No primeiro momento em que governos e empresas iniciaram as medidas de contenção à propagação do novo coronavírus a Caixa Econômica Federal adotou medidas importantes em relação aos trabalhadores. Mandou os grupos de risco para isolamento e determinou que 70% dos funcionários passassem a trabalhar em sistema home office, fornecendo o material necessário para que isso ocorresse. Os outros 30% permanecem nas agências em sistema de rodízio para atendimento de casos específicos.
No entanto, os dias foram passando e os problemas começaram a aparecer. No momento em que mais seria necessário o isolamento para conter a disseminação do COVID-19 e assegurar que menos vidas sejam perdidas por causa da doença, a postura da Caixa vai de encontro às recomendações da OMS e desestimula o trabalho em Home Office.
Após uma semana fazendo todos os procedimentos para tentar acessar o sistema remotamente, houve grande dificuldade em estabelecer conexão devido à falta de preparo tecnológico para atender à demanda inesperada. O que é compreensível em momento de crise. O que não é compreensível é que, apesar dos esforços dos funcionários para ao menos entrar no sistema, a Caixa esteja cobrando resultado, exigindo controle de quantos atendimentos foram feitos e quantos negócios estão sendo fechados. Contatos esses, inclusive, que estão sendo feitos por meio de telefone pessoal do empregado, já que a instituição não disponibilizou amparo nas vias de atendimento telefônico.
Levando em consideração que a manutenção do cargo dos funcionários está diretamente ligada à entrega de seus resultados, isso inviabiliza o teletrabalho, gera instabilidade, insegurança, ansiedade, medo e aglomeração no retorno de muitos funcionários que poderiam ficar em casa.
Com medo das más avaliações e de não conseguirem bater as metas, muitos já estão pressionando para voltar às agências. Além disso, estamos enfrentando a pressão do Governo Federal para que as pessoas retomem as atividades, ignorando o crescimento da doença no país, e a guerra que está sendo travada no mundo todo contra a Covid-19.
O correto é garantir que existam condições de manter os 70% do pessoal trabalhando em Home Office, enquanto os 30% restantes laboram em regime de revezamento, assegurando o atendimento emergencial aos cidadãos e, ao mesmo tempo, minimizando a propagação do vírus, como regem as recomendações das autoridades sanitárias globais.
Se o Governo não pode nos dar garantias do não-colapso do Sistema de Saúde Pública, temos que fazer o que está ao nosso alcance. Não é hora de retomar a rotina.