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Editorial: Um brasileiro típico?

26/06/09

O presidente do Senado, José Sarney, está enfrentando uma série de denúncias de contratação de parentes, amigos, afilhados políticos, muitos deles incluídos na folha de pagamento do Senado, por meio de “atos secretos” que permitem fazer nomeações sem concurso e sem a devida publicação nos boletins oficiais.
Você, bancário, que trabalha sem descanso, sob pressão, como qualifica o ato de um servidor ganhar 12 mil reais por mês do Senado (dinheiro público) para prestar serviço de mordomo na residência que Roseana Sarney mantém no Lago Sul de Brasília?
E ela, sem nenhum pudor, confirma: “Ele é meu afilhado. Fui eu que o trouxe do Maranhão. Ele vai à minha casa quando preciso, umas duas ou três vezes por semana. É motorista do Senado e ganha até bem”.
Os colegas dizem que sua função oficial é motorista, embora nunca o tenham visto dirigindo os carros do Senado.
E o que dizer de Solange Amorelli, funcionária lotada no gabinete da Senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), que recebe 12 mil reais por mês, mas mora em Washington há quase dois anos? Simples: recebe sem comparecer ao seu local de trabalho.
A patifaria talvez se tornasse banalidade não fosse a repercussão do enfático pronunciamento do presidente Lula, diretamente do Casaquistão, onde estava em visita, defendendo Sarney. Segundo Lula, “Sarney é uma reserva moral e tem seu lugar na História e não pode ser julgado como uma pessoa comum”. Com essa declaração ridícula, estapafúrdia, espantosa, conservadora, burguesa, Lula tenta justificar o injustificável. E a moralidade, ele se esqueceu: “Temos coisas mais importantes para resolver”.
Para nós, esse ato de Lula não é novidade, pois quem já defendeu Jáder Barbalho (cujas mãos Lula beijou); Severino Cavalcanti (a quem Lula defendeu como injustiçado); Renan Calheiros (interlocutor do presidente); Fernando Collor (da base aliada); os mensaleiros, os aloprados, entre outros, é capaz de cometer qualquer ilegalidade para permancer no poder.