Ano após ano, a reivindicação de isonomia entre os bancários, novos e antigos, é sumariamente ignorada pela Contraf-CUT. Como central governista que é, atrelada completamente ao governo Dilma, culpado pelo fato da isonomia não ser adotada, a Contraf-CUT faz de tudo para este tema ser apenas uma “saudação a bandeira”. Nunca foi tratada de forma séria, com materiais e ações concretas pela exigência de sua aplicação. Nas mesas de negociação, a isonomia é listada entre outras dezenas de itens, sem lhe ser dada nenhuma importância e sendo esquecida na hora em que se assinam os acordos.
Apenas por isso, o III Encontro Nacional de Isonomia daCaixa Econômica Federal, como é chamado o encontro da Contraf-CUT, já seria um fórum completamente de fachada, “para inglês ver”, sem nenhuma possibilidade de servir para realmente organizar os bancários e implementar uma luta consequente. Mas é pior do que isso. O evento, que ocorrerá no dia 30 de agosto, em Brasília (DF), não será aberto, como os dois primeiros simulacros de encontro tinham sido. A Contraf-CUT impôs um funil estadual, com a necessidade de eleição de delegados, em muito pequeno número, já contabilizando, antes mesmo do encontro, uma maioria a seu favor. Não satisfeitos, impuseram os delegados natos, uma excrescência antidemocrática, que acaba com a própria isonomia entre os diferentes setores, ao já começar o encontro com os membros governistas da CEE/Caixa com voto garantido.
Este encontro, portanto, não tem nada de novidade, nem nada a oferecer! Tanto que já é o 3º encontro, quando nada de útil foi deliberado nos 2 primeiros. O 3º encontro, neste ano, será ainda menos democrático, mais controlado pela Contraf-CUT e governista. Toda a lógica dos dirigentes petistas da confederação que organiza o encontro é o de fazer dele mais uma oportunidade para pedir votos no PT e em seus candidatos. Tanto é assim que dois deputados federais, da base do governo Dilma, que é quem impede e ataca a isonomia, serão os convidados de honra para os debates: Daniel Almeida (PCdoB-BA) e Erika Kokay (PT-DF).
A cara de pau da Contraf-CUT é tão grande que eles fazem o encontro, por mera formalidade, mas antes mesmo da atividade, já defendem o governo e menosprezam a importância da isonomia, mentindo que ela já está sendo obtida. Conforme o site da Contraf-CUT: “Na Caixa, as discriminações dos novos empregados começaram a partir de 1998, (...) pelo governo FHC. De 2003 para cá, (...) garantiram conquistas em alguns pontos como as APIPs, o parcelamento do adiantamento de férias, o Saúde Caixa, o Novo Plano da Funcef e a unificação do Plano de Cargos e Salários (PCS). Faltam o ATS e a licença-prêmio.”. Ou seja, para os traidores da Contraf-CUT a isonomia já está praticamente conquistada e faltam só dois pontos! Isso é uma enorme mentira e prova que este encontro é uma farsa e será realizado contra os trabalhadores!
O Novo Plano da Funcef e o novo PCS não são conquista alguma; foram ataques que retiraram direitos! Graças ao PT, que seguiu o modelo do PSDB de cabo a rabo, sem nenhuma mudança significativa, com terceirizações, privatizações, demissões, assédio e arrocho, os novos empregados da Caixa, como principal exemplo, não têm um plano de Previdência que lhes garanta um benefício definido (BD) ao se aposentar. Nem têm uma carreira digna, pois o novo PCS renomeou funções rebaixando salário e retirando direitos! Da mesma forma, as APIPs nunca foram consolidadas pelo PT e somente permanecem sendo renovadas fragilmente ano após ano.
A luta pelo Adicional por Tempo de Serviço, que defendemos que acresça o salário de todos os empregados a cada ano, e pela licença-prêmio para os empregados pós-98, é essencial, mas a elas se soma o direito a um plano BD de Previdência para nos novos, o fim das perseguições aos empregados que seguem no plano Reg/Replan, pois isonomia não é só para os mais novos, e também para os mais antigos, que são discriminados, e por todos os demais itens que fazem dos bancos e da Caixa uma coleção de discriminações, tratamentos diferenciados e divisão entre trabalhadores que deveriam ter os mesmos direitos.
Por conta desta pauta ampla e de sua importância fundamental, que não é tratada de modo sério nem democrático pela Contraf-CUT, a FNOB deve boicotar este encontro fajuto, que em nada ajudará à luta dos bancários pela isonomia de verdade!
Outras categorias, como os trabalhadores dos Correios ou do Banco Central, obtiveram conquistas da isonomia nas suas lutas, em suas greves! É assim, e não por meio de projetos de lei eternamente engavetados, que se poderá arrancar este direito. Os deputados do PT e do PCdoB são inimigos da isonomia, como o são dos bancários, e nem pela iniciativa do governo, nem pelo Congresso nem pela Justiça se poderá conquistar o que foram estas mesmas instituições que nos retiraram ou legitimaram a retirada.
A FNOB chama todos os bancários para realizarmos uma campanha nas ruas e nos piquetes de greve pela isonomia, como parte de uma campanha alternativa sustentada numa pauta alternativa, que exige 35% de reajuste, a reposição das perdas, PLR linear, estabilidade no emprego, fim das metas e do assédio, piso do Dieese, redução da jornada de trabalho e isonomia de verdade!