Atravessando uma recessão econômica após ter o PIB diminuído nos dois primeiros trimestres de2014, aeconomia brasileira não para de apresentar más notícias. Com a estagnação/recessão econômica e uma inflação em alta (o fenômeno chamado de estagflação) não surpreende que a venda de imóveis no país tenha despencado.
AC aixa Econômica Federal atualizou drasticamente para baixo sua projeção de liberação de empréstimos imobiliários neste ano. O banco agora estima que o montante alcance até R$ 136 bilhões em 2014, patamar igual ao verificado em 2013. Antes, a Caixa estimava que os financiamentos chegariam a R$ 155 bilhões, alta de 14% em relação a 2013, o que já sinalizava um crescimento esperado bem abaixo do que existiu nos últimos anos, em que o crédito crescia a mais de 30% ao ano.
"Se chegarmos a R$ 136 bilhões, já será um excelente desempenho para este ano", disse o diretor executivo de Habitação, Teotônio Rezende. De janeiro a setembro, os financiamentos somaram R$ 95 bilhões. A comemoração do possível resultado de crescimento zero, já que até isso está ameaçado, podendo haver queda, mostra que a “bolha imobiliária” nunca foi uma ilusão, e está bem presente na vida do país.
As vendas de imóveis foram afetadas pelo baixo crescimento econômico, pela queda na confiança de consumidores e empresários diante da indefinição sobre os rumos do Brasil, envolto em mais escândalos de corrupção, aumento da inflação, aumento do desemprego e crise econômicaem geral. Diantedeste cenário, sensatamente, as pessoas se obrigam a refletir mais sobre assumir uma dívida por até 35 anos! Até por que, para quem investia na perspectiva de vender o imóvel financiado em poucos anos, tendo um bom lucro, a queda ou estabilidade nos preços dos imóveis já provou que este passou a ser um péssimo negócio nos dias de hoje.
A crise do financiamento habitacional e o fim da ilusão de um crescimento inesgotável da carteira imobiliária da caixa mostram que até mesmo um dos últimos setores ainda aquecidos da economia brasileira está caindo na realidade. 2014 terminou de enterrar o sonho de um crescimento com melhorias sociais aos brasileiros. A realidade é bem outra, com uma inflação que já ultrapassou o teto da meta, demissões em massa na indústria, saldo negativo de emprego entre os bancários, aumento das dívidas e redução intensa do consumo. O artificialismo se esgotou, e as contas bateram à porta.
O pior de tudo é que 2015 deve ser ainda pior, com tarifaços; cortes de verba do orçamento social e de investimentos; aumento da luz, gasolina, etc. A hora é de reagir e lutar. Porque, do próximo governo, seja ele Dilma ou Aécio, só teremos ainda mais dissabores.