Impressionante como são recorrentes as queixas sobre sobrecarga de trabalho, metas abusivas e assédio moral.

Até quando os bancos continuarão tratando os bancários, que são os responsáveis diretos pelos lucros estrondosos, como escravos?


Relatos sobre o que é ser bancário, colhidos do site do sindicado de São Paulo.




"Chego na agência e começo meu atendimento com os clientes. Mas, antes de abrir, a agência a frase '1000 pontos é seu contrato de trabalho, para garantir seu emprego tem de bater a meta'. O Itaú quer ética e transparência. Como obter isso, com a obrigação de vender cada vez mais e mais? Preciso do meu emprego, mas assim é dificil trabalhar."

"No BB, para se cumprir as metas, o risco fica quase sempre por conta do bancário e não do banqueiro. Se formos seguir as instruções de forma ferrenha, não sai quase nada de negócio no BB e aí vêm os descomissionamento, ameaças, assédio etc."

"Existe horário de almoço para coordenador do banco Sa ntander? Temos de ser caixa, cuidar da tesouraria, processos, abastecer autoatendimento, atender, vender, ler outloks, normativos, atender telefones, não fazer horas extras, tudo isso em oito horas por dia."

"Trabalho na CABB há seis meses e sempre acreditei no serviço público, embora neste breve período já tenha percebido que o BB está muito aquém do desejável, quer se considere o reconhecimento pelo seu quadro de funcionários, quer se considere o serviço entregue à sociedade. Tenho notado o esforço de todos da central em oferecer os produtos do banco, tais como sms e empréstimos, e tenho ficado chocado com os números obtidos por atentendes que chegam a vender R$ 40 mil, R$ 50 mil por dia em CDCs. Em contrapartida, não sinto que haja uma política realista de valorização de funcionários. A rotina na CABB é estafante. Atendemos diversos 'skills' sem pausas porque as ligações caem uma depois da outra. Só pra ter uma ideia, temos de atender SAC, cartão, transações bancárias e agora restituição de imposto de renda que, com o cronograma deste ano, aumenta sobremaneira a quantidade de trabalho, levando os funcionarios a um estado de irritação que é extravasado nos horários de pausa na sala de refeição."

"Trabalho no Bradesco. Exigem que vendamos, que façamos visitas, que solucionemos os problemas, que participemos de comitês e sem fazer hora extra. Sofremos com a falta de funcionários em todos os setores da agência e, quando o cliente chega, ainda temos de sorrir! Fora os diversos funcionários que exercem os cargos de gere ncia e gerente assistente e ganham como caixa e atendente. Temos, sim, de lutar pelos nossos direitos!"

"Como funcionário do BB há 27 anos, nunca vi tamanha barbaridade que estão fazendo com os funcionários. Sofri assédio moral, perseguições, descomissionamento, metas e mais metas, pressões de todos os lados. Ganhei tendinite, gastrite nervosa, tiques nervosos, depressão, ansiedade generalizada, gastos com terapia psicológica, antidepressivos, calmantes, anti-inflamatórios e ainda tive de ouvir que estou "fora da casinha". Sempre fui o melhor vendedor da agência e nem assim tiveram consideração. Entrei com ação na Justiça Trabalhista e graças a isso me deixaram em paz. Esse é o BB dos novos tempos."

"Trabalhamos de sete a nove horas seguidas, nos dias de maior movimento, com int ervalo de 15 minuntos pra engolir rapidamente a comida e voltar pro caixa. Na quarta, você já está cansado e, na sexta, torcendo para acabar logo. O gerente cobrando o tempo do GAT. Após o fim da fila ele já está com os envelopes na mão para você processar e no final do dia, friozinho na barriga na hora de fechar o caixa. Assim é o dia a dia de muitos caixas no BB."

"Sou um pobre escriturário que trabalha em uma agência com oito funcionários numa cidade de mais de 100 mil habitantes. Sou responsável pela inadimplência, DRS, Agro, ajudo também no controle do GAT, PF e PJ e ainda abro caixa quando precisa."

"Trabalho (atualmente est ou afastada) em uma agência onde o fluxo de pessoas é enorme. Além disso, foi reduzido o número de pessoas e entraram pessoas novas de banco no lugar das antigas. Na saída de pessoas experientes e troca de gerente da agência toda a responsabilidade e dúvidas ficaram em cima de mim. Além de tudo isso, as metas para emprestar dinheiro aumentaram drasticamente (digamos uns 600%). Acabei surtando na agência e não conseguia sequer atender o telefone dentro de minha própria casa. Fique muitos dias sem dormir, e chegando na agência, dando o máximo de mim, não aguentei. Chorava, fiquei com diarréia fortíssima, não conseguia sequer atravessar uma rua. Tenho apenas 24 anos e estou 'vegetando', dando trabalho às pessoas que amo. Estou perdendo minha vida em casa, esqueço do que vou fazer, enfim, do jeito que tá não pode ficar. Provavelmente, quando voltar, serei demitida, pois pessoas como eu que saem afastadas, como já ouvi da chefia "são fracas", "não pode aco ntecer isso tem, que agentar o tranco".

"Nós, do SAC, vivemos com reclamações diárias e agora, mais do que nunca, com absurdos que o Santander tem feito com seus clientes, como, por exemplo, o atraso na entrega dos cartões por mais de 30 dias. A empresa terceirizada não nos abastece de informações sobre o andamento da entrega e ficamos sem argumentos. Nós, que éramos do Real, estamos vivendo uma verdadeira tortura. A demanda aumentou, funcionários desgatadados, doentes, sem apoio da supervisão. Quando reclamamos que não estamos mais aguentando, temos a resposta de que há um monte de terceirizados esperando nossas fraquezas, que temos muitas mordomias, risadas sarcásticas, comentários aos cantos. O SAC Call Center não tem uma sala de reuniões e quando vamos conversar com supervisão, é feito ali, diante de todos os colegas, deixando a situação exposta onde a supervisão demonstra sua 'autoridade', ridicularizando. Estamos vendo funcionários de muitos anos perdendo sua produtividade, doentes, sendo demitidos, perdendo anos de dedicação, quando deram seu sangue, lutaram e agora simplesmente estão no mercado."

"Sou funcionário do BB e, em minha agência, foram remanejados três funcionários em apenas quatro meses por causa da pressão por vendas do novo administrador. Um assistente e duas gerentes PJ, sendo que uma delas pediu afastamento por não aguentar mais a pressão e a outra saiu aos prantos da agência se despedindo dos outros funcionários. É cobranca diária pelo administrador, humilhações, metas abusivas e impossíveis de serem cumpridas. Regional ligando duas vezes ao dia cobrando e quadro na parede com nome dos funcionários e quantidade de produtos vendidos. Minha agência está uma pressão insuportável. O próprio administrador ja falou que quem quem não aguentar a pressão pode sair, pois não vai mudar."
"Eu trabalho há oito anos no BB e o que vejo é que cada vez mais o banco está mudando para pior, fazendo com que as agências diminuam o número de funcionários e aumentando a quantidade de trabalho. Só no meu setor, quatro funcionários foram embora para outras agências e não colocaram ninguém no lugar. Se preciso ir a uma consulta, tenho de ir após o expediente ou no sábado porque se eu não cumprir o meu horário serei cobrada para cumpri-lo em outro dia. Trabalhar doente é uma rotina habitual. "

"Sou da época do Santander, todos da minha época foram mandados embora outros sentiram-se tão pressionados que pediram a conta. Sou da área de financiamentos e também estou me sentindo pre ssionada, pois não estão me dando condições de bater metas e estão contratando novos operadores com salário superior e condições para bater meta. Não sei o que fazer. Sempre trabalhei de finais de semana e feriados para bater metas."

“Temos que engolir, após anos de doação à empresa, que somos inúteis. Hoje o que conta é vender, vender e vender. Não fomos contratados para ser vendedores."

“Há 20 anos sou bancária. Trabalhei no Real, que lamentavelmente virou Santander. Minha rotina se resume a reuniões massacrantes e ameaçadoras feitas por nosso gerente, que também é vitima de seu gerente regional. Tudo que fazemos é p ouco; parece até um saco sem fundo. Temos que fazer o cliente contratar seguros, do contrário, não podemos liberar nenhuma linha de crédito. E onde fica o Código de Defesa do Consumidor? É um caso de polícia. Tem cliente que está valendo mais morto do que vivo, de tanto seguro que tem. Temos que fazer o cliente contratar pacotes de serviços e somos obrigados a ir contra nossos princípios, pois sabemos muito bem que não é de livre e espontânea vontade aquela avalanche de débitos na conta do cliente. Quanto mais humilde, mais vulnerável ele fica. Fico envergonhada do meu trabalho. Onde estão nossos direitos de trabalhar dignamente? O que fizeram com nossa integridade moral? Os banqueiros são desumanos. Somos pobres bancários, vítimas dessas raposas.”

“Adoecemos sim. Tenho diversas tendinop atias (doenças nos tendões) e não as adquiri em casa. Só para ilustrar: já carreguei muitos malotes pesados com dinheiro e papéis. Separei caixas de relatórios para oitocentas agências envelopando e grampeando. Pergunta para Fenaban se grampear 800 vezes seguidas não é de adoecer?”

“O relato abaixo aconteceu no HSBC, que se diz um dos melhores bancos para se trabalhar. (Imagine então como são os outros). Ainda guardo comigo cópia destes e-mails, dos quais vou transcrever algumas linhas:
‘O gato subiu no telhado, cabeças vão rolar... Quem estiver na relação abaixo terá de vir à capital se justificar. E vou logo avisando, não vai ter hotel’, dizia o superintendente regional. Éramos colocados em uma salinha escura diant e do superintendente regional e o superintendente executivo. Isto aumentava a tensão e servia como castigo e exemplo para que outros ficassem com medo da tal reunião. Éramos expostos ao ridículo, contando detalhadamente cada caso e por que havíamos concedido crédito para determinado cliente que estava em atraso. A reunião geralmente acabava às 18h. Era um sacrifício para ir e voltar e ainda passava o dia todo sofrendo assédio moral. Isto me rendeu uma depressão. Fiquei afastado do trabalho por anos e sou dependente de vários medicamentos faixa preta. Minha esposa, quando me viu naquela situação, também entrou em depressão e perdeu um filho durante a gravidez. O HSBC destruiu nosso maior sonho. O problema de gestão que a Fenaban alega está na cúpula dos bancos, que treina seus executivos para utilizarem práticas nazistas e obter resultados fabulosos à custa, inclusive, de vidas.”

