Estudo da Auditoria Cidadã apresentado pelos servidores ao governo mostra que, comparado às receitas e ao PIB, despesas com pessoal caíram até 40% desde 1995
Ao contrário do que costumam afirmar a mídia comercial e o governo,
e do que sugere o senso comum sob a influência de ambos, as despesas relativas
da União com o funcionalismo público tiveram queda expressiva nos últimos 15
anos. Com base em dados colhidos em órgãos oficiais, a constatação foi exposta
ao Ministério do Planejamento pelo funcionalismo por meio de um estudo da
Auditoria Cidadã da Dívida de difícil contestação.
A apresentação do estudo ocorreu na última reunião geral de
negociação entre representantes de 32 entidades nacionais dos servidores e o
Ministério do Planejamento, no dia 21 de julho. Os trabalhadores voltaram a
defender o respeito à data-base e a revisão geral e linear dos salários, mas não
‘sensibilizaram’ os burocratas que representam o Planalto na mesa de negociação:
foi nesta reunião que o secretário de Recursos Humanos do Planejamento, Duvanier
Paiva Ferreira, disse aos servidores que a presidenta Dilma Rousseff não vê
possibilidades de reajustes lineares para a categoria e, de certa forma, impôs
que quaisquer negociações salariais se deem nas mesas setoriais que dividem o
setor por área de atuação.
O estudo foi exposto por integrantes da própria Auditoria Cidadã da
Dívida, organização que vem analisando a dívida pública brasileira e defende a
suspensão do seu pagamento. Ele comprova, por dois ângulos, que as despesas
relativas com a folha tiveram uma queda expressiva entre 1995 e 2010. Como em
2011 não houve novos reajustes e a arrecadação tributária cresceu, a tendência é
que isso tenha se acentuado nestes primeiros sete meses do ano.
Queda coincide com fim de reajuste linear
Comparativamente ao Produto Interno Bruto, o tombo
nos gastos com pessoal é de cerca de 15%. Em 1995, as despesas da União com
servidores corresponderam a 5,36% do PIB, que é o total das riquezas produzidas
em todas as áreas pelo país no espaço de um ano. Em 2010, década e meia depois,
os gastos foram reduzidos a 4,53%.
Ouro parâmetro exposto a Duvanier, alçado a porta-voz do governo
nas negociações pela ministra Miriam Belchior (Planejamento), revela que
comparativamente à Receita Corrente Líquida da União os gastos encolheram ainda
mais. Faz 15 anos, o peso do funcionalismo nas contas do governo correspondia a
56% da Receita Corrente Líquida – que é basicamente a receita da União com a
dedução dos valores transferidos a estados ou municípios por determinação legal
e de contribuições sociais e previdenciárias. Em 2010, esse percentual despencou
para 33% - neste caso, a queda relativa foi superior a 40%. “Ao contrário do que
alega o governo e a grande imprensa, houve uma grande perda da participação dos
servidores públicos, comparativamente às demais despesas do orçamento”, diz
trecho do estudo entregue na reunião – que faz um paralelo entre a diminuição
nos gastos com pessoal e o aumento no tamanho da fatia orçamentária usada para
pag ar juros das dívidas públicas.
Em termos nominais ou atualizados pelos índices da inflação,
naturalmente os valores orçamentários destinados ao funcionalismo são maiores
hoje do que há 15 anos. Mas são os números relativos ao Produto Interno Bruto e
à arrecadação tributária que mostram o peso real da folha nas contas da União.
“Comparação com o PIB é importante, pois denuncia o crescimento da demanda por
serviços públicos que não vem sendo acompanhada pelo aparato público. O aumento
da atividade econômica exige crescimento da administração tributária e
trabalhista, requer mais serviços de saúde, educação, controles, segurança,
dentre muitos outros serviços públicos”, diz outro trecho do texto de
apresentação do estudo. Mais adiante, o documento justifica a utilização do
critério comparativo: “Considerando que o governo e a grande mídia costumam se
referir ao gasto com a dívida pública e ao tamanho do ‘ superávit primário’ em
comparação com o PIB, é plenamente justificável que as entidades representativas
dos servidores públicos utilizem essa medida comparativa para expressar o
encolhimento dos gastos com pessoal em relação ao PIB”.
O levantamento abrange período no qual transcorreram quatro
mandatos presidenciais de dois governos, FHC (PSDB) e Lula (PT), que na retórica
propagam defender políticas distintas. O primeiro ano observado – 1995 - também
demarca o fim das reposições salariais lineares, substituídas por eventuais
reajustes apenas por meio de reestruturações segmentadas de carreiras. “É [o
resultado] de uma política salarial que nega a correção inflacionária que toda
categoria tem direito”, afirma o servidor Paulo Barela, que participa das
negociações representando a CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) e não vê
diferenças consideráveis nos projetos dos dois governos ou em Dilma Rousseff
para os serviços públicos. A campanha salarial unificada do funcionalismo, que
terá novas manifestações conjuntas em agosto, tenta resgatar a data-base,
reinstituir os reajustes lineares e mudar esse quadro de perdas.
