Diretor Néri, por favor, menos ofensa à nossa inteligência!
E mais respeito, porque nós merecemos!
Hoje recebemos o primeiro Boletim Pessoal, enviado por Carlos Neri, a propósito de nossa negociação coletiva. Antes de mais nada, é bom lembrar que este Boletim Pessoal foi considerado como um instrumento de assédio moral coletivo em uma ação em que o BB foi condenado por práticas anti-sindicais pela Justiça do Trabalho em Curitiba. Seria cômico, se não fosse trágico, o fato do Boletim reivindicar em suas linhas o combate ao assédio moral como prática do BB, quando este próprio boletim é utilizado para praticar o assédio de forma INSTITUCIONAL e COLETIVA. Creio que isso, por si só, já descredencia tal instrumento.
Ainda assim, nos daremos ao trabalho de fazer alguns comentários sobre o conteúdo do boletim. É totalmente descabida a comparação com os bancos privados. Sabemos que o BB cada vez mais age como um banco privado. Talvez isso tenha confundido o diretor. Mas vamos lembrá-lo que o BB é uma empresa de economia mista, cujo principal controlador é a União. O BB não demite, como diz o Boletim, mas não é porque não queira fazê-lo, e sim porque não pode. A justiça proíbe. Ao invés disso, diminui seus custos com pessoal fazendo terceirizações e reestruturações com redução salarial e mudanças forçadas nos locais de trabalho.
Alguém se convence quando o diretor cita os prêmios recebidos pelo BB? Cada funcionário sente no seu bolso e nas suas condições de trabalho que trabalhar no BB tem sido cada vez mais difícil e que temos sido cada vez mais desrespeitados. Não sabemos como foi que o BB conseguiu estes prêmios, mas isso não deve nos importar, já que vivemos a realidade, nua e crua, e nela, quem mereceria o prêmio – nós, os funcionários – somos atacados em nossos direitos, e não premiados.
E, apesar desta realidade, o tom do boletim é o seguinte: “temos sido muito bons com os funcionários nos últimos anos, mas este ano não vai dar porque o país está em crise”. Já sabemos que a primeira afirmação não condiz com a realidade, mas esta não é a única mentira: se é verdade que o país passa por uma crise, estamos vendo também que os lucros do sistema financeiro continuam crescendo, inclusive os do BB. Então, que não nos venham com essa desculpa esfarrapada. O Boletim Pessoal, como sempre, é uma ofensa à nossa inteligência!
No entanto, temos que entender o recado que ele nos dá: o BB não está disposto a dar sequer as migalhas que tem dado nos últimos anos. Por isso, precisamos de uma campanha salarial mais forte, com mais mobilização e participação dos bancários. Os sindicatos precisam convocar imediatamente assembleias para preparar a nossa mobilização. Afinal, assembleia não é só pra votar quando entramos e quando saímos da greve. E nós precisamos participar, tomar esta campanha em nossas mãos. Merecemos mais respeito e vamos cobrar lutando!