“O Santander está reduzindo o número de funcionários nas agências. Uma agência, que possuía quatro caixas atendendo corre o risco de ficar com apenas dois. Um já foi transferido. A agência ‘bomba’ de clientes e temos de escutar chacotas e insatisfações. Sem falar na área comercial, da falta de gerentes que não são repostos pelo banco. Informam que a agência perdeu a vaga. Os funcionários estão sobrecarregados, não tendo tempo de retornar as ligações aos clientes, de ter um bom atendimento. Mas temos de bater as metas abusivas que o Santander estipula. Estamos a ponto de pedir demissão, por não suportar a situação em que estão os funcionários oriundos do Real.”

“É importante vocês não esquecerem que bancário não é só quem está na agência. Por trás da agência existe uma gama enorme de pessoas trabalhando e sendo cobradas para que toda essa roda gire. Nos departamentos funcionários trabalham oito, dez, onze horas digitando, falando ao telefone, com o pescoço pendendo para o lado para segurar o fone e digitar ao mesmo tempo. Temos cobranças e mais cobranças e não temos reconhecimento; muitos funcionários ganham um salário baixo sob a alegação de que foram ‘incorporados à organização’, com salário diferente, que não dá para equiparar. Outro absurdo que acontece é quando o empregado é convocado para testemunhar a favor da empresa. Se não for é falta grave e ele pode perder seu emprego. E ainda te ensinam a mentir dizendo que você não pode mentir. Tenho mais de dez anos na área de financiamentos e vivo depressivo. Tenho muitas dores musculares nos ombros, região do pescoço, braços, punhos e coluna. As vistas enfraquecem devido ao tempo exposto diante do computador. Exigem curso superior, mas pergunte-me se consigo ir para a faculdade devido às horas a mais que tenho ficar trabalhando, o que piora ainda mais as dores que vão do pescoço e tomam todo o braço.”

“É um absurdo o caso dos funcionários que fazem banco de horas negativas para compensarem os sábados, sem direito ao vale-transporte e hora extra, pois no RH a jornada é de segunda a sexta-feira. Os funcionários trabalham mais de oito horas digitando o dia inteiro, só com intervalo para almoço. Esses funcionários, em pouco tempo, adquirem LER se afastando, apresentando atestados, adoecendo. Falta apoio para os pés já que alguns funcionários são de estatura baixa e necessitam do apoio. A equipe do crédito que trabalha de segunda à segunda com head-fones em péssimas condições com muito ruído. Digitam fichas por oito horas no dia e têm meta de análise que se não for cumprida, resulta em demissão.”

“Não recebemos adicional noturno quando trabalhamos após às 23h. Há funcionários que passam a noite trabalhando e para receber, às vezes, levam até três meses. Antes, é preciso da assinatura até do “papa”, comprovação de que isto está na CLT, de que é direito adquirido por lei.”

“Agora o BB e a Caixa querem se tornar um banco como os outros. Metas abusivas, o máximo de vendas casadas possíveis; quem se adaptar fica, quem não, está fora. Para o BB e a Caixa não existem mais escriturários e sim vendedores que, se possível, vendem até a mãe.”

“Podem chamar, a mim e muitos com o título de gerentes de módulos, de malabaristas do Banco do Brasil. Somos obrigados dar conta de atender dentro das agências para garantir o GAT, de realizar as vendas para cumprir as metas, fazer visitas aos clientes para buscar negócios e conferir os documentos da abertura da conta a formalização de contratos para cumprir o rating. E tudo isso tem que caber no horário de trabalho normal, pois hora extra é vista sob a ótica de ‘incontrole disciplinar’. As atividades não cabem dentro da jornada de trabalho. Com hora extra proibida, somos obrigados a mentir para os clientes, fazer venda casada, ouvir o cliente dizer ‘eu quero liquidar o meu empréstimo’ e temos que responder ‘olha, na agência não temos acesso ao seu saldo devedor. Preencha esse formulário e ven ha daqui a quinze dias que vamos lhe informar’. Tudo isso com o intuito de não deixar o crédito sair do banco. Aí temos que escolher de quem levar porrada: se do cliente, pois o gerente geral não vem para a frente de atendimento. Ou do gerente geral que cai de cima dizendo que não é pra liquidar empréstimo a qualquer custo. Enfim, é bonito o discurso sobre ética, respeito aos funcionários, clientes e a sociedade. Mas nos bastidores a realidade é outra, o funcionário dá graças a Deus quando chega a sexta-feira e começa sofrer no domingo à noite”.

“Infelizmente me sinto uma máquina trabalhando. Trabalho mais que o BDN (Bradesco Dia e Noite), às vezes sinto até inveja dele. Os bancos cada vez mais cortando funcionários enquanto a demanda de clientes só aumenta. É cruel entrar às 9h e sair mais de 17h40 sendo que fez só 15 minutos de almoço. O resto do tempo foi só atendendo uma fila imensa. E pára um pouco para você ver: é só reclamação. Tanto de gerente quanto de cliente. Se der diferença no final do dia você paga. ‘Quem mandou não prestar atenção’, dizem. Não somos máquinas.”

“Com certeza, além de nos explorarem, eles nos passam metas no início da semana. Se na metade fecharmos as metas eles nos passam o dobro para cumprirmos antes de findar a semana. Quando adoecemos ainda temos que ouvir piadas e chacotas. Como se fossemos obrigados a trabalhar doentes somente para não deixar o banco sem funcionários.”

“Realmente não há consideração nenhuma com o funcionário. O gerente, o superintendente tem metas para cumprir? Tem bônus pra receber? Quem sofre com isso são os analistas. Acho que a pressão na tecnologia é muito pior do que nas agências. Somos obrigados a virar noites. A ficar de plantão, caso algum sistema dê problema. Temos que dar conta de vários projetos ao mesmo tempo e mesmo que sinalizemos algum problema, a ordem é ‘se vira e implanta no prazo. Não quero saber de quem é o problema’. Temos um prazo e ele tem de ser cumprido, custe o que custar. Muitas vezes ao custo da saúde dos analistas.”

“Opa. Aí estão perguntas que todo bancário gostaria de responder com palavras ‘no popular’. Mas como sou educadinho, vou contar uma estória: Era uma vez um bancário que gostava do que fazia. Novinho de empresa que era, acreditava que o banco era uma empresa séria e justa. Um dia pediram para ele fazer um planejamento de metas participativo. Ele e seus coleguinhas se esforçaram e fizeram o trabalho. Um compromisso realizável e lucrativo para a empresa. Mandaram para seus chefes e uns dias depois receberam a resposta dos banqueiros. Os valores que eles podiam realizar foram aumentados em média 30% e, em alguns itens, 120%. E disseram que os bancários tinham assumido o compromisso de cumprir aquelas metas. Caso não cumprissem, perderiam suas gerências. E fim de papo. Depois de muitas dessas, o bancário ficou deprimido, doente e perdeu seu gosto pelo trabalho. Acho que a estorinha cabe bem na vida de muitos colegas de tão comum que é. Realmente banqueiro não sabe nada da vida de bancário.”

“Eu estou doente por causa do trabalho estressante na agência, com metas abusivas e acúmulo de serviços no caixa, tesouraria, além de cuidar dos terminais no auto-atendimento. Tenho LER/Dort e tendinopatia no ombro direito.”

“Infelizmente ser bancário hoje é tortura, sinônimo de doença. Tenho 21 anos de banco, o atual BB (antigo BNC). Estou afastada por tendinite e estamos trabalhando sem qualidade de vida, muita pressão. Os banqueiros estão acabando com nossa saúde, só pensam no lucro deles. Isso tem que mudar. Funcionário não é máquina não. Seria bom fazer um desafio e colocá-los um mês batendo de frente na rede de agências.”

“Como é trabalhar no call center de um banco? É torturante. Ouvimos o dia todo palavras de baixo calão e reclamações do banco, além do assédio moral por parte dos supervisores e metas extremamente abusivas. Os banqueiros acham que somos máquinas de fazer dinheiro para eles. Além de atendermos, ainda temos que vender e bater metas para eles poderem, nos finais de semana, andar de barco com suas famílias, ir ao exterior, fazer compras etc.”

“Vivemos sem apoio nenhum de nossos gestores pela inoperância dos sistemas que não são atualizados da forma como deveriam ser. Ao contrário disso, existe a cobrança exacerbada para as metas. Somos obrigados a vender tudo para todos, sem levar em questão a classe social e necessidade do cliente ao produto. Temos que at ender todas as ligações até o terceiro toque, não deixar nenhum cliente esperando e estar sorrindo o tempo inteiro. Além de seguir todas as questões institucionais que o banco nos pede. Impossível trabalhar dessa maneira.”

“Quero deixar meu testemunho de que estamos sendo tratados como se fôssemos incompetentes. Os gestores também estão sendo muito pressionados e com isso fazem muitas ameaças... as reuniões diárias são desestimulantes e tomam tempo... também não tem mais funcionários para atendimento ao público, gerando muita insatisfação e reclamação por parte dos clientes.”

