O HSBC acaba de anunciar que cortará 25 mil empregos, aproximadamente 10% de seu quadro mundial. O maior banco da Europa, que foi multado pela manipulação dos mercados de divisas e envolvido em um grande escândalo de evasão fiscal na Suíça, quer reduzir 5 bilhões de dólares (15,5 bilhões de reais) em custos anuais.
Além disso, o plano de demissões prevê a venda das operações no Brasil e na Turquia, o que vai ocasionar mais 25 mil bancários que deixarão de ser funcionários do HSBC. Parte destes empregados pode ser mantida no emprego pelos bancos que vierem a comprar as operações no HSBC nestes países, como parece ser o caso do Bradesco, que deve adquirir as operações no Brasil. Mas a maioria, sem dúvida, também será demitida, como sempre ocorre nas fusões.
As operações do HSBC nos EUA e no México serão mantidas, apesar do rendimento nestes países estar abaixo das metas. Sobre a sede do banco, há boas chances dela ser transferida novamente para Hong Kong, sede original do HSBC. Por trás desta decisão, está o interesse em economizar até 700 milhões de libras (3,34 bilhões de reais) por ano, pagos pelo HSBC em impostos sobre o resultado global dos bancos, no Reino Unido.
A redução total de ativos do banco deverá ser de 25%. Uma queda imensa, que seria reflexo das perdas que o HSBC acumulou nos anos mais intensos da atual crise econômica mundial – a maior de toda a História - e também fruto dos escândalos de corrupção em que o banco se envolveu, com a necessidade de pagar pesadas multas aos órgãos reguladores. Sob o efeito desta crise, o HSBC voltaria mais seus negócios à Ásia, devendo passar de 33% para 40% de toda sua movimentação neste continente.
Dos 25 mil demitidos, até 8.000 serão do fechamento de sucursais no Reino Unido e da redução de empregados na sede do banco, em Londres. Outros 17 mil serão demitidos em todos os locais em que o banco existe. Mas os cortes não param por aí. Também haverá mudança de pessoal a “lugares com custos mais baixos”, conforme foi noticiado. O que significa o rebaixamento ou corte de funções, com o objetivo de reduzir ainda mais a folha salarial, penalizando o conjunto dos bancários.
Esta avalanche de demissões será a segunda grande onda de desemprego no HSBC. Há quatro anos, ainda sob os efeitos iniciais – porém devastadores – da crise econômica mundial, 30 mil empregos já haviam sido eliminados. Estes 30 mil postos de trabalho fechados em 2011, somados aos fechados agora nesta nova enxurrada de demissões (entre 25 mil e 50 mil empregados) faz do HSBC uma das empresas que mais demitiu nos últimos anos, provando que são os trabalhadores os que estão pagando pela crise provocada pela burguesia, dentre ela os banqueiros, como os donos do HSBC.
Por conta desta situação, em que os bancos exploram clientes e bancários até o limite do insuportável, lucrando absurdamente ao longo de décadas, e que fazem estes mesmos clientes e bancários (por meio de aumento dos juros e tarifas, e demissões; respectivamente) pagarem por seus anos de crise, ou mesmo de simples redução de lucros, é preciso atacar a raiz do problema.
Devemos lutar pela manutenção de todos os empregos do HSBC, bem como pela recontratação dos demitidos anteriormente. São os bancários que fizeram o HSBC ter lucro durante sua história, e, portanto, devem ter preservados seus empregos, direitos e salários nos momentos ruins, em que, ainda assim, seguem trabalhando incessantemente. Todavia, mais que lutar contra as medidas pontuais, e duríssimas, de ataques do HSBC, é preciso lutar por sua expropriação, sem indenização.
O HSBC é um dos responsáveis pela crise capitalista atual. Ele, o conjunto do sistema financeiro e a burguesia como um todo, foram os agentes da crise de 2008, quando ficou claro que suas dívidas eram impagáveis e que suas ações – infladas na bolha das Bolsas de Valores – não valiam quase mais nada. Neste momento, para salvar as empresas capitalistas de sua própria crise, os governos do mundo afora despejaram trilhões de dólares para financiar estes bancos e empresas, ou até mesmo compraram parte ou todas as empresas que se pretendia socorrer. Foi a partir deste “socorro”, que não atingiu os trabalhadores, que os países assumiram as dívidas privadas dos burgueses e passaram, eles próprios, à situação equivalente a da falência.
Os trabalhadores não podem permitir que esta enorme transferência de recursos públicos e dos mais pobres aos bancos e multinacionais fique por isso mesmo. Muito menos podem permitir que, depois de tudo isso, estas mesmas empresas e bancos demitam em massa, punindo os trabalhadores que seguiram sendo explorados em todo este tempo, e que já pagaram para salvar estas empresas através do dinheiro que deveria ter isso para a saúde e a educação.
Defendemos a expropriação sem indenização das empresas e bancos que demitam em massa, como faz o HSBC, para que se coloquem seus ativos e lucros a serviço da maioria da população. Para dar direitos trabalhistas, salários e emprego adequado aos bancários e demais trabalhadores; baixar os juros e direcionar o crédito aos que mais precisam; e para compensar e indenizar o orçamento público por todo o rombo que estes capitalistas já causaram.