Desde o início da greve, os bancários destacam o crescimento dos lucros dos bancos em detrimento ao percentual oferecido aos trabalhadores. Os bancos alegam crise econômica, mas não conseguem justificar a origem de tanto lucro. É claro que a alta dos juros e o aumento de tarifas são as principais, mas é preciso destacar outros dois pontos: o corte de postos de trabalho e o achatamento salarial.
Segundo estudo divulgado pelo DIEESE de janeiro a agosto de 2015 foram fechados 6.003 postos de trabalho no setor financeiro. O saldo negativo do período resultou de 23.807 admissões contra 29.810 desligamentos. De acordo com a análise por Setor de Atividade Econômica (CNAE) os cortes de empregos estão concentrados nos Bancos Múltiplos com Carteira Comercial, categoria que engloba grandes instituições como Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, HSBC e Caixa que, sozinha, respondeu pelo corte de 2.261 postos de trabalho em oito meses. Já os outros bancos, juntos, foram responsáveis por 3.793 demissões no mesmo período.
O fato de os desligamentos a pedido superarem a dispensa sem justa causa deve-se, especialmente, à adesão de bancários aos planos de aposentadoria da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. O impacto dos planos de aposentadoria dos bancos públicos no saldo negativo de empregos verificado no setor bancário, no período, também pode ser constatado na informação sobre a faixa etária que concentrou a maioria dos desligamentos, entre 50 a 64 anos.
Para o diretor do SEEB RN, Gilberto Monteiro, a combinação do aumento das tarifas, alta dos juros com o achatamento salarial da categoria vem gerando essa lucratividade exorbitante. “De 2013 pra cá as tarifas aumentaram 169%, some-se a isso esses fechamento de postos e o nosso achatamento salarial, a gente percebe qual a origem desse lucro”, avaliou.