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A política do medo e a sobrevivência da Cassi

03/05/18

A redução do poder de compra dos salários dos bancários, a redução do quadro funcional e a informatização dos processos vieram para aumentar a lucratividade do Banco. O direito à saúde complementar é um direito do contrato de trabalho, portanto, uma obrigação do BB.  Qualquer empresa séria calcularia o valor que precisaria aumentar no aporte à CASSI e separaria desse lucro que foi muito ampliado. 
Os déficits recorrentes da CASSI preocupam muito todos os funcionários. A CASSI é um patrimônio construído há mais de 70 anos pelos trabalhadores do Banco. É um tema sensível, pois envolve a saúde de familiares. Foi se apoiando nesse medo que os usuários têm de perder a CASSI, que a Direção do Banco do Brasil teve a ousadia de apresentar a proposta do dia 24.04.2018.
A proposta joga a conta da ineficiência do Banco na gestão da Diretoria Financeira da CASSI para os associados. Quebra a solidariedade, aumenta os gastos administrativos com a criação de mais diretorias, cria o voto de minerva, não se compromete a manter os novos funcionários no plano, nem de manter o pagamento de 60% da contribuição quando os bancários se aposentarem (direito que está em discussão desde a publicação da Resolução número 23 da CGPAR). 
É um pacote de maldades tão grande, que segue exemplificado a seguir:
1) A proposta fere o princípio da solidariedade quando estabelece a cobrança por dependente. Para piorar, estabelece que o valor será um montante fixo em reais. Evidente que R$ 144,23 pesa muito mais para um escriturário que ganha menos de R$ 3.000,00 do que, para um gerente-geral ou um executivo do BB. Para piorar ainda mais, diferencia os valores entre o pessoal da ativa e os aposentados. Isso significa o início da “desresponsabilização” do patrocinador em relação aos aposentados, porque o banco não patrocinaria nenhum valor para os dependentes dos colegas aposentados.
2) Proposta do fim da gestão paritária. O BB propõe a criação da diretoria de “Produtos e Programas e Rede de Atendimento” que seria escolhida no mercado e seria preenchida por técnicos que atuam nos planos de saúde privados. Devem ser os excelentes técnicos que participaram da quebra de várias operadoras privadas no último período ou aqueles que estão propondo cobrar franquias nos planos de saúde como se a nossa saúde fosse equivalente a um automóvel. Nos Conselhos, o Banco teria o voto de minerva para desempatar votações. Não é possível acreditar que o patrocinador, que sempre fez a gestão financeira e levou a CASSI a esse estado pré-falimentar, tenha condições de decidir tudo no canetaço?
3) A pegadinha de transformar a parte dos usuários da contribuição extraordinária em eterna e desaparecer com a parte do Banco é a cereja do bolo de maldades. Mais uma vez, percebe-se que o Memorando de Entendimento só serviu para trazer para uma situação bem pior. Naquela época o BB não se comprometeu com valor de contribuição percentual, mas com valores nominais que significariam os 1,5% necessários para manter o percentual contributivo de cada um. Só que na proposta atual o valor foi “esquecido” e a proposta de mudança estatutária é de “3% associados e 4,5 BB” para “4% associados e 4,5% BB”. Não é uma beleza para o patrocinador?
4) É preocupante também o que não está na proposta. Não constam garantias contra a Resolução número 23 da CGPAR. Se os novos funcionários não ingressarem na Cassi, o plano será cada vez mais velho e mais caro. A falência será certa. O Banco não garante que continuará contribuindo com a Cassi para os atuais funcionários após a aposentadoria. 
O Sindicato dos Bancários do RN é contrário à proposta do Banco. Não podemos aceitar o “menos pior”. Exigimos a garantia da solidariedade, paridade e manutenção da obrigação de financiamento do Banco em relação à saúde de ativos e aposentados. 
 
SAÚDE CAIXA TAMBÉM EM RISCO
A CEF retirou do balanço 2017 valor provisionado de 5,26 bilhões que garante pagamento de despesas futuras do Saúde Caixa. Para os empregados da Caixa o lucro recorde de 12,5 bilhões foi motivo de regozijo por conta da PLR gorda, porém a fatura vem depois com a alegação da Empresa de que não há recursos para investir, por isso apresentará propostas para aumentar contribuição e cobrança por dependentes, e também impor cumprimento da Resolução 23 da CGPAR.