“Este fato ocorreu há alguns anos e foi um dos piores momentos que já passei ao longo da minha carreira. Gerenciava uma equipe que conquistou uma campanha de vendas regional... antes da entrega da premiação, o diretor começou a "soltar os cachorros" devido aos resultados financeiros aquém do esperado (gerais, do ano anterior)... a tragédia n ão acabou naquela noite... alguns acabaram se desligando da empresa, e outros se afastaram por depressão (inclusive eu por um longo período onde estive à beira do suicídio e que causou grande desestruturação na minha família e o fim de muitos sonhos). Espero ter contribuído para que os representantes da Fenaban saibam o que acontece na vida real de quem realmente "trabalha" em banco. E que o assédio moral infelizmente é uma realidade absurda no nosso cotidiano. O responsável por todo este desastre ainda é diretor regional na instituição. Será que humilhação e assédio moral é um problema de "gestão" como eles dizem ou será que os executivos são treinados para utilizar esta metodologia e alcançar lucros cada vez mais astronômicos?”

“É lógico que o abuso em cobrar metas e o próprio estresse diário dos bancários devido ao número reduzido de funcionários nas agências acarretam mais e mais doenças aos mesmos. Por exemplo, os caixa s e atendentes. Trabalham sem parar por seis horas seguidas. É impossível não adoecer ou ficar com depressão. Se tivéssemos um número correto de funcionários nas agências e metas menos abusivas, certamente haveria muito menos afastamentos por doenças. Haveria mais funcionários satisfeitos e consequentemente melhor atendimento ao público.”

“Depois que o Santander, entrou parece que tudo piorou. As cobranças aumentaram, muitos colegas pediram para sair. Na agência onde trabalho eram oito funcionários e um estagiário, hoje somos seis e o estagiário vai sair. Como não ter problemas de saúde?”

“Tô no último de depressão e o nosso plano de Saúde Bradesco, nem pra pagar um psicólogo para nós. É só meta e mais metas.”

“Sou bancário há apenas dois anos, da CEF. Meu pai trabalhou por 30 anos no BB e sempre disse que o maior castigo seria se um filho dele virasse bancário. Não ouvi meu pai, achava que e ra exagero, mas vi que ele estava muito certo... sou o único funcionário do setor, não tenho função, faço duas horas extras por dia, mas mesmo assim, o volume de serviço só aumenta. Todos os setores são assim, agência pequena, poucos funcionários e o trabalho aumenta a cada dia. A cada dia me convenço mais que estudei muito para passar no concurso e não sou valorizado, só passo a existir quando a "meta" da agência é batida, daí vem o gerente dar aquele tapinha nas costas, mas quando não cumpro a meta o negócio é bem diferente. Será que um dia isso vai mudar?”

“O banco realmente não se interessa pela saúde de seus funcionários, no ano passado tive uma crise de estresse e precisei fazer um exame em uma sexta-feira... um gerente operacional não queria aceitar meu atestado dizendo que sexta-feira não é dia de ir ao médico, que funcionário tem de procurar médico que atenda no sábado.”

“Estou retornando de licença-m édica de síndrome do pânico e depressão por assédio moral no banco e foi solicitado pelo meu médico que fizessem mudança de função... o banco se recusou. Falaram que eu iria passar por uma reciclagem até assumir uma carteira e que seria de forma gradativa... não foi o que aconteceu. Estou tendo que entregar meta e bater 200% para fechar a meta geral.”

“Banqueiro quer ver o bancário como na época da escravidão. Trabalho, produção, metas. Quando adoecer, substitui por novos. Onde está a cidadania, o humanismo, qualidade de vida do ser humano?”

“5º dia útil. 10h a agência abre. Sinto como se uma manada de búfalos invadisse o local, tamanho o barulho e a agitação. O primeiro cliente senta. Sua senha está bloqueada. Pela trigésima vez cancelo suas letras, afinal ele já esqueceu a que foi impressa há cinco dias. Próximo! Quer empréstimo. Ótimo! Atualizo o cadastro. Vou até a mesa do gerente para que ele confirme a at ualização. Ali fico por uns 10 minutos, até que ele note a minha presença ou me dê a chance de falar o que preciso. Quando isso ocorre, ele atende meu pedido com olhar que significa: “Menina chata, de novo aqui pedindo coisas!” Volto ao cliente, mas seu empréstimo não é liberado, pois ele teve alguns atrasos no passado. Tento de tudo, mas sem sucesso... Próximo! Quer aumentar o limite do cartão. Faço o aumento. Vou até o gerente para deferir. Ele me diz: “O cliente comprou algum produto? Volte lá e ofereça uma Capitalização". Volto e ofereço. O cliente não quer, mesmo diante de todos os meus argumentos. Volto ao gerente, peço novamente para ele deferir o aumento de limite do cartão. “Mas ele fez a Capitalização?” Com o olhar enfurecido e relutante, após quase 30 minutos consigo que o limite seja liberado. Assim segue o dia. Entre ofertas de produtos e negativas de clientes, entre cobrança de metas dos superiores e entre olhares penetrantes c om um mix de ódio, estresse e cobrança. 16h. As portas se fecham. O gerente fala do resultado do dia e diz que precisamos fazer mais. Temos uma meta de 300 pacotes de tarifas e 50.000 de Capitalização para cumprir em três dias. Rio por dentro e me comprometo a fazer o meu melhor. Olho os caixas indo embora e volto à minha pilha de papel. Pendências acumuladas durante o dia que precisam ser resolvidas, independente de o ponto ter caído. Dia do pagamento. Olho meu holerite. Lágrimas escorrem!”

“Sou funcionário do BB e estou afastado desde novembro de 2003. Inicialmente com tendinites não reconhecidas como acidente de trabalho. Ao longo deste período desenvolvi além das tendinopatias crônicas, síndrome do túnel do carpo, pneumonia com sequela, problemas cardíacos com cinco procedimentos cirúrgicos e sem cura. Hoje só recebo pelo INSS por determinação judicial. Perdemos direitos como auxílio-alimentação e PLR no momento em que mais neces sitamos e estamos vulneráveis. Desenvolvemos uma série de problemas de saúde pelas dificuldades financeiras que nós e nossas famílias passamos pela perda dos direitos. É preciso conquistar esses direitos.”

"O próprio banco faz questão de colocar um bancário contra o outro. Metas abusivas, competição desigual, relacionamentos promíscuos - onde não basta ser bom de trabalho para conseguir um bom cargo, mas sim contatos subalternos para melhorar seus crescimento - Quem não compartilha dessa idéia fica à margem do ambiente bancário. Tudo isso gera doenças da alma que explodem no corpo. Nessa hora, o banco e seus algozes são os primeiros a se isentarem da responsabilidade na saúde do funcionário."

"Lamentável a posição destes representantes dos banqueiros que desconhecem o que acontece dentro de agências e departamentos. Até em momentos de negociação eles causam estresses desnecessários, fazendo pouco caso dos esforços d os bancários."
"> Impressionante como são recorrentes as queixas sobre sobrecarga de trabalho, metas abusivas e assédio moral.

Até quando os bancos continuarão tratando os bancários, que são os responsáveis diretos pelos lucros estrondosos, como escravos?


Relatos sobre o que é ser bancário, colhidos do site do sindicado de São Paulo.




"Chego na agência e começo meu atendimento com os clientes. Mas, antes de abrir, a agência a frase '1000 pontos é seu contrato de trabalho, para garantir seu emprego tem de bater a meta'. O Itaú quer ética e transparência. Como obter isso, com a obrigação de vender cada vez mais e mais? Preciso do meu emprego, mas assim é dificil trabalhar."

"No BB, para se cumprir as metas, o risco fica quase sempre por conta do bancário e não do banqueiro. Se formos seguir as instruções de forma ferrenha, não sai quase nada de negócio no BB e aí vêm os descomissionamento, ameaças, assédio etc."

"Existe horário de almoço para coordenador do banco Sa ntander? Temos de ser caixa, cuidar da tesouraria, processos, abastecer autoatendimento, atender, vender, ler outloks, normativos, atender telefones, não fazer horas extras, tudo isso em oito horas por dia."

"Trabalho na CABB há seis meses e sempre acreditei no serviço público, embora neste breve período já tenha percebido que o BB está muito aquém do desejável, quer se considere o reconhecimento pelo seu quadro de funcionários, quer se considere o serviço entregue à sociedade. Tenho notado o esforço de todos da central em oferecer os produtos do banco, tais como sms e empréstimos, e tenho ficado chocado com os números obtidos por atentendes que chegam a vender R$ 40 mil, R$ 50 mil por dia em CDCs. Em contrapartida, não sinto que haja uma política realista de valorização de funcionários. A rotina na CABB é estafante. Atendemos diversos 'skills' sem pausas porque as ligações caem uma depois da outra. Só pra ter uma ideia, temos de atender SAC, cartão, transações bancárias e agora restituição de imposto de renda que, com o cronograma deste ano, aumenta sobremaneira a quantidade de trabalho, levando os funcionarios a um estado de irritação que é extravasado nos horários de pausa na sala de refeição."

"Trabalho no Bradesco. Exigem que vendamos, que façamos visitas, que solucionemos os problemas, que participemos de comitês e sem fazer hora extra. Sofremos com a falta de funcionários em todos os setores da agência e, quando o cliente chega, ainda temos de sorrir! Fora os diversos funcionários que exercem os cargos de gere ncia e gerente assistente e ganham como caixa e atendente. Temos, sim, de lutar pelos nossos direitos!"

"Como funcionário do BB há 27 anos, nunca vi tamanha barbaridade que estão fazendo com os funcionários. Sofri assédio moral, perseguições, descomissionamento, metas e mais metas, pressões de todos os lados. Ganhei tendinite, gastrite nervosa, tiques nervosos, depressão, ansiedade generalizada, gastos com terapia psicológica, antidepressivos, calmantes, anti-inflamatórios e ainda tive de ouvir que estou "fora da casinha". Sempre fui o melhor vendedor da agência e nem assim tiveram consideração. Entrei com ação na Justiça Trabalhista e graças a isso me deixaram em paz. Esse é o BB dos novos tempos."

