Mulheres vão às ruas contra o machismo, o racismo e a LGBTQIA+fobia
08/03/22
No Rio Grande do Norte mulheres de vários setores dos movimentos sociais se unem nesta 8 de março em um Ato unificado a partir das 14h, na praça Gentil Ferreira, bairro do Alecrim, em Natal. Os motivos para lutar não são poucos e não começaram agora, mas se aprofundaram muito nos últimos anos, com a combinação da crise econômica, pandemia e governo genocida de Bolsonaro.
Foram intensificados o desemprego, a miséria, as tarefas de cuidados e a violência contra as mulheres, com ainda mais efeitos sobre as mulheres negras. Durante a pandemia, 54% dos empregos perdidos no mundo foram de mulheres. O relatório especial COVID-19, divulgado em Fevereiro de 2021 pela CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), 23 milhões delas foram adicionadas à pobreza, somente na América Latina e Caribe, totalizando 118 milhões vivendo nessas condições.
No Brasil, segundo dados levantados na RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), no primeiro ano de pandemia, 480,3 mil vagas de empregos formais foram fechadas, sendo que 96,4% dessas vagas eram ocupadas por mulheres, já para as mulheres negras a taxa de desemprego é duas vezes maior do que para homens brancos. A retirada de direitos, como as reformas previdenciária e trabalhista, que aprofundam a exploração da nossa classe, atingem de forma ainda mais cruel as mulheres e especialmente as mulheres negras, que ocupam os postos de trabalho mais precarizados.
Com o isolamento social, necessário para preservar vidas, as mulheres ficaram ainda mais expostas à violência doméstica, aos abusos sexuais e feminicídios. Entre Março e Abril de 2020 foi registrada uma denúncia de agressão por minuto e o índice de feminicídio subiu 22%. As adolescentes e jovens negras têm 3 vezes mais chances de sofrer múltiplas violências e 66% das vítimas de feminicídio são as mulheres negras.
A população LGBT+ enfrentou situação de descaso completo. Até Março de 2021 havia um aumento de 40% nos assassinatos de pessoas trans e a violência intrafamiliar para essa população explodiu, evidenciada pelo aumento dos casos de depressão e tentativas de suicídio. Além disso, se já havia dificuldade para entrar no mercado de trabalho, durante a pandemia e com a precarização das relações trabalhistas, isso se agravou. Por parte do governo houve invisibilidade da população LGBT+ e zero investimento em políticas para o setor nos últimos dois anos.
Devido à politica de despejos que seguiram intensas durante a pandemia, entre Agosto de 2020 a Outubro de 2021, o número efetivo de famílias jogadas nas ruas subiu 269%, saltando de cerca de 6 mil para 23.500, conforme levantamento da “Campanha Despejo Zero”. O Amazonas, estado que colapsou com os casos de covid-19, foi também onde mais aconteceram despejos em 2020, atingindo mais de 3 mil famílias, seguido de São Paulo que removeu cerca de 2 mil famílias. Nesse período também não houve trégua nos ataques e invasões às terras indígenas, assim como o aumento da exploração em garimpos ilegais e desmatamento. Em todas essas situações, mulheres e crianças ficaram mais vulneráveis e ameaçadas.
A unidade necessária é para lutar contra o machismo, o racismo, a LGBTfobia, a xenofobia, o capitalismo e todas suas mazelas.
Com informações da CSP Conlutas