Você lembra da reação que teve quando viu o primeiro homem com brincos?

Certamente um olhar atravessado, duvidoso... curioso: será que ele é?

Numa sociedade extremamente eivada de preconcepções aprendidas sem questionamentos de porquês, vamos reproduzindo geração após geração expressões do tipo:

Homem não chora; azul é homem, róseo é mulher; mulher dirige mal; isso é coisa de mulher, isso é coisa de homem... e muitas outras falas que vamos repassando para nossos filhos, e em nada contribuindo para uma sociedade menos preocupada com estereótipos e mais afeita a princípios, valores, caráter...

Estávamos semana passada na casa de parentes, e as mulheres realçando as unhas quando meu filho pequeno (5 anos) pegou um dos esmaltes e queria ajudar a pintar as unhas da mãe... como em qualquer outro ambiente, alguém diz:

- Isso é coisa de mulher!

E ele veio até mim, como que para confirmar aquela máxima.

- Pinte as minhas, eu disse.

E ele: Pode?

- Pode, sim, meu filho! Não tem nada.

Aquele momento não foi planejado. Foi totalmente espontâneo. Depois, no entanto, resolvi deixar e aparecer em público, para ver a reação das pessoas e discutir sobre esse tabu, quando necessário e possível. Após o espanto comum, a maioria das pessoas que me conhece “dá um desconto”, ou pergunta se “suspendi o remédio”... ou seja, reagem com bom humor e naturalidade.

Hoje, num desses encontros casuais, um amigo fez uma cara de espanto, arregalou os olhos e subiu as sobrancelhas:

- Huuuuuummmmm!!!!!

Começamos um diálogo sobre a “situação”, até que eu disse:

- Essa reação e preconceito pode até ser comum para alguém que nunca me viu. Mas, nos conhecemos há 6 anos. Nossa convivência certamente dá para que um e outro tenhamos alguma noção acerca do que o outro representa, o que pensa e o que é. Se seu conceito a meu respeito depende da cor de minhas unhas, ambos desperdiçamos alguns anos de tempo em amizade fútil.

Não faria de propósito, mas estou gostando do pretexto para provocar desequilíbrios cognitivos. É minha contribuição para um mundo menos intolerante.

Talvez eu seja como o primeiro homem que um dia vimos usar brincos.

Espero que no futuro, a cor das unhas importe menos que o caráter da pessoa.

Um abraço,
Sds,

Joserrí de Oliveira Lucena

 

"> Você lembra da reação que teve quando viu o primeiro homem com brincos?

Certamente um olhar atravessado, duvidoso... curioso: será que ele é?

Numa sociedade extremamente eivada de preconcepções aprendidas sem questionamentos de porquês, vamos reproduzindo geração após geração expressões do tipo:

Homem não chora; azul é homem, róseo é mulher; mulher dirige mal; isso é coisa de mulher, isso é coisa de homem... e muitas outras falas que vamos repassando para nossos filhos, e em nada contribuindo para uma sociedade menos preocupada com estereótipos e mais afeita a princípios, valores, caráter...

Estávamos semana passada na casa de parentes, e as mulheres realçando as unhas quando meu filho pequeno (5 anos) pegou um dos esmaltes e queria ajudar a pintar as unhas da mãe... como em qualquer outro ambiente, alguém diz:

- Isso é coisa de mulher!

E ele veio até mim, como que para confirmar aquela máxima.

- Pinte as minhas, eu disse.

E ele: Pode?

- Pode, sim, meu filho! Não tem nada.

Aquele momento não foi planejado. Foi totalmente espontâneo. Depois, no entanto, resolvi deixar e aparecer em público, para ver a reação das pessoas e discutir sobre esse tabu, quando necessário e possível. Após o espanto comum, a maioria das pessoas que me conhece “dá um desconto”, ou pergunta se “suspendi o remédio”... ou seja, reagem com bom humor e naturalidade.

Hoje, num desses encontros casuais, um amigo fez uma cara de espanto, arregalou os olhos e subiu as sobrancelhas:

- Huuuuuummmmm!!!!!

Começamos um diálogo sobre a “situação”, até que eu disse:

- Essa reação e preconceito pode até ser comum para alguém que nunca me viu. Mas, nos conhecemos há 6 anos. Nossa convivência certamente dá para que um e outro tenhamos alguma noção acerca do que o outro representa, o que pensa e o que é. Se seu conceito a meu respeito depende da cor de minhas unhas, ambos desperdiçamos alguns anos de tempo em amizade fútil.

Não faria de propósito, mas estou gostando do pretexto para provocar desequilíbrios cognitivos. É minha contribuição para um mundo menos intolerante.

Talvez eu seja como o primeiro homem que um dia vimos usar brincos.

Espero que no futuro, a cor das unhas importe menos que o caráter da pessoa.

Um abraço,
Sds,

Joserrí de Oliveira Lucena

 

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Notícias

Crônica - Quebrando paradigmas

07/08/14

Você lembra da reação que teve quando viu o primeiro homem com brincos?

Certamente um olhar atravessado, duvidoso... curioso: será que ele é?

Numa sociedade extremamente eivada de preconcepções aprendidas sem questionamentos de porquês, vamos reproduzindo geração após geração expressões do tipo:

Homem não chora; azul é homem, róseo é mulher; mulher dirige mal; isso é coisa de mulher, isso é coisa de homem... e muitas outras falas que vamos repassando para nossos filhos, e em nada contribuindo para uma sociedade menos preocupada com estereótipos e mais afeita a princípios, valores, caráter...

Estávamos semana passada na casa de parentes, e as mulheres realçando as unhas quando meu filho pequeno (5 anos) pegou um dos esmaltes e queria ajudar a pintar as unhas da mãe... como em qualquer outro ambiente, alguém diz:

- Isso é coisa de mulher!

E ele veio até mim, como que para confirmar aquela máxima.

- Pinte as minhas, eu disse.

E ele: Pode?

- Pode, sim, meu filho! Não tem nada.

Aquele momento não foi planejado. Foi totalmente espontâneo. Depois, no entanto, resolvi deixar e aparecer em público, para ver a reação das pessoas e discutir sobre esse tabu, quando necessário e possível. Após o espanto comum, a maioria das pessoas que me conhece “dá um desconto”, ou pergunta se “suspendi o remédio”... ou seja, reagem com bom humor e naturalidade.

Hoje, num desses encontros casuais, um amigo fez uma cara de espanto, arregalou os olhos e subiu as sobrancelhas:

- Huuuuuummmmm!!!!!

Começamos um diálogo sobre a “situação”, até que eu disse:

- Essa reação e preconceito pode até ser comum para alguém que nunca me viu. Mas, nos conhecemos há 6 anos. Nossa convivência certamente dá para que um e outro tenhamos alguma noção acerca do que o outro representa, o que pensa e o que é. Se seu conceito a meu respeito depende da cor de minhas unhas, ambos desperdiçamos alguns anos de tempo em amizade fútil.

Não faria de propósito, mas estou gostando do pretexto para provocar desequilíbrios cognitivos. É minha contribuição para um mundo menos intolerante.

Talvez eu seja como o primeiro homem que um dia vimos usar brincos.

Espero que no futuro, a cor das unhas importe menos que o caráter da pessoa.

Um abraço,
Sds,

Joserrí de Oliveira Lucena