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LER DORT continua fazendo vítimas entre bancários

20/11/17

Depois de uma carreira de 30 anos como bancário da CEF, Gilvan Bezerra dos Santos resolveu estudar fisioterapia e ao final do curso optou por uma pesquisa que relacionasse suas duas áreas de atuação: Lesões por Esforços Repetitivos nos bancários de Natal RN.
Ele traçou um perfil do bancário que mais é acometido por este mal: mulheres, em média 35 anos, caixas executivos, com os ombros lesionados. O Banco com maior número de Comunicados de Acidente de Trabalho foi o Itaú, seguido de perto por Santander e Bradesco.
Gilvan explica que a pesquisa não traça um perfil preciso da situação, mas que já retrata algo bem preocupante. Isso porque levou em consideração duas variáveis: o estudo foi feito em cima das CATs e não com pesquisa direta, os bancos públicos estão mais propensos a fazer suas próprias CATs, por isso um número bem maior de comunicados. ‘‘Nos bancos privados os bancários têm mais medo e escondem a situação, o que pode agravar ainda mais a lesão’’, explicou.
O bancário detalha que a situação tende a piorar, pois os bancos têm relaxado na prevenção. Não há mais estímulo à ginástica laboral ou programas de saúde para que os funcionários não sejam acometidos pelo problema. 
Os caixas executivos são as principais vítimas sobretudo pelo formato do trabalho e o descuido com a ergonometria. ‘‘A sobrecarga de trabalho é grande, as metas cada vez mais absurdas e para competir com os programas de computador que os monitoram, ninguém quer parar para fazer seu alongamento’’, falou.
Em muitos casos, costuma-se dizer que a doença que mais tem acometido os bancários são as psicológicas, como a ansiedade, depressão e síndrome do pânico. O que Gilvan destacou é que, em pelo menos 50% dos Comunicados, essas doenças estão interligadas às lesões ortomusculares. As áreas acometidas são principalmente punhos e cotovelos, devido à digitação. O fato de trabalharem sentados sobrecarrega os membros superiores. ‘‘Os números ainda são preocupantes, uma coisa (doenças psicológicas) acarreta a outra (LER DORT), uma situação que identifiquei bastante, na maioria das vezes em que encontrava o fator psicológico, na ficha,  a LER vinha logo em seguida’’, explicou.
Gilvan concluiu que os bancários continuam sendo, ao lado dos profissionais de telemarketing e casas lotéricas, a categoria com maior problema de LER DORT.
A entrega do trabalho deverá ocorrer em 5 de dezembro na Faculdade Maurício de Nassau, onde ele está terminando o curso de bacharelado em fisioterapia.
‘‘Apesar de saber que não é um retrato fiel, mas é bem representativo, a gente sabe que a situação é bem pior do que isso, então é preocupante’’, analisa. ‘‘O pior é que com a atual conjuntura da Reforma Trabalhista, isso tende a piorar’’, finalizou.