NOTA DA FNOB SOBRE A CAMPANHA SALARIAL DOS BANCÁRIOS 2020/2022
02/09/20
Ontem foi um dia triste para a categoria bancária. Sem luta ou resistência, a imensa maioria dos bancários e sindicatos aprovou um dos piores acordos da história da nossa categoria. Toda a campanha salarial deste ano foi lamentável: os grandes sindicatos ligados à Contraf/CUT pouco ou nada fizeram para organizar os bancários de fato, limitando sua participação à promoção de hashtags e curtidas em redes sociais. Um vexame!
Os sindicatos ligados à FNOB (Frente Nacional de Oposição Bancária) tentaram a todo custo mudar esse cenário, realizando atividades de rua, denunciando a ganância da Fenaban e tentando encorajar o bancário a lutar. Inclusive a escolha por fazer assembleias presenciais tinha também esse objetivo, de tentar encorajar os bancários para a luta, apesar da inércia dos negociadores.
Sabemos bem o que significa a aceitação desse acordo rebaixado e bianual. Por isso, desde que a proposta foi anunciada, fizemos uma série de críticas a ela (nenhuma cláusula de preservação de empregos em bancos privados, venda do direito das sétima e oitava horas, aumento abusivo no Saúde Caixa, volta da política de índice abaixo da inflação e abono, etc.) e orientamos a sua rejeição.
Agora, assim como sabíamos dos malefícios dessa proposta, tínhamos plena consciência do que estávamos enfrentando neste ano: a coalizão da Contraf/CUT com a Fenaban, que se aproveitou da pandemia de Covid-19 para restringir ainda mais os debates sobre a proposta apresentada, chegando ao cúmulo de sequer fazer assembleia em diversos sindicatos com grande base de trabalhadores.
Por entendermos que estávamos vivenciando um jogo de cartas marcadas, cujo final já era conhecido por todos — agravado pela opção da Contraf/CUT de se fazer uma votação por aplicativo em dois dias (sem qualquer segurança real contra fraude e manipulação de resultados), inclusive em horário de funcionamento bancário (o que facilita a prática do assédio na votação, em especial nos bancos privados, e privilegia quem tradicionalmente não participa da campanha salarial) —, a opção da FNOB e seus sindicatos foi diferente dessa vez: priorizamos a denúncia da burocracia do movimento sindical, cada vez mais especializada em vender direitos em troca do financiamento de suas entidades através da famigerada “taxa negocial”, que é descontada de todos os bancários, seja em seus salários, seja em suas PLRs. Estima-se que esses valores ultrapassem os 100 milhões de reais.
A Fenaban, aproveitando-se do fim da ultratividade (herança da reforma trabalhista promovida por Temer), deixou claro que quem rejeitasse a proposta e realizasse a greve poderia ter como retaliação, além do corte de ponto de todo trabalhador grevista, a não garantia da extensão da convenção para as “bases rebeldes”, restando como alternativas a essas apenas o que sobrou de direitos da CLT, um possível dissídio ou uma greve que já iniciaria com a sabotagem nacional da Contraf/CUT. A Contraf/CUT impediu o debate real da campanha salarial em suas bases e levou a esta situação.
A FNOB seguirá se estruturando nacionalmente, inclusive com um site nacional, justamente para ampliar sua atuação, seguir denunciando os pelegos cutistas e encorajar quem quer lutar. É preciso cada vez mais uma nova direção para os bancários e a burocracia sindical está mais traidora e antidemocrática do que nunca, mostrando que é impossível disputar suas instâncias por dentro.
“Temos muito ainda por fazer... Apenas começamos.” Renato Russo
Assinam esta nota os seguintes sindicatos ligados à FNOB:
Sindicato dos Bancários de Bauru e Região
Sindicato dos Bancários do Maranhão
Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte