Depois de Dilma tentar vender a Caixa Econômica Federal, uma das poucas empresas que restaram 100% públicas no Brasil, após a onda de privatizações promovidas por FHC, Lula e pela própria Dilma, a presidente teve que recuar, mesmo que provisoriamente, devido à enorme reação dos bancários e inúmeras outras categorias ao que seria um ataque gravíssimo contra a soberania nacional e patrimônio público dos trabalhadores. Mas Dilma, a presidente que tem destruído a economia e os direitos trabalhistas, mudou a tática, mas não a estratégia de desmontar a Caixa.
A nova orientação é de vender a área mais lucrativa do banco, que envolve seguros, previdência, consórcio, capitalização e saúde. É o “filé” do banco, onde o dinheiro entra sem risco nenhum e com valores substanciosos o tempo todo. Dilma quer abrir o capital da Caixa Seguros, empresa que, sozinha, registrou lucro líquido de quase R$ 1,7 bilhão em 2014. Isto é mais de 25% de todo o lucro que a Caixa teve no ano passado.
E é esta área, que representa mais de ¼ de todo o lucro da Caixa, sem risco nenhum, e que utiliza as dependências das agências do banco, sua luz, seus móveis, seus serviços terceirizados (segurança, limpeza, copa, etc.), sua credibilidade e, principalmente, seus próprios negócios (como empréstimos), que Dilma quer entregar de bandeja.
É sabido que boa parte dos seguros feitos na Caixa – como em outros bancos – são “empurrados” como venda casada, junto de empréstimos que os clientes fazem. A pessoa precisa do dinheiro e, em troca, o banco enfia um seguro “goela abaixo”. Pois agora, esta verdadeira “barbada”, de lucrar fácil, com seguros empurrados por funcionários que não são seus, em agências que não são suas, com clientes que tampouco são seus, passará a ser o melhor negócio do mundo para os empresários que arrematarem esta área decisiva e altamente lucrativa da Caixa. E nas áreas de previdência, saúde e consórcio da mesma forma...
Dilma quer acabar com a Caixa! Hoje, a Caixa Seguros é controlada pela francesa CNP Assurances, que detém 50,75% das ações, e pagou US$ 538 milhões pela participação em 2011 num acordo de 20 anos. O que já foi um crime de lesa-pátria por parte de Dilma. Mas não contente em entregar metade da área de seguros ao imperialismo francês, a ideia agora é abrigar sob uma nova Caixa Seguridade, com a estrutura de holding, todas as demais empresas ligadas à Caixa: Caixa Seguros; a Pan Seguros e sua corretora (ambas do ex-Panamericano e que foram adquiridas pela Caixa para salvar o então banco do apresentador de TV, Sílvio Santos); a Par Corretora; A Previsul, especializada em seguro de vida; e a Tempo Dental, com foco em planos odontológicos.
Isso significa que haverá um “braço” privado da caixa com quase metade do tamanho do banco todo, se pensarmos apenas na lucratividade. E o dinheiro que entrar desta venda criminosa não durará mais do que poucos anos. Como escrito acima, o montante que entrar na venda deixará de seguir entrando ao final dos anos, sob a forma do lucro que hoje já existe. Além de dilapidar o patrimônio público, aumentar a pressão por metas sobre os bancários e precarizar a prestação destes serviços, Dilma estará rasgando dinheiro!
E, por conta da quebradeira geral da economia brasileira, que deve encolher mais de 1% em 2015, Dilma e a presidente da Caixa, Miriam Belchior, estão apressando a entrega da área de seguridade. "O próximo passo é contratar o sindicato de bancos e eu não posso falar mais nada a respeito por causa das regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)", disse Miriam, após discursar na abertura do Feirão da Casa Própria, em São Paulo. Ou seja, a decisão já está tomada, o objetivo é concluir tudo ainda neste ano, e quem vai ficar responsável por montar todo a negociata são os próprios banqueiros!
Já há centenas de motivos para enfrentar Dilma nas ruas. A entrega de uma parte tão importante de uma das raras empresas que restaram públicas no Brasil é mais um motivo, e dos grandes. Ou Dilma será derrubada e não terminará seu mandato ou corre-se o risco de ela acabar com tudo que ainda é público no Brasil, e de fazer desaparecerem os direitos trabalhistas que restaram.
É preciso derrubar a privatização da Caixa, seja geral, seja em fatias! É preciso derrubar quem levar isto adiante!