"Trabalhamos de sete a nove horas seguidas, nos dias de maior movimento, com int ervalo de 15 minuntos pra engolir rapidamente a comida e voltar pro caixa. Na quarta, você já está cansado e, na sexta, torcendo para acabar logo. O gerente cobrando o tempo do GAT. Após o fim da fila ele já está com os envelopes na mão para você processar e no final do dia, friozinho na barriga na hora de fechar o caixa. Assim é o dia a dia de muitos caixas no BB."

"Sou um pobre escriturário que trabalha em uma agência com oito funcionários numa cidade de mais de 100 mil habitantes. Sou responsável pela inadimplência, DRS, Agro, ajudo também no controle do GAT, PF e PJ e ainda abro caixa quando precisa."

"Trabalho (atualmente est ou afastada) em uma agência onde o fluxo de pessoas é enorme. Além disso, foi reduzido o número de pessoas e entraram pessoas novas de banco no lugar das antigas. Na saída de pessoas experientes e troca de gerente da agência toda a responsabilidade e dúvidas ficaram em cima de mim. Além de tudo isso, as metas para emprestar dinheiro aumentaram drasticamente (digamos uns 600%). Acabei surtando na agência e não conseguia sequer atender o telefone dentro de minha própria casa. Fique muitos dias sem dormir, e chegando na agência, dando o máximo de mim, não aguentei. Chorava, fiquei com diarréia fortíssima, não conseguia sequer atravessar uma rua. Tenho apenas 24 anos e estou 'vegetando', dando trabalho às pessoas que amo. Estou perdendo minha vida em casa, esqueço do que vou fazer, enfim, do jeito que tá não pode ficar. Provavelmente, quando voltar, serei demitida, pois pessoas como eu que saem afastadas, como já ouvi da chefia "são fracas", "não pode aco ntecer isso tem, que agentar o tranco".

"Nós, do SAC, vivemos com reclamações diárias e agora, mais do que nunca, com absurdos que o Santander tem feito com seus clientes, como, por exemplo, o atraso na entrega dos cartões por mais de 30 dias. A empresa terceirizada não nos abastece de informações sobre o andamento da entrega e ficamos sem argumentos. Nós, que éramos do Real, estamos vivendo uma verdadeira tortura. A demanda aumentou, funcionários desgatadados, doentes, sem apoio da supervisão. Quando reclamamos que não estamos mais aguentando, temos a resposta de que há um monte de terceirizados esperando nossas fraquezas, que temos muitas mordomias, risadas sarcásticas, comentários aos cantos. O SAC Call Center não tem uma sala de reuniões e quando vamos conversar com supervisão, é feito ali, diante de todos os colegas, deixando a situação exposta onde a supervisão demonstra sua 'autoridade', ridicularizando. Estamos vendo funcionários de muitos anos perdendo sua produtividade, doentes, sendo demitidos, perdendo anos de dedicação, quando deram seu sangue, lutaram e agora simplesmente estão no mercado."

"Sou funcionário do BB e, em minha agência, foram remanejados três funcionários em apenas quatro meses por causa da pressão por vendas do novo administrador. Um assistente e duas gerentes PJ, sendo que uma delas pediu afastamento por não aguentar mais a pressão e a outra saiu aos prantos da agência se despedindo dos outros funcionários. É cobranca diária pelo administrador, humilhações, metas abusivas e impossíveis de serem cumpridas. Regional ligando duas vezes ao dia cobrando e quadro na parede com nome dos funcionários e quantidade de produtos vendidos. Minha agência está uma pressão insuportável. O próprio administrador ja falou que quem quem não aguentar a pressão pode sair, pois não vai mudar."
"Eu trabalho há oito anos no BB e o que vejo é que cada vez mais o banco está mudando para pior, fazendo com que as agências diminuam o número de funcionários e aumentando a quantidade de trabalho. Só no meu setor, quatro funcionários foram embora para outras agências e não colocaram ninguém no lugar. Se preciso ir a uma consulta, tenho de ir após o expediente ou no sábado porque se eu não cumprir o meu horário serei cobrada para cumpri-lo em outro dia. Trabalhar doente é uma rotina habitual. "

"Sou da época do Santander, todos da minha época foram mandados embora outros sentiram-se tão pressionados que pediram a conta. Sou da área de financiamentos e também estou me sentindo pre ssionada, pois não estão me dando condições de bater metas e estão contratando novos operadores com salário superior e condições para bater meta. Não sei o que fazer. Sempre trabalhei de finais de semana e feriados para bater metas."

“Temos que engolir, após anos de doação à empresa, que somos inúteis. Hoje o que conta é vender, vender e vender. Não fomos contratados para ser vendedores."

“Há 20 anos sou bancária. Trabalhei no Real, que lamentavelmente virou Santander. Minha rotina se resume a reuniões massacrantes e ameaçadoras feitas por nosso gerente, que também é vitima de seu gerente regional. Tudo que fazemos é p ouco; parece até um saco sem fundo. Temos que fazer o cliente contratar seguros, do contrário, não podemos liberar nenhuma linha de crédito. E onde fica o Código de Defesa do Consumidor? É um caso de polícia. Tem cliente que está valendo mais morto do que vivo, de tanto seguro que tem. Temos que fazer o cliente contratar pacotes de serviços e somos obrigados a ir contra nossos princípios, pois sabemos muito bem que não é de livre e espontânea vontade aquela avalanche de débitos na conta do cliente. Quanto mais humilde, mais vulnerável ele fica. Fico envergonhada do meu trabalho. Onde estão nossos direitos de trabalhar dignamente? O que fizeram com nossa integridade moral? Os banqueiros são desumanos. Somos pobres bancários, vítimas dessas raposas.”

“Adoecemos sim. Tenho diversas tendinop atias (doenças nos tendões) e não as adquiri em casa. Só para ilustrar: já carreguei muitos malotes pesados com dinheiro e papéis. Separei caixas de relatórios para oitocentas agências envelopando e grampeando. Pergunta para Fenaban se grampear 800 vezes seguidas não é de adoecer?”

“O relato abaixo aconteceu no HSBC, que se diz um dos melhores bancos para se trabalhar. (Imagine então como são os outros). Ainda guardo comigo cópia destes e-mails, dos quais vou transcrever algumas linhas:
‘O gato subiu no telhado, cabeças vão rolar... Quem estiver na relação abaixo terá de vir à capital se justificar. E vou logo avisando, não vai ter hotel’, dizia o superintendente regional. Éramos colocados em uma salinha escura diant e do superintendente regional e o superintendente executivo. Isto aumentava a tensão e servia como castigo e exemplo para que outros ficassem com medo da tal reunião. Éramos expostos ao ridículo, contando detalhadamente cada caso e por que havíamos concedido crédito para determinado cliente que estava em atraso. A reunião geralmente acabava às 18h. Era um sacrifício para ir e voltar e ainda passava o dia todo sofrendo assédio moral. Isto me rendeu uma depressão. Fiquei afastado do trabalho por anos e sou dependente de vários medicamentos faixa preta. Minha esposa, quando me viu naquela situação, também entrou em depressão e perdeu um filho durante a gravidez. O HSBC destruiu nosso maior sonho. O problema de gestão que a Fenaban alega está na cúpula dos bancos, que treina seus executivos para utilizarem práticas nazistas e obter resultados fabulosos à custa, inclusive, de vidas.”

“O Santander está reduzindo o número de funcionários nas agências. Uma agência, que possuía quatro caixas atendendo corre o risco de ficar com apenas dois. Um já foi transferido. A agência ‘bomba’ de clientes e temos de escutar chacotas e insatisfações. Sem falar na área comercial, da falta de gerentes que não são repostos pelo banco. Informam que a agência perdeu a vaga. Os funcionários estão sobrecarregados, não tendo tempo de retornar as ligações aos clientes, de ter um bom atendimento. Mas temos de bater as metas abusivas que o Santander estipula. Estamos a ponto de pedir demissão, por não suportar a situação em que estão os funcionários oriundos do Real.”

“É importante vocês não esquecerem que bancário não é só quem está na agência. Por trás da agência existe uma gama enorme de pessoas trabalhando e sendo cobradas para que toda essa roda gire. Nos departamentos funcionários trabalham oito, dez, onze horas digitando, falando ao telefone, com o pescoço pendendo para o lado para segurar o fone e digitar ao mesmo tempo. Temos cobranças e mais cobranças e não temos reconhecimento; muitos funcionários ganham um salário baixo sob a alegação de que foram ‘incorporados à organização’, com salário diferente, que não dá para equiparar. Outro absurdo que acontece é quando o empregado é convocado para testemunhar a favor da empresa. Se não for é falta grave e ele pode perder seu emprego. E ainda te ensinam a mentir dizendo que você não pode mentir. Tenho mais de dez anos na área de financiamentos e vivo depressivo. Tenho muitas dores musculares nos ombros, região do pescoço, braços, punhos e coluna. As vistas enfraquecem devido ao tempo exposto diante do computador. Exigem curso superior, mas pergunte-me se consigo ir para a faculdade devido às horas a mais que tenho ficar trabalhando, o que piora ainda mais as dores que vão do pescoço e tomam todo o braço.”

“É um absurdo o caso dos funcionários que fazem banco de horas negativas para compensarem os sábados, sem direito ao vale-transporte e hora extra, pois no RH a jornada é de segunda a sexta-feira. Os funcionários trabalham mais de oito horas digitando o dia inteiro, só com intervalo para almoço. Esses funcionários, em pouco tempo, adquirem LER se afastando, apresentando atestados, adoecendo. Falta apoio para os pés já que alguns funcionários são de estatura baixa e necessitam do apoio. A equipe do crédito que trabalha de segunda à segunda com head-fones em péssimas condições com muito ruído. Digitam fichas por oito horas no dia e têm meta de análise que se não for cumprida, resulta em demissão.”

“Não recebemos adicional noturno quando trabalhamos após às 23h. Há funcionários que passam a noite trabalhando e para receber, às vezes, levam até três meses. Antes, é preciso da assinatura até do “papa”, comprovação de que isto está na CLT, de que é direito adquirido por lei.”

