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Juros nas alturas beneficia especulação e massacra trabalhadores

29/03/23

Linhas de crédito consideradas "ruins" e "caras" foram as que mais cresceram em janeiro deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do relatório de acompanhamento fiscal da Instituição Fiscal Independente (IFI), publicado em 15 de março.
Tratam-se do cheque especial e do cartão de crédito, que têm as taxas de juros mais altas do mercado. Quem atrasa o cartão de crédito, por exemplo, pode pagar 182% ao ano (se parcelar o pagamento) ou 411% ao ano (se entrar no rotativo).
Segundo o relatório do IFI, o atual momento do mercado de trabalho tem parcela de culpa. O último dado relativo a emprego divulgado pelo IBGE no último dia 28 mostrou que, embora a queda da desocupação tenha garantido uma melhora no mercado de trabalho, a qualidade do emprego piorou e o país atingiu um número recorde de empregados sem carteira assinada: 12,9 milhões de trabalhadores.
Sem carteira assinada, os trabalhadores não conseguem pedir empréstimos consignados ou apresentar garantias para alguns financiamentos.
Enquanto isso, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu por manter a taxa básica de juros – a Selic – em 13,75% ao ano. Foi a quarta decisão seguida pela manutenção da taxa. Assim, o patamar de juros continua no maior nível desde dezembro de 2016.
Ao contrário do que alegam os defensores do uso da Selic para supostamente controlar a “inflação”, essa alta taxa de juros só serve para beneficiar banqueiros e agentes do mercado financeiro que especulam e lucram com papéis da Dívida Pública. Para o país, esses juros de agiotagem estrangula a economia nacional, aumentando o custo de vida, o desemprego e o endividamento de pequenas e médias empresas.
Além da redução das taxas de juros, é necessário exigir a saída do presidente do Banco Central Campos Neto e a democratização do Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais), órgão responsável por julgar questões tributárias, especialmente processos administrativos referentes à cobrança de impostos de empresas.
Segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, essa política de juros altos adotada pelo Banco Central aumenta o rombo no Orçamento federal. A cada aumento de 1% na taxa há uma adição de cerca de R$ 40 bilhões em gastos com o pagamento de juros da Dívida Pública. Está aí a real causa para o roubo existente nos recursos públicos do país.
Ou seja, o mecanismo dos juros (que é definido pelos próprios banqueiros) está a serviço de alimentar essa Dívida infinita que suga as riquezas do país.