A violência, as falhas no sistema de saúde e a corrupção, na opinião dos
brasileiros, são os três maiores problemas do país atualmente, segundo
revelou uma pesquisa divulgada no fim de dezembro pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Cerca de 3,7 mil pessoas foram
entrevistadas. A segurança foi apontada por 23% das pessoas ouvidas como
o maior problema. Depois veio a saúde, com 22,3%, e a corrupção, 13,7%.
Na lista aparecem ainda o desemprego (12,4%), a educação (8%), a
pobreza (6,1%) e as desigualdades (5,8%).
O professor Gustavo Venturi, do departamento de sociologia da
Universidade de São Paulo (USP), chama atenção para o fato da lista das
prioridades nacionais se reciclar periodicamente. “Se nós voltarmos às
eleições de 2002, por exemplo, o desemprego era o tema principal das
campanhas presidenciais e disputava com a segurança. Hoje, há uma
mudança em função do aquecimento da economia e da formalização do
emprego que coloca o problema mais para trás na fila”, disse.
Mas a percepção da população sobre quais são os problemas mais graves do
país variam muito de acordo com a idade, renda e região. Os sulistas
são os mais preocupados com a corrupção. No Norte e no Nordeste, a
violência é apontada como o problema mais grave. No Sudeste e no
Centro-Oeste, a saúde aparece no topo da lista dos maiores problemas.
Também há diferenças na opinião de ricos e pobres sobre quais são as
questões mais urgentes. Nas famílias com renda per capita mensal até um
quarto de um salário mínimo, 23,7% avaliam que o acesso à saúde é o
problema mais grave, seguido pela violência (22,6%) e o desemprego
(18,4%).
“A saúde está um caos, falta investimento e mais gente trabalhando. Eu,
graças a Deus, não preciso muito usar a rede pública porque Deus me dá
saúde”, declarou Francisco das Chagas, 46 anos, ambulante. Cícera Gomes,
31 anos, está desemprega. Moradora do entorno de Brasília, ela acha que
a falta de saneamento básico é um problema grave. “Eu moro em Luziânia e
a estrutura é péssima, estou lá há 12 anos e nada foi feito. E ainda
tem a violência. A gente não está seguro em lugar nenhum. Temos que
cobrar do governo poque a gente paga nossos impostos e o mínimo que eles
têm que fazer é cumprirem o que prometem”, disse.
Já entre as pessoas cuja renda familiar per capita é superior a cinco
salários mínimos, 27,8% concordam que o problema mais grave é a
corrupção, 26% acham que é a saúde e 17,7% acreditam que é a violência.
Apenas 1,7% dos mais ricos acham que a falta de emprego é um problema
importante no Brasil. “Os principais problemas são a saúde e a educação.
Acho que se acabasse com a corrupção melhoraria e muito também outras
áreas. Porque as verbas são desviadas e aí os professores não são
valorizados, nem os profissionais de saúde”, declarou a enfermeira Rita
de Cássia, 48 anos.
Venturi explicou que cada grupo tende a avaliar a situação a partir de
sua própria realidade, e existe uma diferença de “agenda” entre as
camadas da população. “A vida das pessoas mudou em termos objetivos nos
últimos anos. Nós tivemos milhões de pessoas que ascenderam socialmente e
essa mudança na condição de vida delas soa muito mais alto do que
qualquer discussão mais subjetiva, como a da corrupção. As camadas de
maior renda, precisando menos de um Estado forte e atuante, vão ser mais
sensíveis a essa discussão”, avalia o sociólogo.
No grupo com renda mais alta, 16,8% acham que a educação é um problema
importante, enquanto entre os mais pobres apenas 5,9% concordam com a
assertiva. A diferença é que o primeiro grupo tende a analisar a questão
da educação pelo ponto de vista do acesso, enquanto o outro considera
de forma mais crítica o fator da qualidade. “As camadas populares antes
não tinham acesso à educação, por isso tem um grau de exigência menor.
São pais que não tiveram acesso à escola e agora veem que o ensino
superior está no horizonte dos seus filhos. Por outro lado, a conclusão
dos estudos em diferentes níveis não é suficiente para garantir
colocação no mercado diante de uma economia aquecida. A discussão da
qualidade da educação sensibiliza mais as camadas mais altas”, aponta
Venturi.
De acordo com o estudo do Ipea, a população mais jovem é a que mais se
preocupa com a questão do desemprego, da educação e das desigualdades
sociais. Já para os adultos, o maior problema é a saúde. Os idosos são
aqueles que mais se importam com a violência e a corrupção. “O governo
tem que ouvir mais a população para saber quais são os principais
problemas que a gente enfrenta. Um governo que não ouve a população não
pode saber o que ela passa”, defende a estudante Juliana Amorim, 26
anos.
