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Mulheres protestam nas ruas de Natal

09/03/10

Nada posso quando calo,
mas se me expresso, me supero,
Ilumino os meus passos
[Nadja Cristina Tavares, poetisa potiguar]


As ruas de Natal ficaram mais bonitas neste 8 de março. Tons de lilás espalharam a beleza feminina pela avenida, juntamente com o grito por direitos iguais e a denúncia da violência sofrida pelas mulheres. Elas foram para as ruas exigir a licença maternidade de 6 meses, creches para as mulheres trabalhadoras nos locais de trabalho, a legalização do aborto, salário igual para trabalho igual e medidas contra a exploração e opressão da mulher.


Como lembra a poesia de Cora Coralina, a muher do povo, bem proletária, bem linguaruda, desabusada, sem preconceitos. Foi com essa disposição de luta que dezenas de mulheres da cidade e do campo caminharam pelas ruas de Natal, empunhando suas bandeiras e lembrando o histórico caminho percorrido pelas mulheres trabalhadoras nesses cem anos em que se comemora o 8 de março.

 

Durante a caminhada representantes de várias entidades do movimento sindical e popular soltaram a voz em saudação ao Dia Internacional da Mulher. Para a diretora do Sindicato dos Bancários, Albertina Bertino,Na verdade, hoje é um dia para comemorar a luta das mulheres que vem se destacando nesses últimos anos. São 100 anos de luta. Porém, o comércio tem feito disso um momento para vender, mas nós não podemos aceitar isso. Mulher lutadora é aquela que luta pelos seus direitos, luta em busca de melhores condições de trabalho, contra a violência, contra o machismo e pelo trabalho igual, com salário igual, para que a gente possa construir um mundo mais justo e igualitário.


A representante do MST, Áurea Lúcia, chamou a atenção para esse momento de luta. Para ela, “Essa é a hora, principalmente para nós mulheres do campo, botar para fora e denunciar tudo: as injustiças, a criminalização. Nós somos rejeitadas pela sociedade. Primeiro por sermos do campo, e por isso acham que somos burras. A burguesia não acredita na mulher do campo, não acredita que a mulher do campo possa ter uma instrução. Então, esse é o momento melhor que nós temos para denunciar tudo isso para a sociedade. O meu recado é simples: precisamos nos unificar. Precisamos nos unir para tentar mudar esse país. São tantas mulheres sendo assassinadas por motivo besta e tudo isso fica impune. Então, é à hora da cidade se unir com o campo.”


A manifestação organizada pela Conlutas, Intersindical e MST foi encerrada com a apresentação de teatro de rua, seguido de ato público no calçadão da João Pessoa, no centro da cidade.