">
Estudo da Auditoria Cidadã apresentado pelos servidores ao governo mostra que, comparado às receitas e ao PIB, despesas com pessoal caíram até 40% desde 1995
Ao contrário do que costumam afirmar a mídia comercial e o governo,
e do que sugere o senso comum sob a influência de ambos, as despesas relativas
da União com o funcionalismo público tiveram queda expressiva nos últimos 15
anos. Com base em dados colhidos em órgãos oficiais, a constatação foi exposta
ao Ministério do Planejamento pelo funcionalismo por meio de um estudo da
Auditoria Cidadã da Dívida de difícil contestação.
A apresentação do estudo ocorreu na última reunião geral de
negociação entre representantes de 32 entidades nacionais dos servidores e o
Ministério do Planejamento, no dia 21 de julho. Os trabalhadores voltaram a
defender o respeito à data-base e a revisão geral e linear dos salários, mas não
‘sensibilizaram’ os burocratas que representam o Planalto na mesa de negociação:
foi nesta reunião que o secretário de Recursos Humanos do Planejamento, Duvanier
Paiva Ferreira, disse aos servidores que a presidenta Dilma Rousseff não vê
possibilidades de reajustes lineares para a categoria e, de certa forma, impôs
que quaisquer negociações salariais se deem nas mesas setoriais que dividem o
setor por área de atuação.
O estudo foi exposto por integrantes da própria Auditoria Cidadã da
Dívida, organização que vem analisando a dívida pública brasileira e defende a
suspensão do seu pagamento. Ele comprova, por dois ângulos, que as despesas
relativas com a folha tiveram uma queda expressiva entre 1995 e 2010. Como em
2011 não houve novos reajustes e a arrecadação tributária cresceu, a tendência é
que isso tenha se acentuado nestes primeiros sete meses do ano.
Queda coincide com fim de reajuste linear
Comparativamente ao Produto Interno Bruto, o tombo
nos gastos com pessoal é de cerca de 15%. Em 1995, as despesas da União com
servidores corresponderam a 5,36% do PIB, que é o total das riquezas produzidas
em todas as áreas pelo país no espaço de um ano. Em 2010, década e meia depois,
os gastos foram reduzidos a 4,53%.
Ouro parâmetro exposto a Duvanier, alçado a porta-voz do governo
nas negociações pela ministra Miriam Belchior (Planejamento), revela que
comparativamente à Receita Corrente Líquida da União os gastos encolheram ainda
mais. Faz 15 anos, o peso do funcionalismo nas contas do governo correspondia a
56% da Receita Corrente Líquida – que é basicamente a receita da União com a
dedução dos valores transferidos a estados ou municípios por determinação legal
e de contribuições sociais e previdenciárias. Em 2010, esse percentual despencou
para 33% - neste caso, a queda relativa foi superior a 40%. “Ao contrário do que
alega o governo e a grande imprensa, houve uma grande perda da participação dos
servidores públicos, comparativamente às demais despesas do orçamento”, diz
trecho do estudo entregue na reunião – que faz um paralelo entre a diminuição
nos gastos com pessoal e o aumento no tamanho da fatia orçamentária usada para
pag ar juros das dívidas públicas.
Em termos nominais ou atualizados pelos índices da inflação,
naturalmente os valores orçamentários destinados ao funcionalismo são maiores
hoje do que há 15 anos. Mas são os números relativos ao Produto Interno Bruto e
à arrecadação tributária que mostram o peso real da folha nas contas da União.
“Comparação com o PIB é importante, pois denuncia o crescimento da demanda por
serviços públicos que não vem sendo acompanhada pelo aparato público. O aumento
da atividade econômica exige crescimento da administração tributária e
trabalhista, requer mais serviços de saúde, educação, controles, segurança,
dentre muitos outros serviços públicos”, diz outro trecho do texto de
apresentação do estudo. Mais adiante, o documento justifica a utilização do
critério comparativo: “Considerando que o governo e a grande mídia costumam se
referir ao gasto com a dívida pública e ao tamanho do ‘ superávit primário’ em
comparação com o PIB, é plenamente justificável que as entidades representativas
dos servidores públicos utilizem essa medida comparativa para expressar o
encolhimento dos gastos com pessoal em relação ao PIB”.
O levantamento abrange período no qual transcorreram quatro
mandatos presidenciais de dois governos, FHC (PSDB) e Lula (PT), que na retórica
propagam defender políticas distintas. O primeiro ano observado – 1995 - também
demarca o fim das reposições salariais lineares, substituídas por eventuais
reajustes apenas por meio de reestruturações segmentadas de carreiras. “É [o
resultado] de uma política salarial que nega a correção inflacionária que toda
categoria tem direito”, afirma o servidor Paulo Barela, que participa das
negociações representando a CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) e não vê
diferenças consideráveis nos projetos dos dois governos ou em Dilma Rousseff
para os serviços públicos. A campanha salarial unificada do funcionalismo, que
terá novas manifestações conjuntas em agosto, tenta resgatar a data-base,
reinstituir os reajustes lineares e mudar esse quadro de perdas.
