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Bancários do RN lançam campanha salarial e denunciam lucros absurdos dos bancos

16/07/24

O Sindicato dos Bancários do RN lançou na manhã desta segunda-feira, 15, em frente à agência Potiguar do Bando do Brasil (av. Rio Branco, Natal), a campanha salarial da categoria. Pedindo o apoio da população e denunciando os lucros absurdos dos bancos foi servido um café da manhã aos que passavam no local e entregue um folder com as principais reivindicações.
 
Entre as reivindicações está a recomposição das perdas dos últimos anos, algo em torno de 34% (entre perdas e ativos dos bancos), participação dos lucros linear, ou seja, todos os trabalhadores ganhando o mesmo valor, afinal cada um contribui à sua maneira para a lucratividade exorbitante dos bancos. Hoje em dia, quem ganha mais, também ganha mais na PLR, desigualando ainda mais a posição entre os trabalhadores.
 
O Diretor de administração de finanças, Alexandre Cândido, em seu discurso afirmou que o SEEB-RN não reconhece a Contra-CUT como comando nacional de negociação. “Uma Central que simplesmente enterrou as perdas salariais anteriores ao primeiro Governo Lula, como se os bancários não tivessem tido várias perdas, tanto com a implementação do Plano Real quanto nas negociações posteriores não nos representa”, afirmou.
 
Também é destaque na pauta da categoria a responsabilização dos bancos com a saúde de seus funcionários. Para se ter ideia, em pesquisa feita entre os bancários do RN nos anos de 2019 a 2021, mais de 70% tomavam algum tipo de medicamento para ansiedade ou depressão, desaguando, infelizmente, na Síndrome de Bornout, ou seja, o esgotamento psíquico total do adoecido.
 
Além disso, os planos, principalmente dos bancos públicos, vêm aumentando gradativamente a contribuição dos bancários, desonerando seus gastos e se omitindo da responsabilidade. Afinal, a maioria das doenças psíquicas são oriundas do estresse. Algo muito comum no ambiente das agências bancárias, onde a cobrança por metas é assustadora.
 
É notório o fechamento de postos de trabalho. Somente de 2004 pra cá já foram mais de 40 mil postos fechados somente nos cinco maiores bancos. Se fosse apenas por uma necessidade de evolução tecnológica não tínhamos tanto banco de horas extras nem bancários adoecidos, pois as máquinas supririam isso, mas não é a realidade.
Marcos Tinôco, diretor de comunicação da Entidade bateu na tecla dos juros exorbitantes cobrados pelos bancos. “Não são só os brasileiros, os bancos estrangeiros também se beneficiam pelas altas taxas de juros cobradas no país”, lembrou.
 
Agências fechando também geram um outro fenômeno, que é a superlotação, principalmente dos bancos públicos, que cumprem um papel social e centralizam pagamento de benefícios, entre outros atendimentos àqueles que têm pouco ou nenhum acesso à tecnologia.
Com uma pandemia no meio, nos últimos sete anos, apenas os cinco maiores bancos entregaram, em mais de R$ 200 bilhões de reais aos acionistas, enquanto a maior parte da população teve que se reinventar para sobreviver, sem emprego e sem poder sair de casa.
 
Em 2023 os 20 maiores bancos operando no Brasil atingiram uma cifra superior a R$ 1 trilhão de movimentação financeira; enquanto gastou com encargos de pessoal pouco mais de R$ 10 milhões. Isso não chega a 10% da receita líquida, sendo que o crescimento desse mesmo 20 bancos, em dois anos, atingiu um crescimento de 62,7%.
 
O crescimento salarial no mesmo período foi de 13,35%, inferior a inflação registrada que, segundo o INPC, foi de 21,02%.