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A violência, as falhas no sistema de saúde e a corrupção, na opinião dos
brasileiros, são os três maiores problemas do país atualmente, segundo
revelou uma pesquisa divulgada no fim de dezembro pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Cerca de 3,7 mil pessoas foram
entrevistadas. A segurança foi apontada por 23% das pessoas ouvidas como
o maior problema. Depois veio a saúde, com 22,3%, e a corrupção, 13,7%.
Na lista aparecem ainda o desemprego (12,4%), a educação (8%), a
pobreza (6,1%) e as desigualdades (5,8%).
O professor Gustavo Venturi, do departamento de sociologia da
Universidade de São Paulo (USP), chama atenção para o fato da lista das
prioridades nacionais se reciclar periodicamente. “Se nós voltarmos às
eleições de 2002, por exemplo, o desemprego era o tema principal das
campanhas presidenciais e disputava com a segurança. Hoje, há uma
mudança em função do aquecimento da economia e da formalização do
emprego que coloca o problema mais para trás na fila”, disse.
Mas a percepção da população sobre quais são os problemas mais graves do
país variam muito de acordo com a idade, renda e região. Os sulistas
são os mais preocupados com a corrupção. No Norte e no Nordeste, a
violência é apontada como o problema mais grave. No Sudeste e no
Centro-Oeste, a saúde aparece no topo da lista dos maiores problemas.
Também há diferenças na opinião de ricos e pobres sobre quais são as
questões mais urgentes. Nas famílias com renda per capita mensal até um
quarto de um salário mínimo, 23,7% avaliam que o acesso à saúde é o
problema mais grave, seguido pela violência (22,6%) e o desemprego
(18,4%).
“A saúde está um caos, falta investimento e mais gente trabalhando. Eu,
graças a Deus, não preciso muito usar a rede pública porque Deus me dá
saúde”, declarou Francisco das Chagas, 46 anos, ambulante. Cícera Gomes,
31 anos, está desemprega. Moradora do entorno de Brasília, ela acha que
a falta de saneamento básico é um problema grave. “Eu moro em Luziânia e
a estrutura é péssima, estou lá há 12 anos e nada foi feito. E ainda
tem a violência. A gente não está seguro em lugar nenhum. Temos que
cobrar do governo poque a gente paga nossos impostos e o mínimo que eles
têm que fazer é cumprirem o que prometem”, disse.
Já entre as pessoas cuja renda familiar per capita é superior a cinco
salários mínimos, 27,8% concordam que o problema mais grave é a
corrupção, 26% acham que é a saúde e 17,7% acreditam que é a violência.
Apenas 1,7% dos mais ricos acham que a falta de emprego é um problema
importante no Brasil. “Os principais problemas são a saúde e a educação.
Acho que se acabasse com a corrupção melhoraria e muito também outras
áreas. Porque as verbas são desviadas e aí os professores não são
valorizados, nem os profissionais de saúde”, declarou a enfermeira Rita
de Cássia, 48 anos.
Venturi explicou que cada grupo tende a avaliar a situação a partir de
sua própria realidade, e existe uma diferença de “agenda” entre as
camadas da população. “A vida das pessoas mudou em termos objetivos nos
últimos anos. Nós tivemos milhões de pessoas que ascenderam socialmente e
essa mudança na condição de vida delas soa muito mais alto do que
qualquer discussão mais subjetiva, como a da corrupção. As camadas de
maior renda, precisando menos de um Estado forte e atuante, vão ser mais
sensíveis a essa discussão”, avalia o sociólogo.
No grupo com renda mais alta, 16,8% acham que a educação é um problema
importante, enquanto entre os mais pobres apenas 5,9% concordam com a
assertiva. A diferença é que o primeiro grupo tende a analisar a questão
da educação pelo ponto de vista do acesso, enquanto o outro considera
de forma mais crítica o fator da qualidade. “As camadas populares antes
não tinham acesso à educação, por isso tem um grau de exigência menor.
São pais que não tiveram acesso à escola e agora veem que o ensino
superior está no horizonte dos seus filhos. Por outro lado, a conclusão
dos estudos em diferentes níveis não é suficiente para garantir
colocação no mercado diante de uma economia aquecida. A discussão da
qualidade da educação sensibiliza mais as camadas mais altas”, aponta
Venturi.
De acordo com o estudo do Ipea, a população mais jovem é a que mais se
preocupa com a questão do desemprego, da educação e das desigualdades
sociais. Já para os adultos, o maior problema é a saúde. Os idosos são
aqueles que mais se importam com a violência e a corrupção. “O governo
tem que ouvir mais a população para saber quais são os principais
problemas que a gente enfrenta. Um governo que não ouve a população não
pode saber o que ela passa”, defende a estudante Juliana Amorim, 26
anos.
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