Senhor Presidente Aldemir Bendine,
Todos os funcionários acompanharam o anúncio, no mês de agosto, e toda repercussão na imprensa, de mais um resultado extraordinário obtido pelo BB. Um lucro acumulado de R$ 4 bilhões no primeiro semestre de 2009, superando os outros grandes bancos do país. Em um cenário de crise econômica mundial, sob o qual grandes bancos americanos e europeus quebraram, o BB obteve um lucro superior ao obtido no mesmo período do ano passado e voltou a ser o maior banco do país em ativos. No entanto, contraditoriamente aos crescentes resultados que o BB vem acumulando ao longo dos últimos anos, o funcionalismo tem acumulado apenas perdas salariais, adoecimento, dívidas e retirada de direitos.
A pressão por metas e o assédio moral, a falta de funcionários e o acúmulo e desvio de função, o baixo salário de ingresso, a dependência das comissões, a ausência de isonomia; tudo isso tem adoecido o funcionalismo e transformado aquela “determinação e orgulho de ser funcionário desta casa” que existia outrora. O Banco certamente tem isso em números, através das pesquisas de satisfação no trabalho, da quantidade de pedidos de demissão e de afastamentos por licença saúde, mas não tem feito esforço algum para mudar essa realidade. Ao contrário, só tem tomado medidas que a aprofundam, como as reestruturações, a redução de quadro, a enganosa lateralidade, a recente trava de 2 anos para transferências e concorrências, a redução de 4% nas despesas de pessoal de todas as unidades vinculadas à Direção Geral.
Estamos em mais uma campanha salarial, em que o Banco senta-se à mesa da Fenaban e recusa-se a negociar as perdas salariais e a elevação do piso com o funcionalismo. As nossas reivindicações específicas ficam para depois da campanha, se arrastando nas negociações permanentes, quando, sem mobilização, nada é decidido. O Banco, inclusive, já anunciou que várias questões não serão discutidas antes do final desta campanha, entre elas assuntos da Mesa Temática de Saúde. Para o funcionalismo hoje, que adoece cada vez mais pelas condições de trabalho e que enfrenta os problemas da CASSI, que têm levado a uma frequente desassistência dos funcionários pela Caixa, a discussão de saúde é fundamental. Por isso, não podemos aceitar que ela fique de fora das negociações durante a campanha. Não podemos aceitar que as discussões relacionadas à saúde do funcionalismo se arrastem por anos em negociações intermináveis, que fiquem restritas a promessas nunca concretizadas ou sejam parte de acordos não cumpridos, como acontece com o Plano Odontológico. Temos acompanhado, em todas as campanhas internas e externas do Banco, uma preocupação permanente em destacar os princípios de responsabilidade socioambiental, mas infelizmente o Banco não tem se pautado pelos mesmos princípios no que diz respeito à relação com seus funcionários.
Recebemos seu agradecimento pelo resultado conquistado com o nosso trabalho, mas reivindicamos que o reconhecimento por parte do Banco não se restrinja a este agradecimento. Queremos que este reconhecimento se reflita nas negociações da campanha salarial e em conquista para o funcionalismo.
Queremos o fim da lateralidade e a volta do pagamento das ubstituições, o fim da trava de 2 anos, o fim do assédio moral e da pressão por metas, a isonomia de direitos, o retorno do anuênio, um PCCS, o comprometimento do Banco com a CASSI, uma PLR de distribuição justa (de 25% do lucro líquido), um calendário de reposição das perdas salariais.
Queremos um BB “líder” no respeito e reconhecimento aos funcionários e não apenas no mercado; um BB que “gere valor” para o funcionalismo, que é quem diariamente constrói e fortalece “essa casa”, e não apenas para os acionistas; um BB que “aja com ousadia” nas negociações, não se pautando pela Fenaban. Queremos que o BB seja o “MELHOR” banco em condições de trabalho, respeito e reconhecimento aos seus funcionários.