Setembro Amarelo: SEEB/RN reforça alerta sobre impacto do assédio moral e da depressão no trabalho
12/09/25
O mês de setembro marca a campanha Setembro Amarelo, uma iniciativa mundial de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio. Criada para romper o silêncio em torno de um tema muitas vezes tratado como tabu, a campanha busca incentivar o debate, estimular o cuidado coletivo e ampliar o acesso a apoio psicológico e social.
No Brasil, os números mais recentes revelam a urgência dessa discussão. Segundo o Atlas da Violência 2025, do Ipea, o número de suicídios no país cresceu 66,47% em uma década (2013-2023). Apenas em 2023, foram mais de 16,8 mil casos, o que representa, em média, 46 mortes por dia. No cenário internacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o suicídio foi, em 2021, a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. No mundo, mais de 720 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos.
Entre os fatores que levam ao adoecimento mental e, em casos extremos, ao suicídio, está o assédio moral no trabalho, apontado como uma das principais causas de sofrimento biopsicossocial. Dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab) mostram que os afastamentos por transtornos mentais mais que dobraram nos últimos dez anos. Em 2014, o INSS concedeu 221.127 benefícios previdenciários e acidentários relacionados a transtornos dessa natureza. Em 2024, o número saltou para 471.649, um aumento de 113,3%.
Adoecimento bancário
No setor bancário, a situação é ainda mais grave. O crescimento dos afastamentos por problemas de saúde mental chegou a 168% no mesmo período. “Somos pressionados por metas abusivas, pela redução no número de funcionários e pelo avanço do assédio moral. Nossa categoria enfrenta um cenário de intensa sobrecarga imposta pelos bancos. Não podemos aceitar isso. O lucro deles não vale a nossa vida.”, destaca Berinho Paiva, diretor do SEEB/RN.
Especialistas alertam que quase 100% das pessoas que se suicidaram tinham algum transtorno mental, sendo a depressão o mais frequente. Essa doença afeta duramente a categoria bancária e está diretamente relacionada a ambientes de trabalho que adoecem. Portanto, combater o assédio moral e reduzir fatores que favorecem o adoecimento psíquico são passos fundamentais para enfrentar uma realidade que já se tornou epidêmica.
“O sindicato reforça que prevenir o suicídio exige não apenas apoio individual, mas também mudanças estruturais nas condições de vida e de trabalho. A exploração adoece e é preciso enfrentá-la todos os dias”, conclui Berinho.