A partir desta sexta-feira (18), Jair Bolsonaro passa a ter de usar tornozeleira eletrônica e está sujeito a uma série de medidas cautelares. O ex-presidente de ultradireita também terá de se manter em recolhimento noturno em sua casa, das 19h às 7h; está proibido de usar as redes sociais; se aproximar de embaixadas e manter contato com diplomatas estrangeiros; e se comunicar com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, que atualmente se encontra nos EUA.
A Polícia Federal cumpriu dois mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro e no escritório do PL, partido ao qual é filiado. Durante a operação, foram apreendidos cerca de US$ 14 mil, R$ 8 mil em espécie e o celular do ex-presidente.
Obstrução da Justiça e ataque à soberania
A operação da PF e as restrições foram determinadas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito que investiga Eduardo Bolsonaro, por tentativa de obstrução da Justiça e articulações golpistas com apoio internacional.
De acordo com o STF, Bolsonaro e Eduardo estão atuando para tentar coagir o Judiciário brasileiro ao crivo de um governo estrangeiro, no caso, o dos EUA, e obstruir a ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado.
Trata-se das articulações que vem sendo feitas por Jair e Eduardo, desde o início do ano, junto à ultradireita trumpista para pressionar o governo e o STF. Na semana passada, Trump anunciou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros e citou o inquérito contra Bolsonaro como uma das razões para a medida, numa evidente ingerência imperialista no país.
Em sua sentença, Moraes ressalta ainda que Bolsonaro enviou R$ 2 milhões ao filho nos EUA para custear tais articulações.
Para o STF, há risco iminente de fuga de Bolsonaro e, por isso, a necessidade urgente e “indeclinável” do uso da tornozeleira eletrônica.
Tic-tac: prisão já para Bolsonaro e todos os golpistas
A nova operação da PF reforça o cerco judicial a Bolsonaro, que é réu pela tentativa de golpe de Estado, que culminou nos ataques do 8 de janeiro de 2023, além de outras denúncias, como falsificação de cartões de vacinação e desvio de bens públicos.
A pressão por sua prisão definitiva é cada vez maior, até porque está demonstrado que mesmo fora da presidência do país ele segue conspirando contra as liberdades democráticas e a soberania nacional.
É preciso prisão já para Bolsonaro e todos os golpistas!
A CSP-Conlutas também tem alertado: derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo exige também enfrentar o projeto econômico que sustenta a lógica neoliberal e alimenta o discurso reacionário da ultradireita.
Enquanto o governo Lula mantém acordos e alianças com setores reacionários do Centrão ao agronegócio e impõe medidas de ajuste, como o Arcabouço Fiscal, que penalizam os trabalhadores, o terreno segue fértil para que a ultradireita propague sua narrativa demagógica.
É preciso a mobilização independente da classe trabalhadora por uma saída que, de fato, rompa com o projeto capitalista neoliberal e enfrente os interesses dos de cima.