“Agora o BB e a Caixa querem se tornar um banco como os outros. Metas abusivas, o máximo de vendas casadas possíveis; quem se adaptar fica, quem não, está fora. Para o BB e a Caixa não existem mais escriturários e sim vendedores que, se possível, vendem até a mãe.”

“Podem chamar, a mim e muitos com o título de gerentes de módulos, de malabaristas do Banco do Brasil. Somos obrigados dar conta de atender dentro das agências para garantir o GAT, de realizar as vendas para cumprir as metas, fazer visitas aos clientes para buscar negócios e conferir os documentos da abertura da conta a formalização de contratos para cumprir o rating. E tudo isso tem que caber no horário de trabalho normal, pois hora extra é vista sob a ótica de ‘incontrole disciplinar’. As atividades não cabem dentro da jornada de trabalho. Com hora extra proibida, somos obrigados a mentir para os clientes, fazer venda casada, ouvir o cliente dizer ‘eu quero liquidar o meu empréstimo’ e temos que responder ‘olha, na agência não temos acesso ao seu saldo devedor. Preencha esse formulário e ven ha daqui a quinze dias que vamos lhe informar’. Tudo isso com o intuito de não deixar o crédito sair do banco. Aí temos que escolher de quem levar porrada: se do cliente, pois o gerente geral não vem para a frente de atendimento. Ou do gerente geral que cai de cima dizendo que não é pra liquidar empréstimo a qualquer custo. Enfim, é bonito o discurso sobre ética, respeito aos funcionários, clientes e a sociedade. Mas nos bastidores a realidade é outra, o funcionário dá graças a Deus quando chega a sexta-feira e começa sofrer no domingo à noite”.

“Infelizmente me sinto uma máquina trabalhando. Trabalho mais que o BDN (Bradesco Dia e Noite), às vezes sinto até inveja dele. Os bancos cada vez mais cortando funcionários enquanto a demanda de clientes só aumenta. É cruel entrar às 9h e sair mais de 17h40 sendo que fez só 15 minutos de almoço. O resto do tempo foi só atendendo uma fila imensa. E pára um pouco para você ver: é só reclamação. Tanto de gerente quanto de cliente. Se der diferença no final do dia você paga. ‘Quem mandou não prestar atenção’, dizem. Não somos máquinas.”

“Com certeza, além de nos explorarem, eles nos passam metas no início da semana. Se na metade fecharmos as metas eles nos passam o dobro para cumprirmos antes de findar a semana. Quando adoecemos ainda temos que ouvir piadas e chacotas. Como se fossemos obrigados a trabalhar doentes somente para não deixar o banco sem funcionários.”

“Realmente não há consideração nenhuma com o funcionário. O gerente, o superintendente tem metas para cumprir? Tem bônus pra receber? Quem sofre com isso são os analistas. Acho que a pressão na tecnologia é muito pior do que nas agências. Somos obrigados a virar noites. A ficar de plantão, caso algum sistema dê problema. Temos que dar conta de vários projetos ao mesmo tempo e mesmo que sinalizemos algum problema, a ordem é ‘se vira e implanta no prazo. Não quero saber de quem é o problema’. Temos um prazo e ele tem de ser cumprido, custe o que custar. Muitas vezes ao custo da saúde dos analistas.”

“Opa. Aí estão perguntas que todo bancário gostaria de responder com palavras ‘no popular’. Mas como sou educadinho, vou contar uma estória: Era uma vez um bancário que gostava do que fazia. Novinho de empresa que era, acreditava que o banco era uma empresa séria e justa. Um dia pediram para ele fazer um planejamento de metas participativo. Ele e seus coleguinhas se esforçaram e fizeram o trabalho. Um compromisso realizável e lucrativo para a empresa. Mandaram para seus chefes e uns dias depois receberam a resposta dos banqueiros. Os valores que eles podiam realizar foram aumentados em média 30% e, em alguns itens, 120%. E disseram que os bancários tinham assumido o compromisso de cumprir aquelas metas. Caso não cumprissem, perderiam suas gerências. E fim de papo. Depois de muitas dessas, o bancário ficou deprimido, doente e perdeu seu gosto pelo trabalho. Acho que a estorinha cabe bem na vida de muitos colegas de tão comum que é. Realmente banqueiro não sabe nada da vida de bancário.”

“Eu estou doente por causa do trabalho estressante na agência, com metas abusivas e acúmulo de serviços no caixa, tesouraria, além de cuidar dos terminais no auto-atendimento. Tenho LER/Dort e tendinopatia no ombro direito.”

“Infelizmente ser bancário hoje é tortura, sinônimo de doença. Tenho 21 anos de banco, o atual BB (antigo BNC). Estou afastada por tendinite e estamos trabalhando sem qualidade de vida, muita pressão. Os banqueiros estão acabando com nossa saúde, só pensam no lucro deles. Isso tem que mudar. Funcionário não é máquina não. Seria bom fazer um desafio e colocá-los um mês batendo de frente na rede de agências.”

“Como é trabalhar no call center de um banco? É torturante. Ouvimos o dia todo palavras de baixo calão e reclamações do banco, além do assédio moral por parte dos supervisores e metas extremamente abusivas. Os banqueiros acham que somos máquinas de fazer dinheiro para eles. Além de atendermos, ainda temos que vender e bater metas para eles poderem, nos finais de semana, andar de barco com suas famílias, ir ao exterior, fazer compras etc.”

“Vivemos sem apoio nenhum de nossos gestores pela inoperância dos sistemas que não são atualizados da forma como deveriam ser. Ao contrário disso, existe a cobrança exacerbada para as metas. Somos obrigados a vender tudo para todos, sem levar em questão a classe social e necessidade do cliente ao produto. Temos que at ender todas as ligações até o terceiro toque, não deixar nenhum cliente esperando e estar sorrindo o tempo inteiro. Além de seguir todas as questões institucionais que o banco nos pede. Impossível trabalhar dessa maneira.”

“Quero deixar meu testemunho de que estamos sendo tratados como se fôssemos incompetentes. Os gestores também estão sendo muito pressionados e com isso fazem muitas ameaças... as reuniões diárias são desestimulantes e tomam tempo... também não tem mais funcionários para atendimento ao público, gerando muita insatisfação e reclamação por parte dos clientes.”

“Este fato ocorreu há alguns anos e foi um dos piores momentos que já passei ao longo da minha carreira. Gerenciava uma equipe que conquistou uma campanha de vendas regional... antes da entrega da premiação, o diretor começou a "soltar os cachorros" devido aos resultados financeiros aquém do esperado (gerais, do ano anterior)... a tragédia n ão acabou naquela noite... alguns acabaram se desligando da empresa, e outros se afastaram por depressão (inclusive eu por um longo período onde estive à beira do suicídio e que causou grande desestruturação na minha família e o fim de muitos sonhos). Espero ter contribuído para que os representantes da Fenaban saibam o que acontece na vida real de quem realmente "trabalha" em banco. E que o assédio moral infelizmente é uma realidade absurda no nosso cotidiano. O responsável por todo este desastre ainda é diretor regional na instituição. Será que humilhação e assédio moral é um problema de "gestão" como eles dizem ou será que os executivos são treinados para utilizar esta metodologia e alcançar lucros cada vez mais astronômicos?”

“É lógico que o abuso em cobrar metas e o próprio estresse diário dos bancários devido ao número reduzido de funcionários nas agências acarretam mais e mais doenças aos mesmos. Por exemplo, os caixa s e atendentes. Trabalham sem parar por seis horas seguidas. É impossível não adoecer ou ficar com depressão. Se tivéssemos um número correto de funcionários nas agências e metas menos abusivas, certamente haveria muito menos afastamentos por doenças. Haveria mais funcionários satisfeitos e consequentemente melhor atendimento ao público.”

“Depois que o Santander, entrou parece que tudo piorou. As cobranças aumentaram, muitos colegas pediram para sair. Na agência onde trabalho eram oito funcionários e um estagiário, hoje somos seis e o estagiário vai sair. Como não ter problemas de saúde?”

“Tô no último de depressão e o nosso plano de Saúde Bradesco, nem pra pagar um psicólogo para nós. É só meta e mais metas.”

“Sou bancário há apenas dois anos, da CEF. Meu pai trabalhou por 30 anos no BB e sempre disse que o maior castigo seria se um filho dele virasse bancário. Não ouvi meu pai, achava que e ra exagero, mas vi que ele estava muito certo... sou o único funcionário do setor, não tenho função, faço duas horas extras por dia, mas mesmo assim, o volume de serviço só aumenta. Todos os setores são assim, agência pequena, poucos funcionários e o trabalho aumenta a cada dia. A cada dia me convenço mais que estudei muito para passar no concurso e não sou valorizado, só passo a existir quando a "meta" da agência é batida, daí vem o gerente dar aquele tapinha nas costas, mas quando não cumpro a meta o negócio é bem diferente. Será que um dia isso vai mudar?”

“O banco realmente não se interessa pela saúde de seus funcionários, no ano passado tive uma crise de estresse e precisei fazer um exame em uma sexta-feira... um gerente operacional não queria aceitar meu atestado dizendo que sexta-feira não é dia de ir ao médico, que funcionário tem de procurar médico que atenda no sábado.”

“Estou retornando de licença-m édica de síndrome do pânico e depressão por assédio moral no banco e foi solicitado pelo meu médico que fizessem mudança de função... o banco se recusou. Falaram que eu iria passar por uma reciclagem até assumir uma carteira e que seria de forma gradativa... não foi o que aconteceu. Estou tendo que entregar meta e bater 200% para fechar a meta geral.”

“Banqueiro quer ver o bancário como na época da escravidão. Trabalho, produção, metas. Quando adoecer, substitui por novos. Onde está a cidadania, o humanismo, qualidade de vida do ser humano?”

