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RESGATAR UM SINDICALISMO CLASSISTA E DE LUTA, SEM VÍNCULOS COM O GOVERNO E PATRÕES

03/08/15

Sabemos que há uma grande disputa ideológica na sociedade, alimentada pela grande imprensa, buscando desqualificar as entidades dos trabalhadores. Em momentos de crise econômica, como o atual, é fundamental para o governo e grande empresariado tentar conter e criminalizar o movimento. Porém, há denúncias muito graves que precisam ser apuradas. Mas, mais que isto, é preciso gerar reflexões e mudanças radicais de comportamento de setores do movimento sindical.
 
 
A relação entre dirigentes do movimento sindical cutista e os principais empresários do país ficou nítida com a presença de Juvandia Leite e de Sérgio Aparecido Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em jantar organizado por Marcelo Odebrechet a pedido de Lula na campanha de 2012. Neste jantar, organizado na casa de Marcelo Odebrech – como destaca a própria nota do sindicato de bancários -, estavam presentes os principais empresários brasileiros, como os banqueiros Roberto Setubal, do Itaú e Luiz Trabucco, do Bradesco; Jorge Gerdau; Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar; e o vice-presidente do grupo Globo, João Roberto Marinho.
 
 
Como resposta, o Sindicato dos Bancários de São Paulo afirma que discutir conjuntura não pode ser considerado um crime. É verdade. Mas, não podemos naturalizar uma reunião a portas fechadas de sindicalistas com empresários e banqueiros, como se fosse normal uma “discussão de conjuntura” como essa. Como resultado, esta relação gera um sindicalismo cada vez mais domesticado que não tem interesse de defender os trabalhadores, mas tem como centro defender seus privilégios e o governo.
 
O presidente do sindicato dos bancários de 2000 a 2005 e ex-tesoureiro do PT, João Vaccari, está preso acusado pelo Ministério Público (MP) de ser um dos principais operadores do esquema. Segundo acusação do MP, Vaccari organizava o pagamento das propinas, onde seriam pagos e como o dinheiro seria levado pelas principais empreiteiras. Um desses lugares seria a Editora/Gráfica Atitude, dirigida pelo Sindicato de Bancários de São Paulo e pelo Sindicato dos Metalúrgico do ABC.
 
 
Em nota no site do SEEB-SP, (http://www.spbancarios.com.br/Noticias.aspx?id=11953) a editora afirma:
 
 
“1. A Editora Atitude, fundada em 2007, não funciona como gráfica e sim como editora com o objetivo de viabilizar um projeto de comunicação construído em conjunto por entidades sindicais e movimentos sociais para levar à sociedade informação de qualidade e fortalecer a luta dos trabalhadores e sua participação maior em assuntos relacionados ao seu cotidiano.
 
 
2. A Editora Atitude é formada por 40 entidades sindicais que escolheram o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para representa-los. Localizada no centro de São Paulo, sua estrutura é composta por 34 profissionais que integram a equipe (…)”
 
 
As explicações não resolvem algumas questões essenciais. Uma delas é como uma editora que funciona com o objetivo de produzir conteúdo, em apenas cinco anos consegue girar R$ 67 milhões, conforme afirmado no inquérito policial publicado pelo site do jornal do Estado de São Paulo. (http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/wp-content/uploads/sites/41/2015/07/124_ANEXO8-grafica-atitude.pdf).
 
 
Outra questão é o por quê de grupos empresariais contribuírem com um projeto de comunicação que, conforme a nota, pretendia fortalecer a luta dos trabalhadores. Fica a pergunta: Por que, na delação premiada, o Sr. Augusto Mendonça, representante de uma das empresas cartelizadas, a Toyo Setal (Sog óleo e gás), apontou a editora como local indicado por João Vaccari para pagar a propina, conforme denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal?
 
 
Os ataques aos trabalhadores não cessam e vêm de todos os lados, do Governo Federal, Congresso Nacional, banqueiros e empresários. Nossa única saída é construirmos um terceiro campo, que se oponha ao governo de Dilma/PT e também à oposição de direita, que enfrente o ajuste fiscal, a terceirização e que unifique as campanhas salariais.
 
 
A direção da CUT e a Contraf insistem em fazer a denúncia apenas do Ministério da Fazenda. Justamente por isto, estabeleceram como prioridade a organização de uma manifestação no dia 28 de julho, em frente ao Ministério da Fazenda, em Brasília. Com certeza é de conhecimento da direção da CUT que os cortes orçamentários, decretos e projetos de ajuste fiscal são gestados pelo governo de conjunto, e aprovados pela maioria dos parlamentares não só do PMDB e PSDB, mas também pelos do PT e PCdoB.
 
 
Defender a democracia é defender o direito dos trabalhadores contra todos os que nos atacam. 
Basta de Dilma e deste Congresso corrupto!  
Vamos , de fato, construir a greve geral e uma real alternativa dos trabalhadores, independente de patrões e do governo. 


Juliana Donato - Representante dos Funcionários no Conselho de Administração do Banco do Brasil.