Despesa relativa da União com servidor despencou em 15 anos
13/08/11
Estudo da Auditoria Cidadã apresentado pelos servidores ao governo mostra que, comparado às receitas e ao PIB, despesas com pessoal caíram até 40% desde 1995
Ao contrário do que costumam afirmar a mídia comercial e o governo,
e do que sugere o senso comum sob a influência de ambos, as despesas relativas
da União com o funcionalismo público tiveram queda expressiva nos últimos 15
anos. Com base em dados colhidos em órgãos oficiais, a constatação foi exposta
ao Ministério do Planejamento pelo funcionalismo por meio de um estudo da
Auditoria Cidadã da Dívida de difícil contestação.
A apresentação do estudo ocorreu na última reunião geral de
negociação entre representantes de 32 entidades nacionais dos servidores e o
Ministério do Planejamento, no dia 21 de julho. Os trabalhadores voltaram a
defender o respeito à data-base e a revisão geral e linear dos salários, mas não
‘sensibilizaram’ os burocratas que representam o Planalto na mesa de negociação:
foi nesta reunião que o secretário de Recursos Humanos do Planejamento, Duvanier
Paiva Ferreira, disse aos servidores que a presidenta Dilma Rousseff não vê
possibilidades de reajustes lineares para a categoria e, de certa forma, impôs
que quaisquer negociações salariais se deem nas mesas setoriais que dividem o
setor por área de atuação.
O estudo foi exposto por integrantes da própria Auditoria Cidadã da
Dívida, organização que vem analisando a dívida pública brasileira e defende a
suspensão do seu pagamento. Ele comprova, por dois ângulos, que as despesas
relativas com a folha tiveram uma queda expressiva entre 1995 e 2010. Como em
2011 não houve novos reajustes e a arrecadação tributária cresceu, a tendência é
que isso tenha se acentuado nestes primeiros sete meses do ano.
Queda coincide com fim de reajuste linear
Comparativamente ao Produto Interno Bruto, o tombo
nos gastos com pessoal é de cerca de 15%. Em 1995, as despesas da União com
servidores corresponderam a 5,36% do PIB, que é o total das riquezas produzidas
em todas as áreas pelo país no espaço de um ano. Em 2010, década e meia depois,
os gastos foram reduzidos a 4,53%.
Ouro parâmetro exposto a Duvanier, alçado a porta-voz do governo
nas negociações pela ministra Miriam Belchior (Planejamento), revela que
comparativamente à Receita Corrente Líquida da União os gastos encolheram ainda
mais. Faz 15 anos, o peso do funcionalismo nas contas do governo correspondia a
56% da Receita Corrente Líquida – que é basicamente a receita da União com a
dedução dos valores transferidos a estados ou municípios por determinação legal
e de contribuições sociais e previdenciárias. Em 2010, esse percentual despencou
para 33% - neste caso, a queda relativa foi superior a 40%. “Ao contrário do que
alega o governo e a grande imprensa, houve uma grande perda da participação dos
servidores públicos, comparativamente às demais despesas do orçamento”, diz
trecho do estudo entregue na reunião – que faz um paralelo entre a diminuição
nos gastos com pessoal e o aumento no tamanho da fatia orçamentária usada para
pag ar juros das dívidas públicas.
Em termos nominais ou atualizados pelos índices da inflação,
naturalmente os valores orçamentários destinados ao funcionalismo são maiores
hoje do que há 15 anos. Mas são os números relativos ao Produto Interno Bruto e
à arrecadação tributária que mostram o peso real da folha nas contas da União.
“Comparação com o PIB é importante, pois denuncia o crescimento da demanda por
serviços públicos que não vem sendo acompanhada pelo aparato público. O aumento
da atividade econômica exige crescimento da administração tributária e
trabalhista, requer mais serviços de saúde, educação, controles, segurança,
dentre muitos outros serviços públicos”, diz outro trecho do texto de
apresentação do estudo. Mais adiante, o documento justifica a utilização do
critério comparativo: “Considerando que o governo e a grande mídia costumam se
referir ao gasto com a dívida pública e ao tamanho do ‘ superávit primário’ em
comparação com o PIB, é plenamente justificável que as entidades representativas
dos servidores públicos utilizem essa medida comparativa para expressar o
encolhimento dos gastos com pessoal em relação ao PIB”.
O levantamento abrange período no qual transcorreram quatro
mandatos presidenciais de dois governos, FHC (PSDB) e Lula (PT), que na retórica
propagam defender políticas distintas. O primeiro ano observado – 1995 - também
demarca o fim das reposições salariais lineares, substituídas por eventuais
reajustes apenas por meio de reestruturações segmentadas de carreiras. “É [o
resultado] de uma política salarial que nega a correção inflacionária que toda
categoria tem direito”, afirma o servidor Paulo Barela, que participa das
negociações representando a CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular) e não vê
diferenças consideráveis nos projetos dos dois governos ou em Dilma Rousseff
para os serviços públicos. A campanha salarial unificada do funcionalismo, que
terá novas manifestações conjuntas em agosto, tenta resgatar a data-base,
reinstituir os reajustes lineares e mudar esse quadro de perdas.