“5º dia útil. 10h a agência abre. Sinto como se uma manada de búfalos invadisse o local, tamanho o barulho e a agitação. O primeiro cliente senta. Sua senha está bloqueada. Pela trigésima vez cancelo suas letras, afinal ele já esqueceu a que foi impressa há cinco dias. Próximo! Quer empréstimo. Ótimo! Atualizo o cadastro. Vou até a mesa do gerente para que ele confirme a at ualização. Ali fico por uns 10 minutos, até que ele note a minha presença ou me dê a chance de falar o que preciso. Quando isso ocorre, ele atende meu pedido com olhar que significa: “Menina chata, de novo aqui pedindo coisas!” Volto ao cliente, mas seu empréstimo não é liberado, pois ele teve alguns atrasos no passado. Tento de tudo, mas sem sucesso... Próximo! Quer aumentar o limite do cartão. Faço o aumento. Vou até o gerente para deferir. Ele me diz: “O cliente comprou algum produto? Volte lá e ofereça uma Capitalização". Volto e ofereço. O cliente não quer, mesmo diante de todos os meus argumentos. Volto ao gerente, peço novamente para ele deferir o aumento de limite do cartão. “Mas ele fez a Capitalização?” Com o olhar enfurecido e relutante, após quase 30 minutos consigo que o limite seja liberado. Assim segue o dia. Entre ofertas de produtos e negativas de clientes, entre cobrança de metas dos superiores e entre olhares penetrantes c om um mix de ódio, estresse e cobrança. 16h. As portas se fecham. O gerente fala do resultado do dia e diz que precisamos fazer mais. Temos uma meta de 300 pacotes de tarifas e 50.000 de Capitalização para cumprir em três dias. Rio por dentro e me comprometo a fazer o meu melhor. Olho os caixas indo embora e volto à minha pilha de papel. Pendências acumuladas durante o dia que precisam ser resolvidas, independente de o ponto ter caído. Dia do pagamento. Olho meu holerite. Lágrimas escorrem!”

“Sou funcionário do BB e estou afastado desde novembro de 2003. Inicialmente com tendinites não reconhecidas como acidente de trabalho. Ao longo deste período desenvolvi além das tendinopatias crônicas, síndrome do túnel do carpo, pneumonia com sequela, problemas cardíacos com cinco procedimentos cirúrgicos e sem cura. Hoje só recebo pelo INSS por determinação judicial. Perdemos direitos como auxílio-alimentação e PLR no momento em que mais neces sitamos e estamos vulneráveis. Desenvolvemos uma série de problemas de saúde pelas dificuldades financeiras que nós e nossas famílias passamos pela perda dos direitos. É preciso conquistar esses direitos.”

"O próprio banco faz questão de colocar um bancário contra o outro. Metas abusivas, competição desigual, relacionamentos promíscuos - onde não basta ser bom de trabalho para conseguir um bom cargo, mas sim contatos subalternos para melhorar seus crescimento - Quem não compartilha dessa idéia fica à margem do ambiente bancário. Tudo isso gera doenças da alma que explodem no corpo. Nessa hora, o banco e seus algozes são os primeiros a se isentarem da responsabilidade na saúde do funcionário."

"Lamentável a posição destes representantes dos banqueiros que desconhecem o que acontece dentro de agências e departamentos. Até em momentos de negociação eles causam estresses desnecessários, fazendo pouco caso dos esforços d os bancários."
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Notícias

Relatos sobre a rotina de trabalho

20/09/11

Impressionante como são recorrentes as queixas sobre sobrecarga de trabalho, metas abusivas e assédio moral.


Até quando os bancos continuarão tratando os bancários, que são os responsáveis diretos pelos lucros estrondosos, como escravos?


Relatos sobre o que é ser bancário, colhidos do site do sindicado de São Paulo.




"Chego na agência e começo meu atendimento com os clientes. Mas, antes de abrir, a agência a frase '1000 pontos é seu contrato de trabalho, para garantir seu emprego tem de bater a meta'. O Itaú quer ética e transparência. Como obter isso, com a obrigação de vender cada vez mais e mais? Preciso do meu emprego, mas assim é dificil trabalhar."

"No BB, para se cumprir as metas, o risco fica quase sempre por conta do bancário e não do banqueiro. Se formos seguir as instruções de forma ferrenha, não sai quase nada de negócio no BB e aí vêm os descomissionamento, ameaças, assédio etc."

"Existe horário de almoço para coordenador do banco Sa ntander? Temos de ser caixa, cuidar da tesouraria, processos, abastecer autoatendimento, atender, vender, ler outloks, normativos, atender telefones, não fazer horas extras, tudo isso em oito horas por dia."

"Trabalho na CABB há seis meses e sempre acreditei no serviço público, embora neste breve período já tenha percebido que o BB está muito aquém do desejável, quer se considere o reconhecimento pelo seu quadro de funcionários, quer se considere o serviço entregue à sociedade. Tenho notado o esforço de todos da central em oferecer os produtos do banco, tais como sms e empréstimos, e tenho ficado chocado com os números obtidos por atentendes que chegam a vender R$ 40 mil, R$ 50 mil por dia em CDCs. Em contrapartida, não sinto que haja uma política realista de valorização de funcionários. A rotina na CABB é estafante. Atendemos diversos 'skills' sem pausas porque as ligações caem uma depois da outra. Só pra ter uma ideia, temos de atender SAC, cartão, transações bancárias e agora restituição de imposto de renda que, com o cronograma deste ano, aumenta sobremaneira a quantidade de trabalho, levando os funcionarios a um estado de irritação que é extravasado nos horários de pausa na sala de refeição."

"Trabalho no Bradesco. Exigem que vendamos, que façamos visitas, que solucionemos os problemas, que participemos de comitês e sem fazer hora extra. Sofremos com a falta de funcionários em todos os setores da agência e, quando o cliente chega, ainda temos de sorrir! Fora os diversos funcionários que exercem os cargos de gere ncia e gerente assistente e ganham como caixa e atendente. Temos, sim, de lutar pelos nossos direitos!"

"Como funcionário do BB há 27 anos, nunca vi tamanha barbaridade que estão fazendo com os funcionários. Sofri assédio moral, perseguições, descomissionamento, metas e mais metas, pressões de todos os lados. Ganhei tendinite, gastrite nervosa, tiques nervosos, depressão, ansiedade generalizada, gastos com terapia psicológica, antidepressivos, calmantes, anti-inflamatórios e ainda tive de ouvir que estou "fora da casinha". Sempre fui o melhor vendedor da agência e nem assim tiveram consideração. Entrei com ação na Justiça Trabalhista e graças a isso me deixaram em paz. Esse é o BB dos novos tempos."

"Trabalhamos de sete a nove horas seguidas, nos dias de maior movimento, com int ervalo de 15 minuntos pra engolir rapidamente a comida e voltar pro caixa. Na quarta, você já está cansado e, na sexta, torcendo para acabar logo. O gerente cobrando o tempo do GAT. Após o fim da fila ele já está com os envelopes na mão para você processar e no final do dia, friozinho na barriga na hora de fechar o caixa. Assim é o dia a dia de muitos caixas no BB."

"Sou um pobre escriturário que trabalha em uma agência com oito funcionários numa cidade de mais de 100 mil habitantes. Sou responsável pela inadimplência, DRS, Agro, ajudo também no controle do GAT, PF e PJ e ainda abro caixa quando precisa."

"Trabalho (atualmente est ou afastada) em uma agência onde o fluxo de pessoas é enorme. Além disso, foi reduzido o número de pessoas e entraram pessoas novas de banco no lugar das antigas. Na saída de pessoas experientes e troca de gerente da agência toda a responsabilidade e dúvidas ficaram em cima de mim. Além de tudo isso, as metas para emprestar dinheiro aumentaram drasticamente (digamos uns 600%). Acabei surtando na agência e não conseguia sequer atender o telefone dentro de minha própria casa. Fique muitos dias sem dormir, e chegando na agência, dando o máximo de mim, não aguentei. Chorava, fiquei com diarréia fortíssima, não conseguia sequer atravessar uma rua. Tenho apenas 24 anos e estou 'vegetando', dando trabalho às pessoas que amo. Estou perdendo minha vida em casa, esqueço do que vou fazer, enfim, do jeito que tá não pode ficar. Provavelmente, quando voltar, serei demitida, pois pessoas como eu que saem afastadas, como já ouvi da chefia "são fracas", "não pode aco ntecer isso tem, que agentar o tranco".

"Nós, do SAC, vivemos com reclamações diárias e agora, mais do que nunca, com absurdos que o Santander tem feito com seus clientes, como, por exemplo, o atraso na entrega dos cartões por mais de 30 dias. A empresa terceirizada não nos abastece de informações sobre o andamento da entrega e ficamos sem argumentos. Nós, que éramos do Real, estamos vivendo uma verdadeira tortura. A demanda aumentou, funcionários desgatadados, doentes, sem apoio da supervisão. Quando reclamamos que não estamos mais aguentando, temos a resposta de que há um monte de terceirizados esperando nossas fraquezas, que temos muitas mordomias, risadas sarcásticas, comentários aos cantos. O SAC Call Center não tem uma sala de reuniões e quando vamos conversar com supervisão, é feito ali, diante de todos os colegas, deixando a situação exposta onde a supervisão demonstra sua 'autoridade', ridicularizando. Estamos vendo funcionários de muitos anos perdendo sua produtividade, doentes, sendo demitidos, perdendo anos de dedicação, quando deram seu sangue, lutaram e agora simplesmente estão no mercado."

