A SECA NO SERTÃO
Quando a seca desaba sobre os anchos
descampados do chão de minha terra,
implorando alimento a ovelha berra
e a poeira invade a solidão dos ranchos.
O cacimbão, coberto de garranchos,
esconde o fundo enxuto que se aterra,
enquanto os jegues, dando adeus à serra,
morrem de sede, magros como ganchos.
Cheia de trapos, a criança esquálida
suga os seios vazios da mãe pálida
que se fina de fome e de injustiça,
e, junto à velha vaca escaveirada,
sinistros urubus, em revoada,
vêm farejar a próxima carniça!
(Soneto extraído do livro Pelas Trilhas do meu chão) poema de José Lucas de Barros.