temos que participar do bom combate e edificar o nosso sonho!
Daí, ao realizarmos o nosso trabalho enquanto agentes de desenvolvimento da região, gostando do que fazemos e fazendo o que gostamos, não é difícil conjugar o verbo “performar” sob os fundamentos da boa prática bancária, objetividade, diligência, transparência, ética, e, sobretudo lealdade aos nossos objetivos institucionais. De fato, somos tendentes a seguir líderes que acreditam no que acreditamos, quando somos convocados a enfrentar adversidades e a superar difíceis travessias como a realidade que no momento vivenciamos em nossa instituição de desenvolvimento, o BNB.
O processo histórico tem demonstrado que os trabalhadores do BNB não aceitam ser tachados de “paladinos” da ineficiência e da improdutividade no trabalho. Acreditamos na eficiência econômica, na produtividade, na competitividade, no desenvolvimento ascendente das forças produtivas, mas sob o referencial de uma economia social, humana, cooperativa. A convicção é de que os resultados são fruto da percepção de nossas consciências dos problemas que devem ser enfrentados e é a esperança que nos mobiliza e nunca a insígnia da admoestação, do assédio moral e de ameaças “de cabeças rolarem”. Não queremos que prevaleça o domínio da incerteza e do imponderável.
Por isto, considerando o momento pelo qual está atravessando o BNB, urge na superior Administração, bem como em todas as instâncias de gestão do Banco, pessoas que nos inspirem como líderes, e não como comandantes. Que usem como premissa a motivação e não a ameaça; que fortaleçam os laços e consolidem os vínculos de harmonia, e não prenunciem a desarticulação de equipes inteiras - formadas através dos anos de experiência no trabalho nas diversas unidades operacionais do BNB, principalmente nas agências as quais não tem medido esforços para dar respostas positivas aos chamados do Banco historicamente quanto aos seus direcionamentos.
Não merecemos que se instale a insegurança como tática de gestão. Basta de contradição entre o mérito e o método! Mérito por diretrizes que fortaleçam o BNB, sim, mas com distanciamento de métodos que conduzem à prática do assédio moral. Este tipo de prática já foi fortemente adotada em passado recente e tenebroso no Banco, deixando marcas profundas nos trabalhadores, e que grande prejuízo causou à própria instituição. Não queremos esse fantasma de volta! Quem assim pensa ou nessa perspectiva se comporta, está no tempo e no lugar errados. Defendemos a “conexão” harmônica entre os meios e os fins. Sejamos dignos de nossa missão: queremos um BNB forte, com trabalhadores reconhecidos e respeitados, não sombras humanas.
A Associação dos Funcionários do BNB (AFBNB) faz as presentes considerações em decorrência da recente videoconferência por meio da qual a superior administração do BNB apresentou as diretrizes operacionais do Banco até o final do ano de 2014. Em cuja oportunidade os funcionários foram insultados na sua dignidade. Conforme relatos e denúncias que tem chegado ao conhecimento da Associação, o evento teve repercussão imediata, infelizmente, com trabalho gratuito, cancelamento de férias, além de ameaças de perda de função, entre outros absurdos, em caso de não cumprimento das metas dentro dos prazos estabelecidos.
Neste sentido, a AFBNB, ao tempo em que se solidariza com os funcionários do Banco diante do desnecessário, mas real e lamentável fato, reafirma que esse tipo de prática não cabe na cultura do BNB, nem em instituição alguma, e que por isso mesmo a repudia de forma veemente.
Não é por demais lembrar que já está em tempo de aprenderem com as infelizes marcas do passado, quem já estava e quem chegou agora, afinal, como disse o poeta: “com gente é diferente”!
A AFBNB ao lado dos trabalhadores.
Gestão Autonomia e Luta.
Fonte: AFBNB