"Sou funcionário do BB e, em minha agência, foram remanejados três funcionários em apenas quatro meses por causa da pressão por vendas do novo administrador. Um assistente e duas gerentes PJ, sendo que uma delas pediu afastamento por não aguentar mais a pressão e a outra saiu aos prantos da agência se despedindo dos outros funcionários. É cobranca diária pelo administrador, humilhações, metas abusivas e impossíveis de serem cumpridas. Regional ligando duas vezes ao dia cobrando e quadro na parede com nome dos funcionários e quantidade de produtos vendidos. Minha agência está uma pressão insuportável. O próprio administrador ja falou que quem quem não aguentar a pressão pode sair, pois não vai mudar."
"Eu trabalho há oito anos no BB e o que vejo é que cada vez mais o banco está mudando para pior, fazendo com que as agências diminuam o número de funcionários e aumentando a quantidade de trabalho. Só no meu setor, quatro funcionários foram embora para outras agências e não colocaram ninguém no lugar. Se preciso ir a uma consulta, tenho de ir após o expediente ou no sábado porque se eu não cumprir o meu horário serei cobrada para cumpri-lo em outro dia. Trabalhar doente é uma rotina habitual. "

"Sou da época do Santander, todos da minha época foram mandados embora outros sentiram-se tão pressionados que pediram a conta. Sou da área de financiamentos e também estou me sentindo pre ssionada, pois não estão me dando condições de bater metas e estão contratando novos operadores com salário superior e condições para bater meta. Não sei o que fazer. Sempre trabalhei de finais de semana e feriados para bater metas."

“Temos que engolir, após anos de doação à empresa, que somos inúteis. Hoje o que conta é vender, vender e vender. Não fomos contratados para ser vendedores."

“Há 20 anos sou bancária. Trabalhei no Real, que lamentavelmente virou Santander. Minha rotina se resume a reuniões massacrantes e ameaçadoras feitas por nosso gerente, que também é vitima de seu gerente regional. Tudo que fazemos é p ouco; parece até um saco sem fundo. Temos que fazer o cliente contratar seguros, do contrário, não podemos liberar nenhuma linha de crédito. E onde fica o Código de Defesa do Consumidor? É um caso de polícia. Tem cliente que está valendo mais morto do que vivo, de tanto seguro que tem. Temos que fazer o cliente contratar pacotes de serviços e somos obrigados a ir contra nossos princípios, pois sabemos muito bem que não é de livre e espontânea vontade aquela avalanche de débitos na conta do cliente. Quanto mais humilde, mais vulnerável ele fica. Fico envergonhada do meu trabalho. Onde estão nossos direitos de trabalhar dignamente? O que fizeram com nossa integridade moral? Os banqueiros são desumanos. Somos pobres bancários, vítimas dessas raposas.”

“Adoecemos sim. Tenho diversas tendinop atias (doenças nos tendões) e não as adquiri em casa. Só para ilustrar: já carreguei muitos malotes pesados com dinheiro e papéis. Separei caixas de relatórios para oitocentas agências envelopando e grampeando. Pergunta para Fenaban se grampear 800 vezes seguidas não é de adoecer?”

“O relato abaixo aconteceu no HSBC, que se diz um dos melhores bancos para se trabalhar. (Imagine então como são os outros). Ainda guardo comigo cópia destes e-mails, dos quais vou transcrever algumas linhas:
‘O gato subiu no telhado, cabeças vão rolar... Quem estiver na relação abaixo terá de vir à capital se justificar. E vou logo avisando, não vai ter hotel’, dizia o superintendente regional. Éramos colocados em uma salinha escura diant e do superintendente regional e o superintendente executivo. Isto aumentava a tensão e servia como castigo e exemplo para que outros ficassem com medo da tal reunião. Éramos expostos ao ridículo, contando detalhadamente cada caso e por que havíamos concedido crédito para determinado cliente que estava em atraso. A reunião geralmente acabava às 18h. Era um sacrifício para ir e voltar e ainda passava o dia todo sofrendo assédio moral. Isto me rendeu uma depressão. Fiquei afastado do trabalho por anos e sou dependente de vários medicamentos faixa preta. Minha esposa, quando me viu naquela situação, também entrou em depressão e perdeu um filho durante a gravidez. O HSBC destruiu nosso maior sonho. O problema de gestão que a Fenaban alega está na cúpula dos bancos, que treina seus executivos para utilizarem práticas nazistas e obter resultados fabulosos à custa, inclusive, de vidas.”

“O Santander está reduzindo o número de funcionários nas agências. Uma agência, que possuía quatro caixas atendendo corre o risco de ficar com apenas dois. Um já foi transferido. A agência ‘bomba’ de clientes e temos de escutar chacotas e insatisfações. Sem falar na área comercial, da falta de gerentes que não são repostos pelo banco. Informam que a agência perdeu a vaga. Os funcionários estão sobrecarregados, não tendo tempo de retornar as ligações aos clientes, de ter um bom atendimento. Mas temos de bater as metas abusivas que o Santander estipula. Estamos a ponto de pedir demissão, por não suportar a situação em que estão os funcionários oriundos do Real.”

“É importante vocês não esquecerem que bancário não é só quem está na agência. Por trás da agência existe uma gama enorme de pessoas trabalhando e sendo cobradas para que toda essa roda gire. Nos departamentos funcionários trabalham oito, dez, onze horas digitando, falando ao telefone, com o pescoço pendendo para o lado para segurar o fone e digitar ao mesmo tempo. Temos cobranças e mais cobranças e não temos reconhecimento; muitos funcionários ganham um salário baixo sob a alegação de que foram ‘incorporados à organização’, com salário diferente, que não dá para equiparar. Outro absurdo que acontece é quando o empregado é convocado para testemunhar a favor da empresa. Se não for é falta grave e ele pode perder seu emprego. E ainda te ensinam a mentir dizendo que você não pode mentir. Tenho mais de dez anos na área de financiamentos e vivo depressivo. Tenho muitas dores musculares nos ombros, região do pescoço, braços, punhos e coluna. As vistas enfraquecem devido ao tempo exposto diante do computador. Exigem curso superior, mas pergunte-me se consigo ir para a faculdade devido às horas a mais que tenho ficar trabalhando, o que piora ainda mais as dores que vão do pescoço e tomam todo o braço.”

“É um absurdo o caso dos funcionários que fazem banco de horas negativas para compensarem os sábados, sem direito ao vale-transporte e hora extra, pois no RH a jornada é de segunda a sexta-feira. Os funcionários trabalham mais de oito horas digitando o dia inteiro, só com intervalo para almoço. Esses funcionários, em pouco tempo, adquirem LER se afastando, apresentando atestados, adoecendo. Falta apoio para os pés já que alguns funcionários são de estatura baixa e necessitam do apoio. A equipe do crédito que trabalha de segunda à segunda com head-fones em péssimas condições com muito ruído. Digitam fichas por oito horas no dia e têm meta de análise que se não for cumprida, resulta em demissão.”

“Não recebemos adicional noturno quando trabalhamos após às 23h. Há funcionários que passam a noite trabalhando e para receber, às vezes, levam até três meses. Antes, é preciso da assinatura até do “papa”, comprovação de que isto está na CLT, de que é direito adquirido por lei.”

“Agora o BB e a Caixa querem se tornar um banco como os outros. Metas abusivas, o máximo de vendas casadas possíveis; quem se adaptar fica, quem não, está fora. Para o BB e a Caixa não existem mais escriturários e sim vendedores que, se possível, vendem até a mãe.”

“Podem chamar, a mim e muitos com o título de gerentes de módulos, de malabaristas do Banco do Brasil. Somos obrigados dar conta de atender dentro das agências para garantir o GAT, de realizar as vendas para cumprir as metas, fazer visitas aos clientes para buscar negócios e conferir os documentos da abertura da conta a formalização de contratos para cumprir o rating. E tudo isso tem que caber no horário de trabalho normal, pois hora extra é vista sob a ótica de ‘incontrole disciplinar’. As atividades não cabem dentro da jornada de trabalho. Com hora extra proibida, somos obrigados a mentir para os clientes, fazer venda casada, ouvir o cliente dizer ‘eu quero liquidar o meu empréstimo’ e temos que responder ‘olha, na agência não temos acesso ao seu saldo devedor. Preencha esse formulário e ven ha daqui a quinze dias que vamos lhe informar’. Tudo isso com o intuito de não deixar o crédito sair do banco. Aí temos que escolher de quem levar porrada: se do cliente, pois o gerente geral não vem para a frente de atendimento. Ou do gerente geral que cai de cima dizendo que não é pra liquidar empréstimo a qualquer custo. Enfim, é bonito o discurso sobre ética, respeito aos funcionários, clientes e a sociedade. Mas nos bastidores a realidade é outra, o funcionário dá graças a Deus quando chega a sexta-feira e começa sofrer no domingo à noite”.

“Infelizmente me sinto uma máquina trabalhando. Trabalho mais que o BDN (Bradesco Dia e Noite), às vezes sinto até inveja dele. Os bancos cada vez mais cortando funcionários enquanto a demanda de clientes só aumenta. É cruel entrar às 9h e sair mais de 17h40 sendo que fez só 15 minutos de almoço. O resto do tempo foi só atendendo uma fila imensa. E pára um pouco para você ver: é só reclamação. Tanto de gerente quanto de cliente. Se der diferença no final do dia você paga. ‘Quem mandou não prestar atenção’, dizem. Não somos máquinas.”

“Com certeza, além de nos explorarem, eles nos passam metas no início da semana. Se na metade fecharmos as metas eles nos passam o dobro para cumprirmos antes de findar a semana. Quando adoecemos ainda temos que ouvir piadas e chacotas. Como se fossemos obrigados a trabalhar doentes somente para não deixar o banco sem funcionários.”

“Realmente não há consideração nenhuma com o funcionário. O gerente, o superintendente tem metas para cumprir? Tem bônus pra receber? Quem sofre com isso são os analistas. Acho que a pressão na tecnologia é muito pior do que nas agências. Somos obrigados a virar noites. A ficar de plantão, caso algum sistema dê problema. Temos que dar conta de vários projetos ao mesmo tempo e mesmo que sinalizemos algum problema, a ordem é ‘se vira e implanta no prazo. Não quero saber de quem é o problema’. Temos um prazo e ele tem de ser cumprido, custe o que custar. Muitas vezes ao custo da saúde dos analistas.”

“Opa. Aí estão perguntas que todo bancário gostaria de responder com palavras ‘no popular’. Mas como sou educadinho, vou contar uma estória: Era uma vez um bancário que gostava do que fazia. Novinho de empresa que era, acreditava que o banco era uma empresa séria e justa. Um dia pediram para ele fazer um planejamento de metas participativo. Ele e seus coleguinhas se esforçaram e fizeram o trabalho. Um compromisso realizável e lucrativo para a empresa. Mandaram para seus chefes e uns dias depois receberam a resposta dos banqueiros. Os valores que eles podiam realizar foram aumentados em média 30% e, em alguns itens, 120%. E disseram que os bancários tinham assumido o compromisso de cumprir aquelas metas. Caso não cumprissem, perderiam suas gerências. E fim de papo. Depois de muitas dessas, o bancário ficou deprimido, doente e perdeu seu gosto pelo trabalho. Acho que a estorinha cabe bem na vida de muitos colegas de tão comum que é. Realmente banqueiro não sabe nada da vida de bancário.”

“Eu estou doente por causa do trabalho estressante na agência, com metas abusivas e acúmulo de serviços no caixa, tesouraria, além de cuidar dos terminais no auto-atendimento. Tenho LER/Dort e tendinopatia no ombro direito.”

“Infelizmente ser bancário hoje é tortura, sinônimo de doença. Tenho 21 anos de banco, o atual BB (antigo BNC). Estou afastada por tendinite e estamos trabalhando sem qualidade de vida, muita pressão. Os banqueiros estão acabando com nossa saúde, só pensam no lucro deles. Isso tem que mudar. Funcionário não é máquina não. Seria bom fazer um desafio e colocá-los um mês batendo de frente na rede de agências.”

“Como é trabalhar no call center de um banco? É torturante. Ouvimos o dia todo palavras de baixo calão e reclamações do banco, além do assédio moral por parte dos supervisores e metas extremamente abusivas. Os banqueiros acham que somos máquinas de fazer dinheiro para eles. Além de atendermos, ainda temos que vender e bater metas para eles poderem, nos finais de semana, andar de barco com suas famílias, ir ao exterior, fazer compras etc.”

“Vivemos sem apoio nenhum de nossos gestores pela inoperância dos sistemas que não são atualizados da forma como deveriam ser. Ao contrário disso, existe a cobrança exacerbada para as metas. Somos obrigados a vender tudo para todos, sem levar em questão a classe social e necessidade do cliente ao produto. Temos que at ender todas as ligações até o terceiro toque, não deixar nenhum cliente esperando e estar sorrindo o tempo inteiro. Além de seguir todas as questões institucionais que o banco nos pede. Impossível trabalhar dessa maneira.”

“Quero deixar meu testemunho de que estamos sendo tratados como se fôssemos incompetentes. Os gestores também estão sendo muito pressionados e com isso fazem muitas ameaças... as reuniões diárias são desestimulantes e tomam tempo... também não tem mais funcionários para atendimento ao público, gerando muita insatisfação e reclamação por parte dos clientes.”

“Este fato ocorreu há alguns anos e foi um dos piores momentos que já passei ao longo da minha carreira. Gerenciava uma equipe que conquistou uma campanha de vendas regional... antes da entrega da premiação, o diretor começou a "soltar os cachorros" devido aos resultados financeiros aquém do esperado (gerais, do ano anterior)... a tragédia n ão acabou naquela noite... alguns acabaram se desligando da empresa, e outros se afastaram por depressão (inclusive eu por um longo período onde estive à beira do suicídio e que causou grande desestruturação na minha família e o fim de muitos sonhos). Espero ter contribuído para que os representantes da Fenaban saibam o que acontece na vida real de quem realmente "trabalha" em banco. E que o assédio moral infelizmente é uma realidade absurda no nosso cotidiano. O responsável por todo este desastre ainda é diretor regional na instituição. Será que humilhação e assédio moral é um problema de "gestão" como eles dizem ou será que os executivos são treinados para utilizar esta metodologia e alcançar lucros cada vez mais astronômicos?”

“É lógico que o abuso em cobrar metas e o próprio estresse diário dos bancários devido ao número reduzido de funcionários nas agências acarretam mais e mais doenças aos mesmos. Por exemplo, os caixa s e atendentes. Trabalham sem parar por seis horas seguidas. É impossível não adoecer ou ficar com depressão. Se tivéssemos um número correto de funcionários nas agências e metas menos abusivas, certamente haveria muito menos afastamentos por doenças. Haveria mais funcionários satisfeitos e consequentemente melhor atendimento ao público.”

“Depois que o Santander, entrou parece que tudo piorou. As cobranças aumentaram, muitos colegas pediram para sair. Na agência onde trabalho eram oito funcionários e um estagiário, hoje somos seis e o estagiário vai sair. Como não ter problemas de saúde?”

“Tô no último de depressão e o nosso plano de Saúde Bradesco, nem pra pagar um psicólogo para nós. É só meta e mais metas.”

“Sou bancário há apenas dois anos, da CEF. Meu pai trabalhou por 30 anos no BB e sempre disse que o maior castigo seria se um filho dele virasse bancário. Não ouvi meu pai, achava que e ra exagero, mas vi que ele estava muito certo... sou o único funcionário do setor, não tenho função, faço duas horas extras por dia, mas mesmo assim, o volume de serviço só aumenta. Todos os setores são assim, agência pequena, poucos funcionários e o trabalho aumenta a cada dia. A cada dia me convenço mais que estudei muito para passar no concurso e não sou valorizado, só passo a existir quando a "meta" da agência é batida, daí vem o gerente dar aquele tapinha nas costas, mas quando não cumpro a meta o negócio é bem diferente. Será que um dia isso vai mudar?”

“O banco realmente não se interessa pela saúde de seus funcionários, no ano passado tive uma crise de estresse e precisei fazer um exame em uma sexta-feira... um gerente operacional não queria aceitar meu atestado dizendo que sexta-feira não é dia de ir ao médico, que funcionário tem de procurar médico que atenda no sábado.”

“Estou retornando de licença-m édica de síndrome do pânico e depressão por assédio moral no banco e foi solicitado pelo meu médico que fizessem mudança de função... o banco se recusou. Falaram que eu iria passar por uma reciclagem até assumir uma carteira e que seria de forma gradativa... não foi o que aconteceu. Estou tendo que entregar meta e bater 200% para fechar a meta geral.”

“Banqueiro quer ver o bancário como na época da escravidão. Trabalho, produção, metas. Quando adoecer, substitui por novos. Onde está a cidadania, o humanismo, qualidade de vida do ser humano?”

“5º dia útil. 10h a agência abre. Sinto como se uma manada de búfalos invadisse o local, tamanho o barulho e a agitação. O primeiro cliente senta. Sua senha está bloqueada. Pela trigésima vez cancelo suas letras, afinal ele já esqueceu a que foi impressa há cinco dias. Próximo! Quer empréstimo. Ótimo! Atualizo o cadastro. Vou até a mesa do gerente para que ele confirme a at ualização. Ali fico por uns 10 minutos, até que ele note a minha presença ou me dê a chance de falar o que preciso. Quando isso ocorre, ele atende meu pedido com olhar que significa: “Menina chata, de novo aqui pedindo coisas!” Volto ao cliente, mas seu empréstimo não é liberado, pois ele teve alguns atrasos no passado. Tento de tudo, mas sem sucesso... Próximo! Quer aumentar o limite do cartão. Faço o aumento. Vou até o gerente para deferir. Ele me diz: “O cliente comprou algum produto? Volte lá e ofereça uma Capitalização". Volto e ofereço. O cliente não quer, mesmo diante de todos os meus argumentos. Volto ao gerente, peço novamente para ele deferir o aumento de limite do cartão. “Mas ele fez a Capitalização?” Com o olhar enfurecido e relutante, após quase 30 minutos consigo que o limite seja liberado. Assim segue o dia. Entre ofertas de produtos e negativas de clientes, entre cobrança de metas dos superiores e entre olhares penetrantes c om um mix de ódio, estresse e cobrança. 16h. As portas se fecham. O gerente fala do resultado do dia e diz que precisamos fazer mais. Temos uma meta de 300 pacotes de tarifas e 50.000 de Capitalização para cumprir em três dias. Rio por dentro e me comprometo a fazer o meu melhor. Olho os caixas indo embora e volto à minha pilha de papel. Pendências acumuladas durante o dia que precisam ser resolvidas, independente de o ponto ter caído. Dia do pagamento. Olho meu holerite. Lágrimas escorrem!”

“Sou funcionário do BB e estou afastado desde novembro de 2003. Inicialmente com tendinites não reconhecidas como acidente de trabalho. Ao longo deste período desenvolvi além das tendinopatias crônicas, síndrome do túnel do carpo, pneumonia com sequela, problemas cardíacos com cinco procedimentos cirúrgicos e sem cura. Hoje só recebo pelo INSS por determinação judicial. Perdemos direitos como auxílio-alimentação e PLR no momento em que mais neces sitamos e estamos vulneráveis. Desenvolvemos uma série de problemas de saúde pelas dificuldades financeiras que nós e nossas famílias passamos pela perda dos direitos. É preciso conquistar esses direitos.”

"O próprio banco faz questão de colocar um bancário contra o outro. Metas abusivas, competição desigual, relacionamentos promíscuos - onde não basta ser bom de trabalho para conseguir um bom cargo, mas sim contatos subalternos para melhorar seus crescimento - Quem não compartilha dessa idéia fica à margem do ambiente bancário. Tudo isso gera doenças da alma que explodem no corpo. Nessa hora, o banco e seus algozes são os primeiros a se isentarem da responsabilidade na saúde do funcionário."

"Lamentável a posição destes representantes dos banqueiros que desconhecem o que acontece dentro de agências e departamentos. Até em momentos de negociação eles causam estresses desnecessários, fazendo pouco caso dos esforços d os bancários."